Assim como estrutura do imóvel, a rede elétrica também merece cuidados especiais para evitar problemas futuros
Durante esse período do ano, é comum uma parte da população aproveitar o pagamento do 13º salário para realizar reformas ou melhorias na casa. Em meio à pintura de paredes e restauração de telhado e mesmo diante da compra de móvel ou eletrodoméstico, a condição das instalações elétricas nem sempre tem a atenção necessária, muitas vezes por estarem dentro das paredes ou sobre o forro.
Com a falta de cuidado, alguns problemas acabam surgindo com o tempo. O desgaste natural dos cabos pode provocar fuga de energia elétrica, elevando o valor da conta da luz e, no limite, aumentando o risco de curtos-circuitos e até incêndios. No Brasil, o uso de tomadas antigas e fora do padrão vigente, com espelhos deteriorados e expondo a fiação para o contato indevido de crianças e animais, é cada vez mais comum.
Em apartamentos e casas construídos há muito tempo, a fiação elétrica pode tornar-se defasada, seja pelo fato de fios e cabos usados terem sido feitos com produtos e tecnologias ultrapassadas, seja pelo fato da residência não ter sido planejada para suportar os novos equipamentos da vida moderna, como ar-condicionado, micro-ondas, computadores, celulares, tablets e outros. Por esse motivo, é muito importante identificar a hora certa de substituir a fiação.
Com nove anos de experiência, o eletricista Fábio Lúcio Schneider aponta os erros mais recorrentes entre a população. “Na maioria das vezes, as pessoas utilizam muitos equipamentos ligados em uma única tomada, o que caba pesando sobre o adaptador utilizado e, consequentemente, levando ao seu derretimento”, diz o eletricista. “A fiação dos chuveiros é outra preocupação, já que alguns consumidores não respeitam as adaptações necessárias conforme a norma vigente de potência”, acrescenta.

O sargento Ângelo de Lima Justo, do Corpo de Bombeiros, explica que, apesar de pouca incidência, a corporação atende a ocorrências de incêndios possivelmente provocados por sobrecarga da fiação elétrica. “Não temos um número exato, já que confirmar a causa de um incêndio é da área da criminalística. Contudo, em alguns casos, as pessoas falam de suspeitas e apontam para essa questão”, diz o sargento.
Com o intuito de evitar esse tipo de problema e trabalhar a conscientização da população, o sargento ressalta que a orientação às crianças é imprescindível. “Com esse objetivo, desenvolvemos palestras dentro das escolas, destacando a importância de cuidados básicos, como não usar tomadas mal instadas, velas dentro de casa, entre outras situações que as colocam elas em risco”, observa o sargento.
A gambiarra pode ficar cara
Mesmo envolvendo altos riscos, é comum as pessoas realizarem serviços elétricos por conta própria, dispensando a ajuda de um profissional. “A consequência pode variar de um aumento na conta de luz, curtos-circuitos, incêndios e até morte por choque elétrico”, alerta Fábio Lúcio Schneider.
De acordo com o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica 2018, da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), o número de mortes por choques elétricos aumentou em 2017 – de 599 em 2016 para 627. Conforme os dados, são praticamente duas mortes por dia em acidentes que poderiam ter sido evitados, em 90% dos casos, com um pouco mais de conhecimento e informação.
“O mais indicado é chamar um profissional habilitado para realizar qualquer serviço na área elétrica, por mais simples que pareça. A falta de experiência pode ter consequências graves e gerar mais transtorno”, completa o eletricista.
Dicas de segurança
A Campanha Chega de Choque, promovida pela Rio Grande Energia (RGE), traz algumas dicas de segurança que ajudam a proteger as residências:
– Fios descascados, amassados ou com corrosão na capa isolante devem ser imediatamente substituídos;
– fique atento à temperatura dos fios dos aparelhos. Se eles ficarem muito aquecidos durante o uso, chame um técnico eletricista;
– não realize ligações de novas tomadas, disjuntores ou faça qualquer adaptação na instalação. Sempre que for necessário, conte com o trabalho de um profissional;
– nunca ligue um fio diretamente na tomada ou desligue aparelhos puxando-os pelo fio;
– nunca use ‘benjamins’ para ligar mais de um aparelho na mesma tomada. Ligue apenas um aparelho por tomada;
– as tomadas, disjuntores e aparelhos elétricos devem ficar distantes de pias, torneiras ou de outros locais onde há água. Se isso não for possível, tome cuidado para que os equipamentos não entrem em contato com líquidos;
– não utilize aparelhos elétricos durante o banho, como barbeador;
– quando ocorre o desarmamento de disjuntores com frequência, ou queima constante de fusíveis, é sinal de que a instalação elétrica da sua casa está sobrecarregada. Neste caso, chame um eletricista para verificar a fiação;
– nunca coloque arames ou moedas no lugar de fusíveis;
– se for viajar, desligue todos os aparelhos eletrônicos das tomadas;
– quando for trocar uma lâmpada ou o chuveiro, desligue disjuntores e a chave geral. Além disso, não toque na parte metálica da lâmpada;
– não deixe cortinas ou tapetes sobre os fios elétricos para evitar um incêndio em caso de curto-circuito;
– nunca deixe o carregador do celular ligado na tomada sem o celular.
– choques ao tocar no registro do chuveiro elétrico ou na porta da geladeira são indícios de que a rede elétrica está com problemas;
– caso sinta cheiro de queimado, fumaça ou cabo derretido, chame imediatamente um técnico eletricista;
– opte por instalar o novo padrão de tomada, com entrada para três pinos. Ao instalar o novo padrão, contrate um profissional para realizar o aterramento da tomada, o que trará mais segurança para os equipamentos;
– compre materiais elétricos com selo do Inmetro, o que garante que são produtos testados e de boa qualidade;
– antes de comprar novas tomadas para a residência, verifique a amperagem dos interruptores dos eletrodomésticos. Alguns modelos de micro-ondas, secador de cabelo e fogão usam tomadas de 20 ampères por demandarem mais energia;
– use protetores nas tomadas que não estiverem sendo utilizadas, isto evita que crianças insiram materiais dentro das tomadas;
– revise toda a fiação da sua casa a cada cinco anos como precaução.