Zona Rural pede retorno das linhas de ônibus

Dificuldades. Serviço está suspenso devido à queda de passageiros na pandemia

Entre muitos serviços e estabelecimentos que estão parados durante a pandemia, a suspensão do ônibus no interior de Montenegro é um dos que traz mais dificuldades. Embora seja classificado na Constituição como serviço essencial, desde o início da proliferação da Covid-19, a Viação Montenegro (Vimsa) suspendeu as linhas rurais. A justificativa é a queda na circulação de pessoas. Não há prazo para normalização.

O morador de Serra Velha Fabiano Pereira de Sousa, classifica a resposta como ‘jogo de empurra’ entre Prefeitura e empresa. “O pessoal aqui está desamparado. Desassistido mesmo”, lamenta. O funcionário público, de 41 anos, acredita que a situação de repita em todas as localidades, com moradores que trabalham na cidade ou que têm compromissos diversos, como médicos, dependendo de carona.

E mesmo quem tem carro, devido ao custo, não pode se valer dele todos os dias. Sousa questiona os argumentos da Viação sobre a queda de passageiros, inclusive devido à suspensão das aulas, tendo ficado nos coletivos apenas passageiros com isenções legais. Ele lembra que sempre foram entre seis ou sete estudantes que usavam o coletivo público.

Também refuta a informação que restariam isentos, garantindo que as linhas de início da manhã e de final de tarde vão e voltam lotadas de trabalhadores que agora estão sem o serviço. “Vai até gente em pé”, garante. Sousa concorda que a linha do meio-dia é vazia, tanto que sugere que neste momento retorne apenas as duas de “hora do pico”. “Pelo menos já ajuda o pessoal do interior”.

Período de pandemia apenas aumentou os prejuízos
A Vimsa respondeu que a emissão dos decretos de restrições inviabilizou totalmente as empresas. Inclusive, de forma genérica, afirma que o déficit financeiro gerou dificuldade de pagar salários e fornecedores, situação inclusive exposta aos órgãos gestores. “E o cenário atual é de inviabilidade de retomada das linhas executadas anteriormente”, diz o texto, assinado pela assessora administrativa Aline Riffel.

Em sua resposta, a Vimsa retoma a retórica a respeito das dificuldades enfrentadas pelo setor, já antes da pandemia. A empresa diz entender que o transporte público está entre os itens de primeira necessidade da população, garantindo seu direito de ir e vir para exercer sua cidadania e obrigações. “Porém, não é o que sinaliza e pratica o Poder Público”, diz.
A argumentação assinala que o setor, além de ser penalizado com tributos fiscais, “compulsoriamente é compelido a atender os avanços sociais das gratuidades estendido a uma parcela considerável da população”. E, ao longo dos anos, somou-se ainda uma perda de demanda devido a queda de qualidade frente ao elevado custo das tarifas.

A empresa não respondeu se, ao deixar de prestar o serviço, estaria quebrando cláusula do contrato de concessão com o Município. A mesma pergunta foi feita à Prefeitura, que até o fechamento desta edição não havia respondido.

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