Apesar da reclamação de moradores próximos, grupo afirma que vai permanecer
Em meio a um processo sobre a permanência ou não na área localizada no bairro Centenário, em Montenegro, os índios Kaingang começaram a construir novas casas em outro local, mas dentro da mesma área que pertence ao governo do Estado. Com a proximidade do Inverno e da época de chuvas, o cacique Eliseu Claudino, preocupado com a saúde das crianças da tribo, decidiu, em conjunto com o grupo, levantar cinco ou seis moradias novas no terreno.
Nos últimos dias, moradores das redondezas reclamaram e fizeram uma denúncia de que os índios estavam desmatando árvores no local. Contudo, o cacique garantiu que essa afirmação não procede e que todas as madeiras foram compradas pelos integrantes da tribo. Na manhã da última sexta-feira, 21, representantes da Prefeitura Municipal estiveram no acampamento indígena e constataram que está ocorrendo apenas uma transferência de algumas das 32 famílias para a parte de cima da área, onde é menos úmido.
A Administração Municipal recebeu a garantia de que não será ampliado o número de pessoas no acampamento. À reportagem, o cacique Eliseu mostrou o local onde serão construídas as novas moradias e salientou que algumas residências atuais serão extintas. “Vamos construir cinco ou seis novas casas, de assoalho e lona”, ressaltou Eliseu.
Como a área onde os índios Kaingang estão pertence ao Estado, a realocação do grupo não depende da Prefeitura, que afirma ter interesse no assunto por questões humanitárias, mas não pode tomar qualquer iniciativa nesse sentido. “O choque cultural com os moradores das redondezas tem sido motivo de grande preocupação para o poder público local e, desde a posse, o prefeito Gustavo Zanatta vem buscando alternativas que contemplem a todos os grupos interessados”, alega a Administração Municipal, através de sua Assessoria de Comunicação.
O governo estadual possui uma área no bairro Zootecnia, junto ao Centro de Treinamento de Agricultores (Cetam). Além disso, o Estado também acenou com a possibilidade de destinar uma área em Capela de Santana para acomodar a tribo. A transferência dos indígenas para um desses locais segue em pauta, mas ainda não há uma decisão judicial.
Inicialmente, o cacique havia concordado com a possível transferência. Entretanto, uma conversa com o grupo fez Eliseu mudar de opinião. “Há alguns dias sentamos para conversar e decidimos permanecer aqui independente do que acontecer no processo. Temos o apoio do Governo, quem quer nos tirar daqui é a Prefeitura. O diálogo com a Prefeitura atual é o mesmo que ocorria com a gestão anterior, há muita discordância. Vamos lutar por esse terreno”, declara o cacique.
“O processo que está em andamento nos incomoda, porque o Inverno está chegando e tem criança dormindo debaixo de barracos. Além disso, as aulas presenciais foram retomadas. Minha preocupação é com a saúde e a educação das crianças”, completa Eliseu Claudino.