Adoção de animais cresce durante a pandemia

ONGs relatam que o abandono também é alarmante em Montenegro

A pandemia do novo coronavírus alterou a vida de muitas pessoas. Como prevenção à disseminação do vírus, medidas como o isolamento social e home-office foram tomadas, fazendo com que muitos se sentissem mais solitários. Nesse período também aumentou o número de adoções em diversas cidades do país. Em Montenegro, esse número quase triplicou no último mês em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Amoga.

Para se ter uma noção no ano de 2019 os meses de fevereiro, março e abril tiveram respectivamente 19, 35 e 31 animais adotados. Já em 2020, foram 36, 62 e 83. No último mês, que teve o maior aumento de casos e medidas mais rigorosas no município, a adoção de animais através da ONG subiu 167.7%.

Voluntária na Amoga, Gabriele Sarmento, relata que foi surpreendente o aumento. “Em março já foi bom, mas em abril foi bastante. Está tendo bastante adoção em maio”, diz. Segundo ela, a adoção sempre é importante para os animais resgatados, mas ao mesmo tempo ocorre uma preocupação. “Talvez nesse período de quarentena as pessoas estejam se sentindo sozinhas por estarem mais em casa e resolvem adotar o animal. A nossa preocupação é que talvez depois que tudo isso passar, se esses animais irão continuar tendo espaço nas famílias”, desabafa.

Com critérios rígidos de adoção, a Amoga preza por adotantes que tenham pátios fechados, nunca acorrentem os animais e os castrem. A castração é a baixo custo, subsidiada pelo grupo, que busca diminuir o número de abandonos de fêmeas prenhas e de filhotes. “Estamos muito longe do que seria o ideal, mas acho que com esse trabalho de formiguinha a gente consegue diminuir bastante”, diz Gabriele.

E não foi só o número de adoções que subiu no município, o número de animais abandonados também cresceu, principalmente no início da pandemia, em março. “Teve no início em março. Nós vimos até em outras ONGs e grupos do País todo. Agente teve aqui em Montenegro também, muitos adultos abandonados”, comenta a voluntária.

Quem também notou esse aumento de abandono foi Claudete Eberhardt, integrante do grupo Cachorreiros e Gateiros, que há cerca de seis anos luta pela causa animal no município. Segundo ela, a ONG não teve um aumento significativo de adoções, mas também de abandonos.

A grande maioria são animais adultos e fêmeas com ninhadas, tanto de gatos como cachorros. “No início da pandemia teve uma leva de abandonos que a gente chegou a cogitar que era pela ignorância das pessoas, por achar que o animal poderia transmitir a doença para o ser humano. Tem muitas notícias falsas nas redes sociais, que infelizmente influenciam pessoas de pouco conhecimento”, fala. Claudete ressalta que o coronavírus canino não é o mesmo do ser humano, e segundo veterinários, o vírus canino não é transmitido para nós.

Claudete relembra o caso recente de um cão adulto que andou durante três semanas nas ruas da cidade em uma situação avançada de bicheira na cabeça, e ninguém ajudou. As voluntárias o recuperaram, e até castrado o animal foi, com ajuda de uma clínica. “Estava muito judiado; parece que as pessoas estão insensíveis”, fala.

Não é novidade para ninguém os inúmeros benefícios na relação entre humanos e animais. Mas assim como eles nos trazem esse bem-estar, também precisamos zelar e cuidar para que eles vivam saudáveis e felizes ao nosso lado. A adoção deve ser pensada previamente, com cautela, e além disso, ajudar um animal indefeso só trará coisas boas na vida de quem está disposto a investir na relação.

Uma oportunidade de felicidade

Cara de bravo, mas na verdade é um amor. Essa poderia ser a descrição de uma pessoa qualquer, mas na verdade é do Urso, um cão jovem adulto que depois de sofrer zanzando pelas ruas foi adotado por Renata de Oliveira. Há cerca de um mês com a nova adotante, o cachorro se sente em casa, e segundo ela, já faz parte da família.

