Quem passou pela esquina da Ramiro Barcelos com a Osvaldo Aranha, no Centro, esta semana, deve ter notado a presença de um malabarista, apresentando-se na sinaleira. É só dar o sinal vermelho que lá está ele, maquiado e com sua roupa cheia de estrelas, jogando seus malabares para alegrar os motoristas. De vez em quando, algum cidadão caridoso lhe oferece algumas moedas pelo entretenimento. E, assim, ele segue durante todo o dia.
Seu nome é Vanderlei Quevedo. Natural do município de Progresso e morador de Guaporé, ele veio para Montenegro no início da semana, por necessidade. Seu tio “do coração” está doente e isso motivou a vinda de ambos para a casa de um primo montenegrino, pelo município ser mais próximo de Porto Alegre. É na capital gaúcha que ficam os recursos para o tratamento dele, que já é idoso.
“Cheguei sem dinheiro, então tive que trabalhar um pouquinho”, conta Vanderlei. O primeiro dia de trabalho foi investido na compra da maquiagem, que, hoje, está sendo usada pelo artista. Contribuir para a estadia na casa do primo também o motivou a ir para a rua. Montenegro, segundo ele, o tem tratado bem. “Em todo o lugar, o povo contribui comigo. Ainda mais que, pra mim, fazer uma pessoa sorrir não tem dinheiro que pague.”
A carga horária do trabalho depende da necessidade. Ontem, o progressense trabalhou pela manhã, foi pego pelo primo para o almoço e voltou a entreter os motoristas na parte da tarde. Ele relata que começou a treinar como malabarista em 2001 e leva o amor pela arte como filosofia de vida. “É um trabalho artístico mesmo. Não sou desses que fica no sinal pra conseguir dinheiro para beber”, aponta.
Em Guaporé, ele e o tio alugaram um espaço para incentivar a arte e a vida saudável – o ciclismo é outra das paixões do artista. Este projeto, ainda em fase inicial, vai atender crianças e adolescentes, com oficinas artísticas e esportivas e uma horta orgânica. Atualmente, Vanderlei busca por patrocínios.