A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) lidera uma pesquisa a respeito do impacto da pandemia do novo coronavírus na comercialização direta e na renda da agricultura familiar. Ela iniciou pela cidade sede de instituição e por Porto Alegre, e agora se expande pelo Rio Grande do Sul com parceria da Emater/Ascar-RS e da rede CSA Brasil. Em Montenegro, todos os agricultores que trabalham com feiras receberam por e-mail um questionário, do escritório da autarquia de apoio técnico e pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (SMDR).
A análise é realizada de forma colaborativa e voluntária, por pesquisadores e estudantes de pós-graduação da Unisc, do Colégio Politécnico da Universidade Federal da Santa Maria e pelo Grupo de Estudos em Agricultura, Alimentação e Desenvolvimento da Ufrgs. Ainda não há previsão para ser aplicado em todo o Vale do Caí, segundo informou a professora Cidonea Machado Deponti, coordenadora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) da Unisc Montenegro, responsável pela compilação dos dados locais.
A iniciativa nasceu da confirmação que a pandemia tem afetado diversos segmentos. Agências internacionais, inclusive, alertam para que a crise não se torne também de segurança alimentar, recomendando medidas. Entre elas está a atenção à agricultura familiar, protagonista na produção de alimentos.
No caso brasileiro, o Censo Agropecuário de 2017 indicou que o setor é formado por uma população majoritariamente em idade avançada, em situação de empobrecimento e vulnerabilidade social. Estes fatores os coloca duplamente em grupo de risco a Covid-19. Órgãos como o Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutricional, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); e o Programa Mundial de Alimentos (PMA), têm salientado que compreender o protagonismo do pequeno agricultor na sociedade é essencial.
Queda nas feiras e crescimento na tele-entrega
O diagnóstico será definido em parceria com o Observatório do Desenvolvimento Regional (ObservaDR), sob coordenação da pesquisadora, doutora Potira Preisstem. Os dados serão coletados em canais de comercialização direta, como feiras, cooperativas e sistemas de entrega domiciliar. A escolha se justifica por estas ferramentas serem responsáveis pela ampliação do rendimento das famílias, em consonância com o acesso fácil da população a alimentos saudáveis.
O estudo, iniciado há um mês, já coletou dados de mais de 160 destes braços comerciais, com resultados preliminares indicando tendência de redução no movimento das feiras; em contrapartida com aumento na demanda pela entrega a domicílio. A boa notícia é que não há agricultores contaminados por Covid-19.
Saiba mais
Os primeiros resultados serão divulgados em breve, no site www.observadr.org.br
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