Fórum. Chamada pública da Sulgás para a compra do produto será conhecida nesta quarta-feira em Caxias do Sul
A Companhia de Gás do Rio Grande do Sul (Sulgás) confirmou ontem à tarde, por meio de sua assessoria de imprensa, que apresentará as principais regras da chamada pública para a aquisição de biometano — um negócio esperado há mais de dois anos pelo Consórcio Verde Brasil, responsável pela usina de biogás localizada em Passo da Serra, zona rural de Montenegro.
O anúncio vai ocorrer durante o 1º Fórum Estadual de Biogás e Biometano, que inicia hoje e se estende até amanhã na Universidade de Caxias do Sul (UCS), em Caxias do Sul. O intuito do evento é discutir o desenvolvimento da cadeia desta fonte de energia no Rio Grande do Sul e no Brasil.
A aquisição de biometano pelo governo estadual não apenas representa um incentivo ao setor em território gaúcho, como também consolida a viabilidade econômica de um projeto implementado no município ainda em 2013, porém até hoje sem dar maior retorno financeiro à Ecocitrus e à Naturovos, empresas que constituem juntas o Consórcio Verde Brasil.
Os termos do edital serão apresentados amanhã pelo coordenador de Novos Negócios da Sulgás, engenheiro Otto Fonseca Cardoso, às 14h45min, no UCS Teatro. De acordo com a estatal, a publicação do edital ainda não tem data prevista, porque precisa cumprir etapas burocráticas, como o parecer da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), mas a estimativa é que saia no segundo semestre deste ano. Esse ato será seguido do debate “Ações Futuras e Proposição do Programa Estadual de Desenvolvimento da Cadeia do Biogás e Biometano”.
O presidente da Ecocitrus, Ademar Henz, declarou em entrevista ao Ibiá no mês de maio que o consórcio estará presente no Fórum Estadual, mas preferiu não fazer maiores projeções antes da confirmação da compra do produto montenegrino por parte da Sulgás. Caso o negócio se confirme, o Verde Brasil deverá investir na ampliação da usina, já que o combustível, batizado de GNVerde, vai abastecer veículos, indústrias, comércios e residências.
Na UCS, a expectativa em torno do evento é bem positiva. Pesquisadora da universidade, a professora Suelen Paesi explica que “o biogás é uma mistura de gases obtida do tratamento de resíduos orgânicos que produz metano”. O metano, acrescenta ela, pode ser usado diretamente como gás de cozinha, energia térmica, veicular e fertilizante. “A Serra Gaúcha, além de conter um polo metalmecânico para o desenvolvimento de equipamentos para o projeto, é a maior produtora de carne suína do Estado, setor que depende de um plano arrojado para destinação adequada dos resíduos desses animais no meio ambiente. O tratamento dos resíduos — de suínos e de outros animais — tem grande potencial na geração de biogás e biometano.”
Saiba mais
Conforme a Sulgás, o edital a ser lançado no segundo semestre será para aquisição de até 200 mil m³/dia de biometano, gás natural produzido a partir de resíduos agrícolas e pastoris.
O GNVerde, marca registrada pela Sulgás para o biometano que será ofertado ao mercado, possui as mesmas aplicações do gás natural. Ele se constitui em uma nova alternativa de combustível para indústrias, comércios, residências e postos de GNV (gás natural veicular).
A chamada pública se baseia na seleção de projetos para produção desse gás em diferentes regiões do Rio Grande do Sul, inclusive no Vale do Caí, viabilizando sua distribuição pela Sulgás para clientes que demandam gás natural, mas atualmente estão distantes da rede de distribuição existente.
O biogás é uma alternativa sustentável para produção de energia, pois é gerado a partir de diversos tipos de resíduos. No caso da usina de Montenegro, restos da avicultura e da citricultura, entre outros elementos orgânicos, são submetidos a tratamento anaeróbio que gera esses gases que, misturados, dão origem ao biogás. Esse, por sua vez, é refinado e então se transforma em biometano, cujas características são bem similares ao gás natural (de fonte não renovável).