“Cão perdido na Celso Emílio Muller. Estava correndo atordoado com barulho de foguetes pouco antes da meia noite”; “Alguém conhece? Encontrado no bairro Progresso”; “Menina perdida no Residencial Timbaúva. Usa coleira”; “Minha cadelinha fugiu pela região do bairro Estação. Ainda não consegui achá-la”.
Frases e postagens como essas inundaram as redes sociais nesses primeiros dois dias do ano de 2019. Os diversos casos se relacionam a uma pauta antiga e polêmica no Município: o uso dos fogos de artifício com estouro durante celebrações como a do Ano Novo. Atordoando os animais, o barulho do item leva às fugas; e também traz consequências para idosos, enfermos e crianças.
Presidente da ONG Cachorreiros e Gateiros, Claudete Eberhardt aponta que as redes sociais são imprescindíveis na busca pelos cachorrinhos perdidos nessa época, mas diz que nem sempre o final dessas histórias é feliz. “Eu acho que em uns 60% dos casos se consegue que eles retornem para as famílias, mas alguns não voltam mais. Às vezes, eles acabam atropelados ou passam por algum acidente nessa fuga”, lamenta.
De contato direto recebido na página da ONG no Facebook, Claudete conta que registrou 12 casos de fugas de cachorros na cidade durante a virado do ano. “Fora os paralelos, que não são mensagens que chegam nas páginas, mas postagens que a gente vê em outros grupos”, conta. Ela avalia que, em comparação com outros anos, os casos aumentaram na passagem de 2018 para 2019.
“Os fogos são sempre um problema. E em pleno 2019, eles não são mais uma coisa de lazer necessária para a população”, opina. “Tem outras formas de estética que as pessoas poderiam utilizar, sem agredir os animais e nem os idosos e as crianças.”
A presidente conta que tem um animalzinho preso em casa, se recuperando de uma cirurgia. Com os fogos, mesmo em um local controlado e sem possibilidade de fuga, o cão ficou transtornado, arranhando paredes e subindo na máquina de lavar que fica na peça – comportamento longe do normal que apresentava sem o estresse proveniente dos estouros.
Claudete salienta, ainda, que os próprios tutores – em alguns casos – poderiam fazer mais para protegerem seus animais de estimação.
“Eu já sei o comportamento dos meus, e tento trancar eles bem, colocá-los em um lugar seguro onde eles não possam derrubar nenhum móvel e se machucar. Então eu acho que falta de as pessoas melhorarem um pouquinho a segurança deles nesses dias”, avalia. “Se sabe que tem medo, poderia cuidar um pouco mais, em minha opinião.”