Partiu de um grupo de cerca de vinte alunos do curso de Direito da Unisc Montenegro, mas já atingiu 85 pessoas o abaixo-assinado que pede redução da mensalidade da universidade enquanto seguirem suspensas as aulas presenciais. Alunos estão no ensino remoto desde o início da pandemia no ano passado e entendem ser cabível algum abatimento. A Unisc rebate alguns dos argumentos colocados, mas garante estar aberta à negociação em caso de dificuldade para pagamento.
Traz a proposta do abaixo-assinado dos alunos que “está sendo cobrado o valor integral do curso presencial sendo que não estamos utilizando as dependências da universidade, não tendo custos com energia, água, impressão, funcionários de setores específicos, deslocamento de professores, entre outros custos. Sendo também que a Universidade já tinha uma plataforma de ensino remoto não precisando fazer um investimento de implantação para atender a demanda.”
As assinaturas vêm sendo coletadas desde o fim do mês passado através da plataforma “change.org”; e já alcançaram alunos dos demais cursos presenciais do campus local. Segundo o estudante de Direito Lucas Müller, 26 anos, a gota d´água para o encaminhamento da demanda foi o reajuste anual que aumentou a mensalidade para 2021. “Ano passado, quando começou a pandemia, nos deram 4% de desconto durante dois meses e depois já não teve mais. Agora, todo mundo esperava baixar e aumentou. Eu pagava R$ 1.080,00 e foi para R$ 1.114,56”, relata.
O estudante diz que antes do abaixo-assinado, tentou dialogar com a secretaria e com a coordenadoria, então foi instruído a procurar a vice-reitoria na sede da universidade. É para onde já foram enviadas as assinaturas. Segundo Müller, o principal argumento dado a eles pela direção para a manutenção da mensalidade é de que as aulas não estão no formato EaD, mas no formato remoto; onde o ensino, apesar de ser a distância, se dá com aulas ao vivo. “Mas não funciona assim. O cara manda e eles respondem dois dias depois. Postam aula gravada”, aponta.
Também do Direito, a estudante Deise Raquel Barpe, 39 anos, por sua vez, avalia que não houve prejuízo de conteúdo com o novo formato de aulas; mas também defende abatimento da mensalidade. “A gente vive um momento difícil de muitas pessoas perderem o emprego e alguns tiveram salários reduzidos. Então, qualquer redução já faria a diferença, com certeza”, opina.
No texto do abaixo-assinado, o grupo pede um abatimento de 30% na mensalidade, mas Deise pondera: “Muito mais que querer um desconto da universidade, é compor um valor que fique bom pra ambos. Que eles façam uma contraproposta; algo que fique bom pra eles e pro aluno também, pra que o aluno se sinta olhado.”
Veja o que diz a universidade
O formato de aulas neste momento não é como o de um curso projetado para ser EaD, onde existe possibilidade de ter centenas de alunos em uma sala virtual e professores com pouca carga horária, acompanhados de tutores (com salários menores). O que temos neste momento são aulas de cursos presenciais mediadas por tecnologia, com turmas de, no máximo, 60 estudantes e professor com carga horária integral. Isso, na tentativa de darmos resposta às necessidades de cuidado com a saúde de estudantes e professores. Assim, não há comparação do formato atual, que tenta responder a uma pandemia, com um curso na modalidade EaD.
Quanto aos custos mencionados, é correto afirmar que há redução em alguns deles (energia elétrica, deslocamentos), enquanto as aulas ocorrerem de forma remota. Salientamos, porém, que esses custos são bem menos significativos em termos percentuais, comparando com o custo com pessoal, principalmente docente. A afirmação de que não foi necessário realizar investimentos para o formato de aula remoto está equivocada. Houve tanto a necessidade de investimentos em equipamentos quanto aumento de pessoal na área de apoio acadêmico.
No caso específico do Curso de Direito do Campus de Montenegro, temos um valor de mensalidade média bem aquém das demais universidades concorrentes, inclusive, comparando com uma delas, nossa mensalidade é a metade do valor, considerando o mesmo número de créditos matriculados.
Em relação à qualidade, foi realizada uma ampla enquete entre os dias 13 e 22 de abril de 2020. Essa enquete obteve a resposta de 2911 acadêmicos dos cursos de graduação, sendo 84,9% desse público composto por estudantes ingressantes antes de 2020. Em relação ao professor ser atuante e se colocar disponível para sanar eventuais dúvidas que possam surgir no decorrer da aula, 2.415 (82,9%) responderam que sim. Tal resposta demonstra a diferença entre ter no máximo 60 alunos, como no modelo atualmente empregado, para ter centenas de alunos, como no modelo EAD.
No caso de dificuldade de pagamento, em função dos efeitos do isolamento social, a UNISC está aberta à negociação da forma de pagamento. Este tema já foi consensuado entre a reitoria e representações estudantis (DCE, Conselho de DA’s, e Diretórios Acadêmicos), no dia 25/03/20. O aluno que estiver nessa situação pode procurar falar com o setor financeiro de atendimento ao acadêmico pelo telefone 3717-7438.