MORADORES afetados se posicionaram contra estrada-dique
Na noite dessa quarta-feira, 14, a Câmara de Vereadores de Montenegro sediou uma reunião da Frente Parlamentar criada para debater ações para prevenir as cheias do Rio Caí. O encontro, solicitado a pedido do vereador Paulo Azeredo (PSDB), teve como objetivo discutir projetos existentes e permitir que a comunidade expressasse suas opiniões e preocupações sobre as ações a serem tomadas.
O evento começou com uma apresentação da Defesa Civil do Estado, conduzida pelo coronel Zanini, coordenador regional da Defesa Civil. Zanini destacou a importância de pensar na bacia como um todo e mencionou que muitos rios na região mudaram seus cursos após as recentes cheias históricas. “Temos que reavaliar esses locais de riscos no estado em cada município”, afirmou, ressaltando a necessidade de atualizar os levantamentos de áreas de risco.
O coronel também falou sobre os avanços recentes, como o repasse de recursos para os municípios, condicionado à criação de planos de contingência e defesa civil. “Muitos municípios não tinham plano de risco e coordenadores de defesa civil antes dos eventos climáticos recentes”, explicou Zanini. Ele destacou que a introdução de um fundo municipal de defesa civil foi uma das medidas tomadas pelo Estado para enfrentar a crise.
Entre os participantes, Giovani Bender, líder dos moradores afetados pelas enchentes, fez um desabafo contundente. “Estamos nessa luta desde 2010 e nunca fomos para lugar nenhum”, afirmou. Bender criticou a falta de ação concreta e lembrou de alertas feitos ainda em 2013 sobre a necessidade de medidas efetivas.
Os moradores presentes na reunião também voltaram a se manifestar contra uma estrada-dique, no município de Capela de Santana, que estaria impactando no nível das cheias do Rio Caí. Sérgio Schons, morador do bairro Olaria, se posicionou pedindo uma postura política mais firme dos vereadores e destacando que o interesse particular não pode estar acima do interesse público. Schons pediu ação imediata para proteger a comunidade e criticou a construção da estrada-dique. “Depois que foi construído o dique pelo pessoal que faz a plantação de arroz, nós moradores começamos a ouvir a noite uma cascata que é quando o rio transborda por cima do dique, o que tem aumentado o nível de água das enchentes”, afirma.
Fabrício Coitinho, representando a Associação Comercial e Industrial de Montenegro e Pareci Novo (ACI), abordou a complexidade dos problemas relacionados ao Rio Caí e a necessidade de ações além dos estudos existentes. Ele pediu que a força política fosse mobilizada para buscar recursos e soluções efetivas. “A ação não deve ser eleitoreira, mas focada na resolução dos problemas”, destacou Coitinho.
Em sua conclusão, o vereador Gustavo Oliveira (PP), que preside a Frente Parlamentar, enfatizou o propósito da reunião. “Essa frente foi criada para envolver a comunidade e buscar soluções reais”, afirmou. O parlamentar destacou a importância de não apenas discutir, mas também de buscar medidas concretas através do Ministério Público e de outras instâncias. Ficou definido que os vereadores irão em busca de mais informações sobre o andamento da denúncia protocolada pelos moradores em março deste ano contra a estrada-dique. Será solicitado que um advogado representando a comunidade, através da Câmara de Vereadores, possa integrar o processo para acompanhar a tramitação.