Há menos de um quilômetro de distância do Centro de Montenegro, na extensão da rua Apolinário de Moraes, no bairro Santo Antônio, mora dona Maria de Lurdes de Àvila, 59 anos. Apesar de residir tão perto do Centro da cidade, a realidade vivenciada pelos moradores locais é difícil. Sem a rede de água da Corsan na extensão da rua, quem mora ali tem que se virar como pode e conviver com a constante falta de água.
Quando passou a residir no local, há cerca de 20 anos, dona Maria de Lurdes diz que já existia a escassez hídrica, que só piorou ao longo dos anos. A alternativa encontrada pelos moradores foi perfurar poços artesianos, mas muitos deles não apresentam vazão de água suficiente. Na casa de dona Maria de Lurdes, a solução para amenizar o problema tem sido a utilização da água da chuva e até do ar condicionado. “Nós pegamos água da chuva e armazenamos no galão. Também pegamos água do ar condicionado pra colocar no vaso sanitário. Lavar roupa e a casa nós só lavamos com água da chuva”, conta a moradora.
Mas a maior dificuldade, segundo dona Maria de Lurdes, é para tomar banho. Com seis pessoas morando na casa, a tarefa tem sido um desafio diário. “Aqui mora eu, meu esposo e minha guria com três crianças. Esses dias estavam todos sem tomar banho, porque não tinha água. Meu marido chega do serviço todo sujo e não tem água pra tomar banho, é complicado”, afirma a moradora.
A estiagem também é algo que tem afetado os moradores, que tem a água da
chuva como uma das poucas fontes de abastecimento. Quando não chove, a saída é se virar como dá. Na casa de dona Maria de Lurdes a alternativa é o marido, seu Adão, que traz água da empresa onde trabalha com litros de garrafa pet.
A moradora conta que a comunidade já buscou ajuda da Prefeitura e da Corsan para extensão da rede de água até o local, mas não teve uma resposta positiva. “Nós já tentamos, pedimos várias vezes, mas não adiantou de nada. Eles alegam que não temos escritura nos terrenos. Mas se tem luz, como que não podem colocar água? Há muitas vilas aqui que também não têm escritura e têm água, isso é um direito básico. Não entendo porque só aqui não podem colocar água”, questiona dona Maria de Lurdes.
O que diz a Prefeitura
O secretário de Viação e Serviços Urbanos, Neri de Melo Pena, o Cabelo, disse que a pasta ainda não tinha conhecimento do problema relatado pelos moradores. Conforme o secretário, os lotes no local são irregulares, o que dificulta a extensão da rede de água da Corsan. Segundo Cabelo, a situação das famílias vai ser avaliada em conjunto com a secretaria de Planejamento.