Situação de emergência. Montenegro contabilizou cerca de mil pessoas atingidas. Momento é de avaliar prejuízos
A Defesa Civil do Estado esteve em Montenegro avaliando os estragos causados pelo temporal de domingo e auxiliando no decreto de Situação de Emergência. Somente na cidade, o número de atingidos passa de mil. De acordo com o responsável pelo setor no Município, Marcelo Silva, ainda ontem foi feito o levantamento das regiões mais atingidas. “Já ultrapassamos a marca das 300 residências tingidas. Acredito que esse número chega a 500”, afirma.
Na noite de domingo, a Defesa não dispunha de lonas para atender a demanda. O presidente da União da Associação dos Bairros (Umac), Airton Quadros, revelou preocupação com o fato. “Apesar de termos profissionais qualificados, não há material para ajudar. Vejo que, possivelmente, não tenhamos recursos financeiros para auxiliar as famílias”, revela Quadros.
A Prefeitura e órgãos de segurança trabalham no cadastro de famílias atingidas, no bairro Centenário; com os Bombeiros fazendo o corte de árvores; na captação e distribuição de lonas. Para fazer o cadastro e receber o material, as famílias devem procurar a Defesa Civil, no Parque Centenário. É preciso apresentar documento de identificação, número do NIS (do Cadastro Único) e declarar a situação que está a moradia, com registro fotográfico.
A Secretaria de Habitação e a Defesa Civil realizaram a classificação do material necessário para a recuperação das moradias e dos espaços públicos. “Agora é hora de montar equipes de trabalho para que a situação seja definida o mais rápido possível”, destaca o prefeito Carlos Eduardo Müller, o Kadu. Ele enfatiza que este momento é de pensar nas famílias que perderam suas residências. “Não vamos olhar a questão financeira do Município, mas verificar a necessidade de cada família, buscando atender da melhor forma”.
Caos e prejuízo após temporal
O temporal que atingiu o Rio Grande do Sul castigou, além das inúmeras casas destelhadas, as redes de distribuição de energia elétrica. Os ventos de até 120 km/h e alto volume de chuva causaram rompimento de cabos, avaria em equipamentos como transformadores e religadores. O meteorologista Gil Russo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), informa que não há previsão de situações como a de domingo por bastante tempo. Por enquanto, só volta a chover nesta sexta-feira.
O que atingiu a nossa região foi uma forte tempestade, mas que não foi um tornado. A mudança brusca de temperatura se deu devido ao alto calor e a alta pressão atmosférica.
A principal causa de interrupções de energia elétrica deve-se ao número de árvores que tombaram sobre a rede e objetos lançados contra o cabeamento das concessionárias. Com isso, o restabelecimento imediato ficou comprometido, deixando mais de metade de Montenegro completamente sem luz durante a segunda-feira. Antes de restabelecer a energia, a prioridade é a limpeza das redes e a retirada das grandes árvores.
O restabelecimento se dará de forma gradativa e por ordem de prioridade. Os primeiros a terem o fornecimento normalizado são serviços públicos, como hospitais, bombeiros, trânsito e polícia. Até o fechamento desta edição, o número de clientes desligados estava em 6.400 somente em Montenegro.
Conforme Lutero Fracasso, chefe da unidade da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), apenas o Centro da cidade tinha água até ontem. A situação foi normalizada mas, de acordo com ele, a água pode apresentar turbidez nos primeiros momentos. “É preciso fazer o expurgo dessa água para termos uma água límpida”.
“O pior é não ter como agir”
A loja Oba Oba Festas, na Ramiro Barcelos, foi atingida por incêndio de grande porte, por volta das 18h. Apesar de muita fumaça e fogo, foi a solidariedade que prendeu a atenção dos moradores do Centro e até de outros bairros, que ajudaram a cessar as chamas. O Corpo de Bombeiros conseguir controlar as chamas pelas 20h. Na manhã de segunda-feira, pequenos focos ainda existiam, sem risco de outro incêndio.
Guilherme Darlan Glier, um dos proprietários da loja, afirma que não há como dizer o princípio do incêndio. “Mas sabemos que uma parcela bem grande de ‘culpa’ foi do vendaval”. O próximo passo vai ser acionar o seguro e recuperar as perdas.
A loja tinha sete funcionários. Guilherme não estava na cidade quando as chamas iniciariam. “O pior é não poder fazer nada. Mesmo que estivesse ali na frente, não teria como agir”, lamenta.
Gerente da Rainhas das Noivas, estabelecimento ao lado do Oba Oba Festas, Cássio Fachini Flores, 25 anos, foi avisado do incêndio e imediatamente se deslocou até o local. De acordo com ele, extintores da loja que gerencia foram cedidos para tentar controlar o incêndio até a chegada dos bombeiros. Ele também precisou acionar o seguro. “Não sabemos as condições das mercadorias, já que há muita fumaça dentro da loja, e por tratar-se de materiais têxtil, o cheiro pode ter impregnado principalmente nos produtos não embalados.”
*Participaram dessa cobertura André Herzer, Daniele Angnes, Denis Machado, Jéssica Coitinho e Larissa Scherer Finger