
Inconformado com a realidade vivida na estrada Rui Ataíde P. de Vargas, a estrada do Passo do Manduca, um grupo de moradores arregaçou as mangas e realizou a limpeza das margens da via. O local virou depósito de entulhos e materiais não reutilizáveis depositados ali por catadores e outras pessoas. A ação ocorrida na tarde de terça-feira, dia 5, foi a primeira de uma série de atividades que o grupo planeja.
A professora Taís Lopes, 37 anos, contou que, com a pandemia, sua família está passando mais tempo na chácara do seu sogro em Passo do Manduca e, com isso, pode observar nitidamente o aumento dos entulhos e outros objetos descartados irregularmente no local. “A gente vê carroceiros e até pessoas em carros (descartando lixo). As pessoas acham que tirando o lixo da sua casa ele desaparece”, criticou. Para conscientizar a comunidade, a professora, junto com demais voluntários, prepara placas e também pretende realizar o plantio de flores ou folhagens nos principais pontos de descarte incorreto para coibir que novos rejeitos sejam jogados ao longo da via. Além disso, o grupo também criou um perfil no Instagram (@est.manduca) para mostrar o desenvolvimento das ações.

Proprietário de uma chácara na localidade, o aposentado José Selomar Antunes Carneiro, 61 anos, participou da ação. Ele relatou que a situação é uma constante e que, inclusive, já foi ameaçado ao alertar um catador que ele não deveria descartar lixo na margem da estrada. “Sobe a água e (esse lixo) vai nas casas e para o rio”, apontou. Para evitar o descarte incorreto, o aposentado cobra providências da Prefeitura. Carneiro disse que já houve casos em que ele acionou a fiscalização municipal, mas não houve agilidade por parte do órgão. Por outro lado, o grupo elogiou a Prefeitura por, através da secretaria municipal de Viação e Serviços Urbanos, se disponibilizar a recolher os resíduos juntados pelos voluntários.
descarte dificulta fiscalização, diz Prefeitura

A Prefeitura, por meio da secretaria municipal de Meio Ambiente (SMMA), afirmou que, sempre que ocorre um descarte, o tempo de operação é mínimo. “O contraventor geralmente é um carroceiro ou um caçambeiro. Como sabem do risco de serem pegos, eles fazem este descarte em momentos atípicos”.
De acordo com a SMMA, não é usual que denúncias de descarte irregular sejam feitas em tempo real. A pasta reforçou que a prática configura crime e que, no caso da estrada do Passo do Manduca, foram instaladas placas de proibição de descarte de resíduos em Áreas de Preservação Permanente (APP) juntamente com o número da lei. Em sua resposta, a pasta salientou, ainda, que uma vez feito o descarte irregular é muito difícil encontrar o responsável pelo crime.
A SMMA informou, ainda, estar ciente da situação da estrada do Passo do Manduca e que regularmente solicita o recolhimento de resíduos na via. “As denúncias são fundamentais para evoluirmos demandas como estas”, salientou o órgão. Denúncias de descarte incorreto podem ser feitas através da Ouvidoria da Prefeitura, por meio do telefone 3649-8290, ou diretamente com a SMMA, pelos números 3649-1829 e 3649-5678.