Cachorro resgatado, já recuperado indo para castração

Adotado em meio à pandemia, Urso estava pelas ruas do Centro de Montenegro com muitos bichos na cabeça. Resgatado pela Amoga e levado para a clínica veterinária da prima de Renata, ele teve a segunda chance de viver. “Ele foi para um lar. A mulher queria muito ele, mas ele brigou com outro cachorro, e não se adaptou, e como eu recém-terminei a minha casa, eu quis”, conta a adotante. A idéia deu tão certo que Urso até se adaptou com a cachorrinha de Renata.

Comissária de bordo, a montenegrina passa alguns dias fora de casa, mas em período de férias aproveitou o momento para realizar a vontade de ter mais um cão. “A questão de ficar mais em casa não foi o único motivo, mas talvez se eu não estivesse tanto aqui eu não teria presenciado a situação dele. Muitos passaram pela pet e eu não adotei”, declara. Apesar de ainda não ter retornado ao trabalho, Renata já tem planos para que Urso fique bem e em segurança. “Quando eu viajar ele vai ficar sozinho, mas como todo mundo da volta são praticamente meus parentes então eles podem vir aqui cuidar dele, dar comida”, diz. Muito feliz com a nova companhia, a comissária conta que se sente até mais segura com o amigo.

Quem também aproveitou esse período para realizar uma vontade antiga foi a advogada Carolina Pereira, que há pouco mais de um mês adotou a Nina Mel. Recém-castrada, Nina foi da clínica direto para a casa da nova família. “Eu tinha dois cachorros. Aí faz uns dois anos que um deles morreu e eu fiquei só com um, e fazia tempo que eu estava querendo, mas eu estava naquele processo de convencimento da minha mãe”, conta Carolina.

Nina Mel foi abandonada prenha e debilitada

A mãe estava com receio, pois o outro cachorro já é idoso, acabou cedendo ao argumento da filha. “Eu disse para nós aproveitarmos essa época que eu estou direto em casa, até pela questão da adaptação, e ela aceitou”, diz. Fazendo home-office, a advogada viu no meio da pandemia a oportunidade e acabou quebrando expectativas.

A idéia inicial era adotar um filhote. Em contato com a ONG recebeu fotos da ninhada de Nina, que tirou a sorte grande. “Eu olhei a foto e achei muito parecida com uma cachorrinha que a minha vó teve há muitos anos atrás, eu mostrei pra mãe e entrei em contato com a família temporária que ela estava e fui conhecer. E quando vi ela, me apaixonei”, fala.

Segundo ela, quando Nina Mel foi resgatada estava com sarna, prenha e até com uma coleira, evidenciando o abandono. “Eles são um serzinho pra sempre, não são descartáveis. Tem que ter atenção; tem que ter cuidado; tem que ter amor; e são os parceiros por resto da vida. É um companheirismo 24h; estou gostando muito”. Apesar da adaptação mais difícil no início, agora Nina Mel já está bem à vontade na nova casa. “A impressão que dá é que eles são eternamente gratos”, completa Carolina.

Pensando em adotar?
– O animal é compatível com o seu estilo de vida e perfil familiar?
– Todos da família estão de acordo?Quanto menor é a sua casa, menor deve ser o cão. Cachorros grandes, em um ambiente pequeno, podem ter problemas de adaptação.
– Terá espaço suficiente para ele?
– Ao voltar para a sua rotina normal, você terá o tempo e a disposição que o pet necessita?
– Se você for tirar férias, tem como levá-lo, com quem deixá-lo ou condições para pagar um local?
– Se você já tem outro animal em casa, há possibilidade de adaptação?
– Terá condições para castrar, levar ao veterinário quando necessário e realizar as vacinas?
– Tem como proporcionar uma alimentação de qualidade?
– Terá tempo e disposição para dar carinho e atenção?
Se a resposta para todas as perguntas foi sim, entre em contato com a Cachorreiros e Gateiros e a Amoga através do Facebook, e dê a chance de uma vida digna para um animalzinho.

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