Entre gerações. Contamos a história de duas avós que, após criar os filhos, se dedicam aos netos
Vó é mãe duas vezes, dizem por aí. E basta olhar em volta para ver histórias desse tipo. A avó que ajuda filhos, genros e noras a criar os netos. Aquela que, mesmo sem zelar diariamente pela próxima geração da família, mantém o vínculo e espera os pequenos para o almoço de domingo. Elas são mães duplamente e, nesse dia especial, merecem todas as homenagens.
Neusa Marisa de Souza, 66 anos, é mãe de três mulheres: Sílvia Letícia, Karine e Patrícia. E avó de três netos, Norton, Suría e Pedro. Mas o trabalho de Neusa não se resume em preparar bolo e biscoitos aos finais de semana. Muito mais do que isso, ela divide com as filhas o cuidado pelos netos. “Eu ajudei a cuidar o Norton, que agora está com 23 anos. Agora ajudo a criar a Suría e o Pedro”, conta, cheia de amor.
Para ela, as crianças enchem a casa de amor e energia. Aliás, energia é o que não falta. “Eu não consigo seguir o pique deles. Dois anos é a idade da descoberta”, diz, referindo-se ao caçula Pedro Henrique. Suría, com cinco anos, é mais calma, revela a avó. Ela toma conta das crianças em algumas manhãs, durante a semana, e também os busca na creche. O cuidado é uma forma de auxiliar a filha, Karine, que trabalha fora. “Algumas avós acham que não têm obrigação de cuidar dos netos. Eu acho que tem que ajudar. Se tu pode, se tu tem tempo e disponibilidade, por que não vai ajudar a tua filha?”, questiona, entre um ‘puxão de orelha’ e outro no mais novo.
A vovó relata que procura sempre estar de acordo com a educação que a filha dá às crianças. “Eu mimo, mas também dou os puxões de orelha quando é preciso”. Apesar de toda a energia das crianças – que brincavam, corriam e faziam todas as atividades de duas crianças de 5 e 2 anos, durante a entrevista – Neusa se declara realizada em ser mãe e avó. “Família sempre em primeiro lugar”, diz.
Quando a avó também é mãe dos netos
Há casos em que o amor de mãe nasce na avó por circunstâncias incomuns. Em alguns casos, elas precisam assumir esse papel integralmente e acabam estreitando ainda mais a relação com os netos.
Exemplo dessas mães em dose dupla, Neiva Anjo de Oliveira, de 47 anos, tem uma história longa com a maternidade. Ela gestou três filhos – Cleonice, Cleverson e Valdinei – hoje com 28, 25 e 20 anos respectivamente. Apesar dos estarem criados, atualmente ela exerce mais uma vez a função de mãe. É que ela cria os netos Kauan Leanderson de Oliveira Camargo, de 7 anos, e Carlos Wellinton Camargo, com 8 anos.
Neiva deixou de ser a avó e se tornou a “mãe de seus netos” há aproximadamente três anos quando sua filha, Cleonice, após encerrar o relacionamento com o pai dos meninos, foi embora para Santa Catarina. Lá ela formou outra família e tem um bebê. O pai de Cleverson e Valdinei também não ficou com a guarda dos meninos, está em um novo relacionamento e tem outro filho. Ele paga pensão, mas não faz visitas regulares.
Com a renda que tem junto do esposo, que faz biscates, Neiva sustenta os netos. Ela recebe uma pensão do governo em função de um dos filhos ser deficiente. Além disso, trabalha nas colheitas de bergamota. “Não é fácil, eu me mato de trabalhar, mas não vou deixar faltar nada. Eu olho pra eles e não vejo netos, vejo filhos”, diz Neiva.
Nesse final de semana Neiva irá até a Escola Esperança, onde os meninos cursos 1º e 2º ano do Ensino Fundamental e assistirá a apresentação do dia das mães. Costuma ser assim. “Eles me chamam de mãe. Dizem que Cleonice é a irmã deles. Chegaram em casa e disseram ‘vai ter festa mãe e é pata tu ir’, eu fico emocionada sendo a mãe deles, mas sei que minha filha está perdendo isso”, revela a avó. Agora, porém, ela já não quer estabelecer a relação de apenas vó. “Agora eu já me apeguei muito a eles e os quero aqui. Eles dizem que vão crescer e cuidar da ‘mãe’ quando ela estiver velhinha”, conta ela, emocionada. Neiva Anjo de Oliveira, sem dúvida, é daquelas avós que merece festejar duplamente o Dia das Mães.