EM ALGUNS CASOS, aumento mais que dobrou de um mês para outro
“Nem rico paga esse valor que estão nos cobrando!”, diz Eloá Gomes, moradora do bairro Cinco de Maio, em Montenegro, sobre as faturas de água que tem recebido nos últimos meses. Assim como ela, consumidores de diversos bairros da cidade relatam aumento fora do comum nos valores cobrados pela Corsan/Aegea.
Há meses, Eloá vem sentindo o aumento no bolso. Mas agora, após apertar o orçamento e parcelar a fatura de janeiro, ela não sabe como vai pagar os R$ 829,02 da conta que venceu nesta segunda-feira, dia 3.
A última vez que recebeu uma fatura abaixo de R$ 300,00 foi em junho do ano passado. Em julho, o valor pago foi de R$ 384,75; em agosto, R$ 550,80 e não parou por aí. Em dezembro, a fatura chegou a R$ 829,02. Para conseguir pagar, a consumidora solicitou parcelamento, e o valor foi dividido em 12x. A moradora diz que foi informada que poderia haver vazamento em seu imóvel, mas, segundo ela, não há. “A conta de janeiro baixou para R$ 352,99. Se tivesse algum vazamento, não iria baixar”, comenta.
“Não é justo, não tem como eu gastar toda essa quantidade de água, sendo que a gente lava roupa uma vez ou duas vezes na semana. Tem vezes que nem lava”, argumenta. Eloá conta que não tem piscina, o que poderia justificar parte do aumento no consumo de água. Para ela, a leitura do consumo mensal pode estar equivocada. As faturas dos últimos três meses mostram que o consumo de novembro – para pagamento em dezembro – teria sido 63m², a conta de janeiro apontou consumo de 30m², e a referente ao primeiro mês do ano traz 63m² de consumo, quantidade essa que para Eloá seria impossível ter consumido.
Dona Gêssi mora com o filho na rua Vereador João Vicente, no bairro Centenário. Em janeiro, ela pagou R$ 106,00 de água. Já em fevereiro, o valor cobrado é de R$ 230,00. “É um absurdo, a gente só usa água para lavar roupa e limpar a casa. O gosto da água é horrível. A gente usa água mineral pra tomar e fazer comida”, conta a cidadã.
“Estive na Corsan e me mandaram revisar o hidrômetro porque poderia ter vazamento, mas não tem. Um funcionário da Corsan chegou a vir aqui e viu que não tem nada errado”, explica Gêssi sobre os desdobramentos da situação.
Outro exemplo vem do bairro Estação, uma moradora recebeu a fatura de janeiro no valor de R$ 829,00. No mês anterior, o custo já havia sido alto, R$ 700,00, e ela precisou parcelar o pagamento para evitar o desabastecimento.
No bairro Santo Antônio, mais queixas. A consumidora, que pagava entre R$ 160,00 e R$ 180,00, recebeu nova fatura no valor de R$ 400,00. Ela questiona o aumento, principalmente diante dos episódios de falta de água e da quantidade de água suja registradas em janeiro.
Nas redes sociais, moradores de outros bairros relatam que enfrentam a mesma situação e pedem esclarecimentos sobre os altos valores das contas.
A Corsan Aegea foi contatada pelo Ibiá, mas, até o fechamento desta edição, não respondeu aos questionamentos encaminhados pela reportagem.
Vereador Talis vai levar queixas ao Ministério Público
O vereador Talis Ferreira tem recebido uma série de pedidos de ajuda de moradores que não sabem o que fazer com as altas contas de água. Ele chegou a ir até a casa de vários consumidores para averiguar os relatos e ver as faturas.
O vereador relata que os cidadãos precisam de esclarecimentos. Para ele, não é possível haver vazamento em tantos imóveis e em bairros tão distantes uns dos outros. Nesta segunda-feira, dia 3, Talis informou à reportagem do Ibiá que levará as reclamações dos moradores ao Ministério Público, para que o mesmo possa tomar as medidas cabíveis quanto ao tema.