Pequenos grupos de moradores articulam mobilização política e buscam por melhorias na comunidade
Longe dos gabinetes e das instituições governamentais, pequenos grupos comunitários resistem ao tempo, lutam por direitos e provam que a política se faz com o envolvimento de todos. Presentes em diversas comunidades, as associações de moradores atuam questionando, cobrando e fiscalizando o serviço público. Com o passar dos anos, a baixa participação dos populares se tornou um problema. Mesmo assim, em Montenegro, 38 organizações se mantêm ativas.
Com o objetivo de desenvolver o exercício de cidadania e o envolvimento político local, as associações de moradores são importantes espaços para demandas das comunidades que, muitas vezes, passam despercebidas aos olhos do governo. Dentro desses espaços, o protagonismo fica por conta de pequenos grupos que aproximam as pessoas a partir da discussão de pautas e problemas que impactam no dia a dia de cada lugar. De acordo com o presidente da União Montenegrina de Associações Comunitárias (Umac), Airton Quadros, o município possui 54 associações comunitárias, distribuídas entre o perímetro urbano e o interior. “Mesmo com a diretoria interina, algumas delas continuam com os mesmos líderes, então, atuantes mesmo são apenas 38”, explica o líder comunitário, mencionando o mau uso dos recursos e falta de comprometimento como um dos principais motivos que levam à baixa adesão nas associações.
Em um cenário de esvaziamento, as associações de bairro que resistem e cumprem com o papel atribuído a elas, fazem toda diferença. No bairro São Paulo atua uma das associações mais antigas de Montenegro, fundada em meados dos anos 1970. Desativada por alguns anos, atualmente ela encontra-se em pleno exercício e foi reativada a partir da mobilização dos próprios moradores, que sentiram necessidade de retomar as atividades para discutir melhorias e demandas da local.
“Nosso objetivo é esse, promover o sentimento de pertencimento e de responsabilidade, assim, quando ela [comunidade] se sente pertencente, também passa a ser responsável pela mudança e pela construção do lugar”, declara o secretário da Associação Comunitária do bairro São Paulo, Victor de Oliveira. “Não é uma tarefa fácil. Ainda se encontra muita resistência, e a cultura do ‘isso aqui em Montenegro não dá certo’ é muito forte, mas com o pouco que fizemos, já se mostra que é possível”, celebra Oliveira.
Apoio público e privado é fundamental para o bom trabalho
Em um cenário de inúmeras demandas presentes nos bairros e localidades, muitas vezes não basta apenas a força de vontade e empenho dos moradores em transformar suas comunidades em lugares melhores. É preciso mais incentivo. Dessa forma, a iniciativa privada se torna fundamental para a atuação das associações comunitárias, que contam com o apoio de projetos e ações que visam o desenvolvimento desses lugares.
“A iniciativa privada é fundamental por várias razões. A primeira é que, de modo geral, as associações têm poucos recursos, principalmente financeiros, e para que ela consiga implementar projetos, tem que ter esse tipo de parceria”, comenta Victor de Oliveira. “Pode sim, buscar apoio público, porém, é muito mais demorado e burocrático e nem toda a associação tem capacidade técnica para acompanhar o poder público”, completa o secretário, destacando que não é apenas marketing e abatimento de impostos que as empresas se beneficiam, mas sim, da qualidade de vida, seja dos colaboradores ou clientes.
Desde março do ano passado, a Associação Comunitária do Bairro São Paulo participa do projeto Semeando o Futuro, da Global Communities Brasil. Dentro do projeto, está prevista a construção de um grande espaço de lazer, que será desenvolvido em quatro partes no terreno que pertence àentidade no bairro: uma academia ao ar livre, uma praça infantil, uma pista de caminhada e um salão comunitário. A estimativa é que tudo esteja pronto até outubro desse ano, mas a entrega irá depender dos cumprimos das exigências do projeto e da colaboração da comunidade.
O papel da associação na comunidade
De acordo com a Umac, o papel das associações vai muito além de reivindicar do poder público melhorias para a comunidade ou de organizar lazer para os cidadãos, sendo também, um conjunto de ações a serem desenvolvidas em defesa dos interesses dos moradores, em qualquer área que eles se apresentarem. A seguir, confira algumas formas de realizar a defesa desses interesses:
– Esclarecer, informar e formar;
– Unir e organizar os moradores;
– Reivindicar melhorias;
– Conhecer bem a comunidade, a região, a cidade, o país;
– Apresentar propostas;
– Fiscalizar as ações dos poderes públicos;
– Promover um mutirão, a solidariedade;
– Desenvolver projetos comunitários;
– Agir em conjunto com outras organizações;
– Promover atividades culturais e recreativas.
Associações comunitárias na promoção de cultura e bem-estar
Bastante conhecidas pelo protagonismo na luta por direitos básicos das comunidades, as associações comunitárias também promovem cultura e bem-estar social aos moradores onde estão inseridas. Longe dos grandes centros, são em datas festivas como a Páscoa, Dia das Crianças e Natal que, muitas vezes, essas entidades são as únicas a desenvolverem algum tipo de atividade junto à comunidade.
No Natal de 2019, Associação Comunitária do bairro São Paulo caprichou na decoração da Praça das Poesias e encantou os moradores com um lindo espetáculo de luzes, música e Papai Noel, que chamou à atenção pela riqueza de detalhes. No bairro Germano Henke, a simplicidade de uma arvore de Natal, feita pelos próprios moradores com a ajuda da associação comunitária, fez a alegria da criançada.