Montenegro “mãe de todos”: 148 anos acolhendo filhos de outras cidades

DIZEM que quem bebe da água do Caí nunca mais quer sair daqui

Um bebê quando nasce não tem como escolher a cidade onde verá pela primeira vez, fora do ventre de sua mãe, a luz. Já os adultos têm inúmeras possibilidades de escolha de locais para morar. Sendo assim, o que será que Montenegro tem de diferente que atrai a atenção de tanta gente de fora? Será seu povo acolhedor? As oportunidades de trabalho na indústria ou na área rural? Cada homem e mulher que aqui decidiu viver tem sua própria opinião sobre este assunto.

Para os nativos, “quem bebe da água do Rio Caí nunca mais quer ir embora”. A aposentada Joselia Pires, de 54 anos, está entre os “filhos” adotivos da Cidade, que daqui não pretendem mais sair. “Não me imagino morando em outro lugar”, diz Jô, como é chamada pelos amigos que fez em Montenegro – e olha que não são poucos.

O aniversário do Município é nesta quarta-feira, dia 5, mas, já no dia 30 de abril, Joselia começou a homenagear a cidade em seu perfil no Facebook. Ao postar fotos de cartões postais, como o Porto das Laranjeiras, ela tenta retribuir a acolhida que a Cidade lhe deu desde que resolveu vir morar aqui, há 13 anos.

Joselia com os filhos Oseias e Elis, junto às netas Valentina e Helena Vitória

Natural de Alegrete, Jô morou em Chapecó e Santa Cruz do Sul, contudo, somente a Cidade das Artes a cativou de vez. “No primeiro lugar que levei meu currículo já fui chamada. Larguei na sexta-feira de tarde e na segunda-feira já estava trabalhando. As pessoas daqui são muito queridas e é perto de tantas outras cidades”, justifica a escolha.

Joselia veio morar em Montenegro com os dois filhos, Oseias leão e Elis Pires. Com o passar dos anos a família foi crescendo e agora ela tem duas netinhas, a Valentina, de 4 anos, e a Helena Vitória, de um aninho, ambas montenegrinas, por escolha dos pais.

Uma visita que já dura 14 anos
Em março de 2007, o Tecnólogo em redes Leandro Pires, de 36 anos, veio de São Gabriel, na região da Fronteira Oeste do Estado, a Montenegro para rever amigos que haviam deixado a Terra dos Marechais para aqui se instalar. “Minha estadia aqui era para ser de no máximo 20 dias, e cá estou há 14 anos. Passeando pelas ruas do Centro de Montenegro gostei muito do clima”, recorda Leandro.

Para viver aqui, Leandro teve de abrir mão do convívio com a família. “Ainda hoje isso é o que mais pesa, mas como não conseguimos ter tudo na vida, eu sei que eles entendem que fiz isso para ter um crescimento profissional que lá eu não teria”, acrescenta.

Voltar para São Gabriel não está nos planos do rapaz. “Montenegro é uma terra muito promissora e pretendo ficar aqui até quando meus serviços forem úteis para empresas ou para cidade, embora estejamos passando por tempos nebulosos tenho a plena certeza que os dias de sol estão prestes a chegar”, pontua o montenegrino de coração.

Um bom lugar para viver
Em maio de 2010, quando Montenegro celebrava seus 137 anos, a jornalista Juciele Paz, 38, chegava por aqui, vinda de Rio Pardo, para trabalhar no Jornal Ibiá. O marido André Pereira, 35, mudou-se para cá em no mês seguinte e a, na época pequena, filha do casal, Eduarda Paz, veio em julho, depois dos pais conseguirem vaga na escola e organizarem a mudança.

A família de Juciele Paz (ao centro) sentiu-se acolhida na Cidade das Artes e daqui não saiu mais

Não foi fácil deixar para trás o apoio da família para residir em um município desconhecido, principalmente para a menina, devido ao apego com os avós. Mas a família buscava se estruturar e concretizar sonhos. “Era só nós três e Deus”, diz Juciele. André conseguiu trabalho já na primeira entrevista de emprego, e só saiu da empresa para trabalhar na fábrica em que, no mês de junho, completará 10 anos de atividade. Nesse período, Juciele teve outras experiências profissionais, virou servidora concursada, exercendo a função de jornalista na TV Cultura do Vale, canal de concessão da Fundação Municipal de Artes de Montenegro (Fundarte), e atualmente é assessora de comunicação da Câmara Municipal de Vereadores.

A vida do casal mudou muito, eles conquistaram imóvel próprio e realizaram sonhos com o esforço do trabalho realizado em prol da comunidade local. Eduarda se adaptou à Cidade e é aqui que irá comemorar seus 15 anos, neste mês de junho.

A mãe fala em nome da família. “Em três meses morando aqui já estávamos adaptados. Hoje, quando vamos passar o final de semana em Rio Pardo, com nossa família, no domingo já estamos loucos para voltar pra casa. A nossa vida é aqui”, conclui.

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