Objetivo é conscientizar os comerciários sobre a importância e atuação da entidade no cenário político e econômico do país
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Montenegro (Sindicomerciários) lançou na noite da última quarta-feira, 16, a campanha “Tô fechado com o Sindicomerciários”, com a presença dos dirigentes sindicais e associados. A iniciativa tem como objetivo conscientizar os trabalhadores do setor sobre a importância de manter relação com a entidade representativa da categoria.
Durante o evento, o presidente do Sindicomerciário, Valdenir Oliveira, comentou que após a reforma trabalhista, aprovada em novembro do ano passado, a atuação dessas organizações passou a ter ainda mais relevância para a classe trabalhadora. Segundo ele, esse é o momento que tanto o sindicato, quanto os trabalhadores devem continuar unidos e construir caminhos possíveis frente às novas relações de trabalho. “Só vamos conseguir avançar e garantir a manutenção de direitos já conquistados se esse vínculo entre sindicato e empregados se fortalecer”, disse Oliveira.
A campanha “Tô fechado com o Sindicomerciários” é resposta ao cenário político e econômico conturbado em que o país atravessa. Entre muita polêmica e controvérsias, a reforma colocou fim na obrigatoriedade do imposto sindical, e o que para muitos é visto como uma tentativa de enfraquecimento dessas entidades de representação profissional, para outros, é uma oportunidade de mostrar a importância que essas organizações têm na defesa de direito e interesses dos trabalhadores.
Apesar dos retrocessos em muitos dos pontos alterados pela nova Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o presidente do Sindocmerciários ressalta que quando o sindicato cumpre com suas obrigações, é possível construir uma relação positiva entre patrões e empregados. “Um exemplo disso é a manutenção dos direitos já conquistados e um valor de reajuste salarial acima da inflação, na faixa de 5%”, disse Oliveira, se referindo às negociações que o sindicato tem feito diretamente com os empresários. “Os benefícios como auxílio-creche, quebra de caixa e horas extras estão sendo todos mantidos, sem nenhuma retirada de direito a partir dos acordos coletivos”.
O presidente do sindicato atribui esses avanços nas negociações à consciência que os empresários têm sobre a importância de uma mão de obra valorizada e qualificada. “Nos municípios onde atuamos, percebemos que apesar da resistência de algumas categorias de empregadores com relação aos acordos, a maior parte compreende que se o empregado tem um trabalho onde é valorizado e reconhecido, ele acaba se tornando muito mais produtivo e ambas as parte são beneficiadas”, complementou Oliveira.
Além de Montenegro, o Sindicomerciários representa os empregados do comércio em Barão, Brochier, Maratá, Harmonia, Pareci Novo, Salvador do Sul, São Jose do Sul, São Pedro da Serra e Triunfo.
Reforma com efeito inverso na avaliação do sindicalista
A Reforma Trabalhista proposta pelo atual Governo Federal teve como principal objetivo beneficiar as negociações entre trabalhadores e empregadores e fomentar o mercado de trabalho. Após seis meses da aprovação, o presidente do Sindicomerciário, Valdenir Oliveira, comenta que a proposta teve efeito inverso, e o cenário atual do país revela uma taxa de desemprego cada vez maior. “É notório que essa flexibilização não está sendo saudável para a economia do país”, salientou Oliveira, destacando a necessidade dos trabalhadores se manterem unidos.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PENAD) trimestral, no Brasil, falta trabalho para um total de 27,7 milhões de brasileiros atualmente. Os números foram divulgados na última quinta-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados mostram que a taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 24,7% no 1º trimestre de 2018, sendo a maior da série histórica da PNED Contínua, iniciada em 2012. O contingente de subutilizados também é o maior já registrado pela pesquisa.
Saiba Mais
Veja o que são considerados trabalhadores subutilizados e quantos estavam nessa condição no 1º trimestre de 2018 de acordo com a pesquisa:
13,7 milhões de desempregados: pessoas que não trabalham, mas procuram empregos nos últimos 30 dias. O Rio Grande do Sul está entre os estados com as maiores taxas de desocupação registrada (8,5%);
6,2 milhões de subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais;
7,8 milhões de pessoas que poderiam trabalhar, mas não trabalham (força de trabalho potencial): grupo que inclui 4,6 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e outras 3,2 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixaram i emprego para cuidar dos filhos.
Entidade critica a possibilidade de terceirização de atividades
Na análise do presidente do Sindicomerciário, Valdenir Oliveira, um dos piores pontos da reforma trabalhista é a terceirização, possibilitando que uma empresa terceirize sua mão de obra para executar determinada atividade. Outra questão também citada por Oliveira se trata da redução do horário para almoço. “O nosso sindicato não reconhece isso como um direito trazido pela reforma trabalhista”, disse o presidente. “Para atravessar a cidade de Montenegro, uma pessoa precisa de no mínimo de 10 a 15 minutos, então para ir e voltar, 30 minutos não é suficiente”.