Feirantes levam comida boa e saudável à sua mesa

Dia especial lembra a primeira feira livre do Brasil. Na cidade, eles se destacam com produtos fresquinhos e orgânicos

“É dia de feira, quarta-feira, sexta-feira, não importa a feira. É dia de feira, quem quiser pode chegar…”, já diz a música da banda O Rappa. Você não vai ler algo sobre música nesta matéria, mas saberá que no dia 25 de agosto é comemorado o Dia do Feirante. Vamos combinar que é um tanto quanto saudável e bacana sair para encontrar o seu alimento preferido em uma banca de hortifruti, não é? Se forem orgânicos, melhor ainda.

Juliane e a filha Ana Paula realizam as compras na feira em um ou dois dias da semana

Saiba que as feiras já tiveram suas primeiras aparições há cerca de 3.000 anos antes de Cristo. Segundo pesquisas e dados históricos, naquela época as trocas comerciais eram organizadas em locais específicos durante a formação das primeiras cidades. Registra-se que o modelo de feiras livres, as quais conhecemos na atualidade, apareceram a partir do século XI.

Deixando os dados históricos de lado, é preciso destacar que hoje em dia as feiras não se resumem somente em oferecer alimentos. Percebemos um grande número de comerciantes itinerantes que vendem uma infinidade de produtos. Mas a colheita feita pela agricultura familiar ainda domina as vendas feitas nas bancas fixas e de casa em casa.

No Brasil, segundo o ministério do Desenvolvimento Social (MDS), 70% dos alimentos que chegam à mesa da população são produzidos pela agricultura familiar. Por aqui, em Montenegro, o comércio de frutas e verduras mais conhecido é o da Casa do Produtor Rural, onde agricultores do município podem vender seus produtos nos espaços disponibilizados pela secretaria de Desenvolvimento Rural de Montenegro.

Nas feiras da cidade, o orgânico é destaque
São 26 agricultores expondo e comercializando seus produtos na Casa do Produtor Rural. A feira do Norberto Haas é uma das que possui a maior quantidade e variedade de produtos oriundos do cultivo agrícola, no modelo orgânico. São frutas, verduras, legumes e até mesmo ovos orgânicos e produtos produzidos por agroindústrias da região. Parece um mercadinho orgânico.

Conforme José Aloísio Flores, que é feirante e cuida da plantação na propriedade de Norberto, são dois pontos fixos na cidade e outros produtos que são comercializados em feiras itinerantes, como a do Parque da Redenção, em Porto Alegre. “Faz um pouco mais de três anos que faço a feira da Redenção em todos os sábados”, afirma Flores.

A vantagem de comprar em locais como estes, é que o consumidor sabe de onde o produto veio e como foi cultivado. É um processo complexo e demorado para que a produção seja 100% orgânica, pois são protocolados diversos registros e outras tantas análises são feitas na propriedade rural. No entanto, nem todo mundo gosta do preço destes produtos, que necessitam de um cuidado redobrado e outros fatores que fazem o preço ser um pouco mais alto que os de hortifruti cultivados em grande escala e com agrotóxicos.

“Existem dois segmentos de pessoas que compram conosco. As que querem se alimentar bem, sem se importar com o valor do produto e as que olham primeiro o preço”, coloca Flores. O feirante também afirma que nas cidades maiores as pessoas já estão se dando conta que os produtos produzidos sem veneno são melhores, mesmo custando mais.

O agricultor Alexandro está há seis meses na Casa do Produtor Rural e agora deseja explorar a produção de limões

Outro agricultor que comercializa na Casa do Produtor Rural é Alexandro de Oliveira, que possui a banca há seis meses e agora tenta conseguir o selo de produtos orgânicos. “Planto aipim, moranga, batata doce, feijão, e verduras. Eu gosto do trabalho no campo e decidi há um ano plantar para montar meu negócio”, afirma Oliveira.

O início da produção começou pequena, mas aumentou com o passar do tempo. Agora, com dois hectares de plantação, o agricultor pretende iniciar a produção de limões. “Comecei vendendo com um carro, depois tive que instalar um reboque e hoje a quantidade aumentou e tenho que fazer a feira com uma Kombi”, revela Oliveira.

Mais disposição sem gastar muito
Escolher alimentos mais saudáveis está cada vez mais comum hoje em dia. A preocupação com a saúde cresce com as pesquisas que apontam os agrotóxicos como grandes vilões. A estudante Ana Paula Raupp, 20 anos e a sua mãe Juliane Rosa, 50 anos, sabem bem disso. Para isso, as duas vão de uma a duas vezes na semana para a feira.

“Fazemos a seleção dos bons alimentos que a gente gosta e que podem prevenir doenças”, diz Juliane, que indica produtos livres de agrotóxicos. Mãe e filha compram na feira do Norberto feijão, beterraba, cenoura e outros hortifrutis. “Gosto de cozinhar na panela de ferro, porque assim tenho mais disposição e fortalecimento do organismo”, revela.

O custo benefício das feiras pode ser melhor, conforme as montenegrinas. A empresária diz que há coisas mais baratas nas feiras de orgânicos que no mercado. Outras podem ser mais caras, porém, nada com valores muito mais altos. Para se ter uma ideia, Juliana e Ana Paula compraram um pouco mais de três quilos de produtos na feira e gastaram R$ 18,25. “Levaram bastante e pagaram barato”, diz a atendente da banca, Caren Kettermann.

Origem do Dia do Feirante no Brasil
Criou-se a data após a realização da primeira feira livre do Brasil, em 1914, na cidade de São Paulo. Na época, os chacareiros, a maioria deles imigrantes portugueses, não sabiam o que fazer com os produtos que não haviam sido comercializados nos empórios e quitandas.
A prefeitura da cidade apoiou os comerciantes, que conseguiram vender os produtos que sobravam aos consumidores, iniciando suas atividades no Largo General Osório. Na época, Washington Luis era o prefeito de São Paulo e foi quem oficializou as feiras livres no Brasil.

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