A direção do HM Regional recebe uma comitiva da Fundação Ecarta nesta segunda-feira, 15, para a entrega do livro-reportagem “Corrida contra o tempo – O que compromete a doação de órgãos e a eficiência do sistema de transplantes no Brasil”. Um dos capítulos da publicação traz Montenegro como um exemplo de como a sensibilização para o tema transforma a realidade de uma comunidade inteira. Até 2017, o município não tinha nenhum doador, mesmo com um hospital 100% SUS.
Após um movimento articulado na cidade entre o projeto Cultura Doadora e o HM a partir de 2018, somado com gestores, empresas, sociedade e a imprensa local, o volume de doadores chegou a 62% em menos de dois anos. Um dos resultados operativos objetivos foi a criação da Cihdott no Hospital, o que credencia a instituição a estar preparada para dialogar com familiares e após o consentimento, assegurar a doação e captação de órgãos. “O hospital segue com grande envolvimento no tema e permanente capacitação de seus quadros em todos os níveis, com toda a orientação técnica necessária para salvar vidas a partir da doação”, destaca o presidente da Fundação Ecarta, Marcos Fuhr.
Segundo a psicóloga da Cidhdott do HM Regional, Carla da Silva Giuliani, o Projeto Cultura Doadora foi um dos grandes responsável pela criação e início do trabalho. “Penso que sem aquele incentivo e apoio incansável não teríamos nem iniciado, assim como não teríamos mantido a persistência e motivação necessários pra o trabalho da comissão”, pontua. A coordenadora do projeto Cultura Doadora, Glaci Borges, que acompanha o trabalho na região, diz que o município é um case de sucesso que precisa ser conhecido por outras cidades. “Fomos compreendendo e atuando na institucionalidade da saúde, integrando várias instituições, mergulhando na realidade de um hospital e contribuir na instituição da Cihdott”, afirma.
MOBILIZAÇÃO CONTÍNUA
Apenas os óbitos por Morte Encefálica permitem a captação de múltiplos órgãos após a autorização da família. A ME representa menos de 2% do total de óbitos e metade das famílias não autorizam a doação. Estas e outras informações são detalhadas no livro lançado no final de 2023, editado pela Fundação Ecarta, que mantém o projeto Cultura Doadora há 11 anos para contribuir com a causa e articular melhorias no sistema público de transplantes, o maior do mundo.
A lista de espera por um órgão no país passa de 60 mil pessoas, sendo cerca de 2500 no Estado. O Rio Grande do Sul já liderou o ranking dos estados em doação, mas vem perdendo posições desde 2005. O livro foi produzido por uma equipe de jornalistas liderados por Valéria Ochôa, com reportagem de Stela Pastore, Gilson Camargo e Igor Sperotto.