Marina Klink: “Não existe jogar fora, o fora é aqui”

Meio Ambiente. Fotógrafa Marina Klink relatou suas experiências e conversou com colaboradores da Braskem

Para abrir as atividades de sua Semana do Meio Ambiente, a Braskem convidou para uma palestra na manhã de ontem a fotógrafa Marina Klink. Esposa do explorador Amyr Klink, ela tem no currículo diversas viagens pela Antártica e, através de suas experiências, percebeu a importância de conscientizar ambientalmente a sociedade. Assim, relatando passagens importantes de sua vida e conversando com colaboradores e convidados, Marina passou uma mensagem de que é preciso se preocupar com toda a cadeia do lixo e da importância que nossas ações têm.
“Através das viagens que eu faço a destinos incomuns passei a observar elementos estranhos nos lugares aonde eu ia”, relatou Marina. “Comecei a fazer uma coletânea de informações e ter um olhar mais treinado para ver coisas que não fazem parte do ecossistema”, complementou. A fotógrafa destacou ainda que mesmo viajando a lugares poucos explorados, embalagens descartadas podem ser encontradas. O impacto disso se torna ainda maior quando, no telão onde passa os slides da palestra, aparece a imagem (clicada por ela) de um peixe nadando no mar com uma sacola presa a uma nadadeira.
A palestrante também provocou os espectadores a pensar sobre o que é colocar algo no lixo. “Você não pode abrir uma lata (de lixo), jogar (algo) dentro e achar que ela está no lixo”, comentou. Na visão dela, é utópico pensar que isso é uma realidade, uma vez que esse resíduo passará por toda uma cadeia onde o primeiro passo é dar o descarte correto. “Não existe ‘jogar fora’, o fora é aqui”, alertou. Citando o astrofísico Hubert Reeves — que diz que o homem é a mais insana das espécies por adorar um Deus invisível e destruir a natureza visível sem saber que essa natureza que ele está destruindo é o Deus que ele está adorando — a fotógrafa analisou que não “jogamos fora” o lixo, apenas o trocamos de lugar e isso tem consequências.
“Não sou professora, pesquisadora ou cientista e nem trabalho em usinas de reciclagem. Eu procuro trazer atenção das pessoas comuns, como eu e você, para o cuidado com seus resíduos”, afirmou. Ela faz isso através de exemplos muito práticos, mostrando paisagens e animais que vivem em lugares bastante distantes dos centros urbanos e que ainda recebem um impacto de uma civilização distante. “Por isso é importante que a gente tenha o cuidado com os nossos descartes no começo, meio e fim”, reforçou a fotógrafa.

Foto em família num iceberg traz boas lembranças para Marina
foto: Marina Klink

Retomar conexão com a natureza é missão
Um dos momentos mais marcantes da vida de Marina foi durante a sua primeira viagem até o continente polar. O deslocamento até a Antártica aconteceu em um navio russo que foi até o extremo mais frio do planeta levar mantimentos para bases de pesquisa. Animado pelo bom tempo, o capitão da embarcação resolveu ir além de seu destino e Marina conseguiu convencê-lo a ir de bote até a terra. No retorno, a fotógrafa e tripulantes do bote foram surpreendidos por uma baleia jubarte. O animal chegou tão perto do barco que Marina pode tocá-lo num contato classificado por ela como “rápido e intenso”.
O vínculo que a palestrante sentiu ao colocar a mão na gelada pele do mamífero é algo que ela quer passar adiante. “A conexão faz com que as pessoas respeitem o meio ambiente”, afirmou. Marina entende que o ser humano se distanciou da natureza, que já foi muito importante para sua sobrevivência e que foi esquecida após a industrialização. “A responsabilidade do adulto é fazer com que a nova geração se conecte novamente aos valores que realmente importam, porque isso aqui (o planeta) é uma casa”, disse.
A fotógrafa acredita que falta as pessoas das grandes cidades entenderem o planeta como sua própria casa. “Quando você faz uma viagem e está, por exemplo, acampado em uma montanha, você enxerga aquela montanha como a sua casa e é isso que falta para as pessoas dos grandes centros urbanos”, explicou. No entender dela, seu trabalho é uma gota no oceano, mas que pode fazer a diferença. Por isso ela continuará levando adiante a mensagem de que é preciso ficar atento aos descartes e aos sinais que o planeta nos dá.

Veleiro Paratii 2 faz parte das aventuras em família
foto: Marina Klink

Uma vida de aventura e aprendizado
O auditório lotado da UNIB 2 também acompanhou um pouco da história de vida de Marina. Ela contou que ainda antes dos 18 anos começou a velejar. Apesar de gostar de Ciências Biológicas, acabou formando-se na área de Comunicação e foi através dela que conheceu o marido, Amyr Klink. Após casada, teve as gêmeas Laura e Tamara. Depois veio a caçula, Marina Helena.
Quando a filha mais nova fez seis anos, a família partiu para uma aventura a bordo do veleiro Paratii 2 e foi conhecer a Antártica. Nesta aventura ela viveu diversos momentos memoráveis, como o dia no qual ouviu um “Desce daí, Marina, tuas fotos não servem para nada” do marido, quando estava no alto dos 33 metros de um dos mastros da embarcação. Após a forte crítica, mostrou que seu trabalho tinha valor e já publicou dois livros de fotografia. “Não consegui levar todas as crianças para a Antártica, mas levei a Antártica para as escolas”, comentou com um sorriso.
A aventura em família, além da vivência única, também resultou no livro Férias na Antártica, publicado pelas suas filhas, que também apresentam palestras. Amyr, como o restante da família, também é palestrante e já publicou livros.

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