Pantufas doadas aos velhinhos aquecem também corações
Mesmo já morando em outro estado, lá em Ibiporã, no Paraná, Rosane Pereira, 54, continua cultivando o amor por sua terra natal, Montenegro. Ela decidiu realizar uma linda ação aos avós do Lar Sagrada Família mesmo sem conhecer nenhum deles. Confeccionou, por conta própria, 35 pares de pantufas e meias, aquecendo os pés e o coração de muitos velhinhos nesse momento delicado em que vivemos.
Em Montenegro, ainda residem alguns dos parentes de Rosane, assim, o desejo era de vir realizar a entrega pessoalmente à casa de repouso e já rever os familiares. Contudo, o momento de pandemia é de extremo cuidado e a vinda teve que ser adiada. Mesmo assim, na semana do Dia das Mães, as pantufinhas e meias chegaram por correio junto de muito amor.
Gratidão
A irmã Maria Alice da Silva entrou em contato com o Ibiá muito grata e feliz com a ação realizada por Rosane. “Confesso que estes gestos aquecem não só os pés, mas, sobretudo o coração. É bom saber que o universo está cheio de pessoas boas e que elas tem atitudes que fazem a diferença. Não importa para quem, o que importa é fazer o bem”, pontua.
Maria conta que os avós de modo geral ficaram surpresos e muito agradecidos. “Queriam saber quem teve essa ideia maravilhosa, então falamos que foi a Rosane. Depois, pediram para que a gente manifestasse o agradecimento. Eles falavam “que bonito”, “que quentinho”, “deus abençoe””.
Sonho de menina realizado
A história começou quando Rosane ainda morava em Montenegro. Ela conta que aqui sempre passava pelo Asilo do Morro, nome antigo do Lar Sagrada Família, e que desde muito nova, antes da sua maioridade, tinha o sonho de auxiliar de alguma maneira. Por isso o Lar, para Rosane, tem um valor especial. “Não conheço nenhum dos idosos de lá, a não ser por fotos no Facebook. Até hoje, não tive nenhum parente ou conhecido lá, mas sempre gostei de passar em frente ao Lar”, pontua.
Rosane, entre as mudanças da vida, levou o sonho consigo para Uruguaiana, onde residiu por cerca de dois anos e por fim, para Ibiporã. Ela conta que o desejo nunca foi esquecido, mas que não tinha condições de colocá-lo em prática. “Eu não tinha condições financeiras para comprar os materiais. Casei e durante algumas décadas continuei não tendo condições ou tempo. Hoje, tenho como comprar e também tempo para fazer, assim, achei que era a hora de deixar outros projetos à espera e finalizar esse sonho de menina”, afirma.
Ela conta, ainda, que por muito tempo buscou grupos montenegrinos que confeccionassem mantas, meias ou pantufas, mas não obteve sucesso. Assim, decidiu que seguiria sozinha. Rosane confeccionou tudo a mão, mas não soube dizer o tempo que levou para finalizar. “É difícil falar, vou fazendo nos horários que consigo. Adoro tudo no artesanato, tricô e chochê, então, amo fazer”.