Com novas plataformas, jornal se aproxima ainda mais da população
“Desde o início, o Ibiá nunca foi apenas um jornal de informação”. A frase, dita por Maria Luiza Szulczewski, a Lica, diretora do Jornal Ibiá, resume bem o trabalho desenvolvido pelo periódico há mais de quatro décadas. No próximo domingo, dia 16, o Ibiá completa 42 anos de parceria com a comunidade, de adaptação ao novo e de um jornalismo plural.
Ao longo desses 42 anos de atuação, foram milhares de reportagens e histórias publicadas nas páginas do Ibiá, tanto no jornal impresso quanto no digital. Envolvido com as causas importantes da comunidade e se fazendo presente nos bairros, o Ibiá cresceu justamente com o apoio das pessoas. Junto com o crescimento, o jornal foi se adaptando às novas tecnologias, especialmente nas últimas duas décadas.
“Muitas vezes fomos xingadas por ouvir o pessoal dos bairros. E foi através deste princípio, de ouvir todos, que o jornal cresceu, porque ele trouxe a palavra das pessoas, em uma época em que não existia rede social, não tinha celular, não tinha nada. Sempre defendemos o cidadão e o direito das pessoas. Além disso, sempre tivemos uma posição forte com relação à cobrança dos políticos, dos mais diversos cargos”, declara Lica.
Durante sua trajetória, o Ibiá vem realizando diversos projetos na cidade, sempre buscando valorizar a comunidade e os profissionais locais. O ‘Top Ibiá’ reconhece as empresas destaques da cidade há quase três décadas. O ‘Viva Bairro’ deixou grandes lembranças em praticamente todos os bairros do município. O projeto ‘Mulheres que Brilham’ busca reconhecer mulheres de diferentes segmentos, e, mais recentemente, o ‘Destaques do Esporte’ foi criado para valorizar os esportistas locais de diferentes modalidades.
Em breve, mais um projeto será lançado, destacando as ‘Donas do Negócio’, revela Lica. “É por isso que precisamos do apoio da comunidade. Cada vez mais, investimos em projetos, justamente para destacar as pessoas que estão fazendo fazendo história na nossa cidade e região”, ressalta.
Dos tradicionais exemplares impressos às recentes edições digitais, o Ibiá vem passando por inúmeras transformações ao longo dos anos, seguindo tendências e se aproximando cada vez mais dos leitores. Muitos assinantes são adeptos do “papel” e acordam cedo para buscar o jornal impresso no pátio de suas casas. Já outros preferem a praticidade do digital.
“Desde o início, a nossa ideia era trazer pra cá o que se fazia também nos grandes jornais do Brasil, das capitais. Isso a gente tenta fazer até hoje. Claro, não temos os recursos que os grandes têm, mas conseguimos fazer o melhor possível com o noticiário local. O jornal impresso é documento, as pessoas gostam”, destaca Lica.
Desafios e cuidados com as novas tecnologias
Além das inovações tecnológicas, as mudanças também foram motivadas por desafios enfrentados ao longo dos 42 anos. “A redução maior (no número de edições semanais) ocorreu na pandemia. Aconteceu não apenas conosco, muitos jornais tiveram que reduzir as suas edições para não fechar. Outro momento foi no ano passado, quando houve a enchente. Optamos, então, por continuar com duas edições do jornal impresso e fazer três edições digitais, para as pessoas receberem as notícias pelo celular”, acrescenta a diretora.
Os recursos tecnológicos chegaram para agregar, mas também necessitam de um cuidado extra, especialmente com as famosas fake news (notícias falsas), que se espalham rapidamente nas redes sociais. “A gente sempre orienta as pessoas para olhar a fonte. Antes de espalhar a notícia, verifica qual é a fonte. A Inteligência Artificial (IA) é um facilitador, mas temos que ter muito cuidado, porque ela tem o conhecimento, mas não conhece a ‘aldeia’, os nosso hábitos, as nossas coisas, como é Montenegro”, alerta.
Além das edições impressas e digitais, o Ibiá também divulga suas notícias no Portal e nas redes sociais (Facebook, Instagram, WhatsApp e YouTube), através de vídeos – programas ao vivo – e textos. Essa adaptação às plataformas digitais iniciou há muitos anos, com a publicação de informações em redes sociais e com a implementação do portal de notícias.
No entanto, em 2020, o Ibiá deu um passo importante na forma de comunicar, através das lives do Estúdio Ibiá. Naquele ano, a cobertura da campanha política local foi toda feita em conjunto entre digital e impresso, com debates ao vivo entre os postulantes à prefeitura de Montenegro e entrevistas com os candidatos de toda a região.
Além disso, no dia da eleição municipal, o Estúdio Ibiá transmitiu ao vivo a apuração das urnas, em uma live com mais de 9 horas de duração. O programa teve, além de informações locais, análises, entrevistas e entradas ao vivo com os prefeitos vencedores em Montenegro e região. Nas eleições seguintes, a apuração também foi acompanhada ao vivo e, em 2024, os espaços aos candidatos foram novamente abertos, tanto nas edições impressas, quanto no portal e redes sociais.
