HM nega paralisação de atendimentos por médicos PJ

Interrupção de especialidades eletivas foi anunciada terça, pelo Simers

Em entrevista coletiva realizada na tarde desta quarta-feira, 12, o diretor executivo do Hospital HM Regional, Jéferson Alonso, negou a paralisação dos atendimentos na instituição. A declaração foi uma resposta à informação divulgada pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) na terça-feira, que indicava a suspensão de atendimentos eletivos. O Sindicato por sua vez, reafirma que todos os médicos PJ, com atraso no pagamento de suas horas, estão com as atividades paralisadas.

Segundo Alonso, os atendimentos seguem normalmente, tanto no atendimento ambulatorial quanto na urgência e emergência. “O hospital não está em greve. A imprensa entrou pela porta de onde vimos o serviço ambulatorial, nosso pessoal trabalhando e os pacientes aguardando atendimento”, afirmou.

O diretor destacou que, há cerca de dois meses, o hospital passou a operar com um novo modelo de atendimento. Ele ressaltou que a instituição atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e que a principal dificuldade enfrentada tem sido a redução do financiamento público.

“Se compararmos o início e os dados de hoje, apresentamos uma redução no nosso financiamento, de quase um milhão e meio de reais, o que impactou muito nossa caixa”, explicou.

O impacto financeiro gerou atrasos em pagamentos a fornecedores e médicos contratados como Pessoa Jurídica (PJ). “Os médicos que não estão recebendo são pessoas jurídicas. Os nossos funcionários estão com pagamentos em dia. Nós estamos conseguindo pagar nossos funcionários”.

Alonso informou que o último pagamento a esses profissionais, 40% do valor, ocorreu no dia 10, conforme combinado em reunião realizada no mês de janeiro. Segundo ele, o próximo pagamento deve ocorrer no dia 10 de abril.

O diretor nega que, em algum momento, o HM tenha se comprometido a pagar o valor total da remuneração referente ao mês de outubro, como teria informado o Simers. Além disso, afirma que o Sindicato e os próprios médicos garantiram que não haveria paralisação dos atendimentos.

Jéferson Alonso é o diretor executivo do HM Regional

Interferência nos atendimentos

Questionado sobre uma possível interferência na classificação de risco dos pacientes, para forçar o atendimento, o diretor executivo do Hospital Montenegro (HM), Jéferson Alonso, negou que isso tenha ocorrido. Segundo ele, a triagem segue protocolos estabelecidos, e a decisão sobre a gravidade dos casos cabe exclusivamente aos profissionais de saúde responsáveis. “Primeiro, eu não posso ordenar isso. Segundo, os protocolos de urgência e emergência são bem claros. Quem faz a classificação de risco não sou eu, mas o enfermeiro que está no atendimento”, afirmou Alonso.

O diretor explicou que, caso um médico discorde da classificação inicial feita pela equipe de enfermagem, ele tem autonomia para reavaliar a gravidade do caso e reclassificar o paciente. “Se um paciente for classificado como azul e o médico entender que há um quadro mais grave, ele pode corrigir isso e garantir o atendimento necessário. Da mesma forma, se um paciente for classificado como amarelo e, na avaliação médica, não houver necessidade de atendimento imediato, ele pode ser dispensado conforme os protocolos”, detalhou.

Alonso reforçou que não há supervisão da administração hospitalar na triagem de pacientes e que qualquer decisão de atendimento deve ser baseada em critérios técnicos de urgência e emergência. “Não há imposição sobre os profissionais. Todos têm seus respectivos conselhos e responsabilidades. O que não vamos permitir é que qualquer paciente seja dispensado por questões pessoais, políticas ou financeiras. Se o paciente precisa ser atendido conforme a contratualização do hospital, ele será atendido”, concluiu.

Medidas para sair da crise

O Hospital HM Regional está adotando medidas para superar a crise financeira. Segundo o diretor executivo da instituição, uma das estratégias já iniciadas é a Recuperação Judicial, anunciada no ano passado. Está em andamento a judicialização das dívidas como forma de reequilibrar as contas.

“Estaremos nos dias 25 e 26 em Brasília para, caso ainda não haja a saída da portaria, faremos pedidos aos deputados, aos senadores e às outras instâncias parlamentares. Apesar de não ser o ideal, grande parte do financiamento da saúde no país, especialmente no estado, vem por meio de emendas parlamentares”, disse Jéferson.

O prefeito em exercício de Montenegro, Cristiano Braatz, esteve reunido, na manhã dessa quarta-feira, com o presidente da Câmara de Vereadores, Talis Ferreira, para discutir a situação do Hospital Montenegro. O encontro contou com a presença da secretária da Saúde, Andrea Coitinho da Costa e outros servidores.
Durante a reunião, Cristiano e Talis manifestaram surpresa com a paralisação. “A Administração e a Câmara já vêm tratando do assunto há mais de um mês”, afirmou o prefeito em exercício. Já Talis Ferreira destacou que a Câmara criou a Frente Parlamentar da Saúde para discutir o tema.

O Hospital Montenegro é uma instituição filantrópica que presta serviços ao Governo do Estado, o que limita a intervenção do município. Diante desse cenário, a alternativa discutida foi a pressão do Estado por um aumento nos repasses e a busca pela compra de serviços para garantir o atendimento à população. Segundo Braatz, esse interesse já foi manifestado e aguarda retorno.

Ficou definido que representantes da Prefeitura e da Câmara irão procurar a Secretaria Estadual da Saúde ainda hoje em busca de uma solução para o impasse. “É preciso garantir a saúde financeira do hospital para a normalização dos atendimentos”, apontou Ferreira. Além disso, a Secretaria Municipal da Saúde pretende reforçar o pronto-atendimento e a estrutura de transporte de pacientes para outras cidades, caso a demanda aumente.

Jéferson Alonso afirma que os serviços estão mantidos e a população está sendo atendida

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