Editora-chefe da redação do Ibiá, Andressa Kaliberda aponta os desafios de fazer o jornalismo em múltiplas plataformas no dia a dia. “A gente deve respeitar a linguagem de cada plataforma, a velocidade com que o leitor espera ver as informações… apesar de buscarmos sempre tentar atender a essas novas necessidades, a gente prima pela veracidade da informação, pela checagem, afinal, estamos falando de uma credibilidade construída ao longo de 42 anos”, enfatiza.
Passo a passo da transição digital
A implementação do Portal Ibiá em 2017, em substituição ao antigo site do jornal, deu início à transição digital na empresa. Em paralelo, um trabalho intenso nas redes sociais. Três anos mais tarde, em 2020, surgiu o Estúdio Ibiá, com lives diárias. Mais recentemente, em 2024, o projeto das edições digitais foi posto em prática, em um formato de PDF interativo para facilitar o acesso dos assinantes.
“Com as enchentes, a gente precisou acelerar a implementação desse projeto, porque ficamos sem ter como imprimir o jornal na nossa gráfica, e foi extremamente desafiador. Tivemos que reorganizar a redação de uma forma muito rápida. Alguns colegas que estavam com as casas inundadas, com dificuldade de deslocamento, mas estávamos com a equipe na rua, fazendo lives, transmitindo informações a respeito da enchente 24 horas por dia nas redes sociais”, relembra Andressa.
De acordo com a editora-chefe da redação, a edição digital é uma nova forma de fazer jornalismo, e foi muito bem aceita pela comunidade. “Tem sido muito elogiada, tem nos trazido uma experiência muito interessante de comunicar aos leitores. Embora seja uma edição escrita, os textos tendem a ser mais curtos, têm mais imagens, o layout é adaptado, pensando que o nosso público digital acessa muito mais pelo celular”, afirma. “Então, esse formato possui uma fonte maior, um espaçamento maior, algo que deixe confortável para ler, com links que permitem ao leitor ir imediatamente para o site onde ele pode realizar uma inscrição, fazer um download”, frisa a editora.
Andressa enaltece a importância da parceria com a comunidade e valoriza a união da equipe da redação. “Nos dá orgulho poder proporcionar isso ao nosso leitor e ver que está sendo bem aceito, porque a comunicação digital veio para ficar, ela é nossa realidade hoje, e precisa atender as demandas da comunidade. Acredito que é isso que a gente busca diariamente enquanto jornal, atender essas demandas, mas respeitando os cânones do jornalismo, de responsabilidade com a informação, de credibilidade. Temos uma equipe engajada, que se ajuda muito”, salienta.
Por fim, a editora destaca que o trabalho realizado em múltiplas plataformas possibilita diferentes tipos de abordagem acerca de um mesmo tema. “A gente consegue trazer uma entrevista para o Estúdio Ibiá e, de repente, fazer um corte dessa entrevista para o Instagram, trazer um viés um pouco mais aprofundado para a edição impressa, respeitando as linguagens e as características do público que nos acessa em cada formato, em cada rede”, finaliza.
Edição impressa mantém tradição
Mesmo com as facilidades proporcionadas pelas plataformas digitais, muitos assinantes não abrem mão do jornal impresso. É o caso de Paulo Renato Petry, que tem o Ibiá como parceiro em suas manhãs há décadas. “Me pego cedo da manhã indo até o portão da minha casa, onde o motoboy já deixou, atirado sobre o gramado, o plástico azul com o Jornal Ibiá enroladinho feito rocambole, para cumprir mais uma vez a rotina de matear com a esposa lendo primeiro as manchetes em suas letras garrafais”, conta.
Paulo cumpre este ritual todas as terças e sextas, sempre que a edição impressa do Jornal chega em seu endereço. “Após ler as manchetes, folheio o Ibiá até chegar às páginas da política e do esporte. Então sim, com a avidez pelas notícias a mim mais relevantes satisfeita de logo, degusto as opiniões dos colunistas, o noticiário da região, o informativo geral. E, finalizando a leitura, me desafio nas palavras cruzadas”, acrescenta.
O assinante se considera uma espécie de “peça rara”, já que as tentações com que os novos tempos instigam a população a abandonar o tradicional e se render em definitivo à instantaneidade de tudo, inclusive da informação – muitas vezes sem procedência, sem critérios, sem pesquisa e sem veracidade. “Tenho me perguntado quais serão as consequências da tal modernidade líquida (termo criado pelo psicólogo polonês Zygmunt Bauman). Tudo é efêmero, tudo é transitório, é flexível, pode mudar – e muda! – em uma fração de segundos”, declara Paulo.
“Com esse hábito, que sobrevive porque temos o Ibiá ainda impresso em alguns dias da semana, consigo não só persistir como assinante, mas como um (sobre) vivente lá dos idos da década de 60. Pelo menos dentro do meu pátio resisto, um pouco imune, e em breves momentos matinais, a essa vida louca dos novos tempos e suas modernidades líquidas. Vida longa ao Jornal Ibiá”, completa o assinante.
