Evento ocorreu em nível estadual e, em Montenegro, voltou-se ao prédio da Prefeitura. Foram só cinco pessoas
Foi promovido ontem, pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC), o evento “O Rio Grande abraça o Patrimônio Cultural”. A ideia era mobilizar as cidades gaúchas simultaneamente para um abraço simbólico em prédios com valor histórico e cultural. Em Montenegro, a iniciativa voltou-se ao Palácio Rio Branco – sede da Prefeitura – mas registrou baixa adesão. Apenas cinco pessoas participaram.
Pelo Estado, mais de 50 cidades compraram a ideia. De acordo com o presidente do CEC, Marco Aurélio Alves, o gesto buscava uma conscientização. “É um descaso muito grande que a gente observa e são poucos os municípios com alguma política de preservação deste patrimônio. Queremos conscientizar, acima de tudo, a população. Porque nem adianta o poder público estar conscientizado se a população não respeita a própria memória”, coloca.
Em Montenegro, a arquiteta e integrante do Movimento de Preservação do Patrimônio Histórico, Letícia Kauer, recebeu o convite do Conselho há cerca de duas semanas e repassou aos colegas interessados. Ela conta que, nesta semana, encaminhou, via redes sociais, o mesmo convite à Câmara de Vereadores e à Prefeitura Municipal. Marcado para as 12h30 de ontem, os cinco presentes aguardaram até por volta das 12h50 para o ato e acabaram realizando-o mesmo com a baixa participação.
“A gente questiona quais que são os valores de Montenegro”, colocou Rafael Altenhofen, junto dos companheiros. Além dele e de Letícia, estavam presentes Edson Luiz Vargas da Silva, Signe Hetzel e Soledad Rodrigues – cidadãos envolvidos com o Movimento e preocupados com a preservação da história e da memória montenegrina. Mesmo com o tempo chuvoso, eles frisaram que a falta de apoio evidencia o que o grupo já passa no dia a dia. “É um grupo pequeno, mas preocupado. Nunca duvide do que um pequeno grupo é capaz de fazer”, salienta Altenhofen.
O abraço no Palácio foi uma escolha do próprio grupo quando recebido o convite do CEC. A decisão se deu pelo mau estado de conservação da edificação – que evidencia todo o intuito do evento. O prédio é de 1922 e, por dentro, apresenta rachaduras e infiltrações e tem falta de vidros, dentre outros defeitos. Como pontua o arquiteto Leonardo Garateguy – apoiador do Movimento, mas que não pode comparecer ao “abraço” – “seu estado de degradação é fruto de descaso e falta de entendimento do que realmente é o patrimônio”.
Na segunda, apoio à preservação foi questionado na Câmara
Com membros do Movimento, discutiu-se na Câmara de Vereadores na última segunda-feira (25) o mesmo ponto abordado pelo evento de ontem: a preservação do patrimônio. Voltou-se a falar na proposta de uma lei – tema que se estende desde 2012 – que proteja os prédios históricos, crie benefícios para seus donos, puna más práticas e crie um Conselho Municipal de Preservação que fique responsável por um maior controle.
O texto, hoje, tem 42 artigos. A discussão desta semana foi proposta pelo vereador Neri de Mello Pena (PTB). Foi esclarecido que há algum impasse na Procuradoria Geral do Município – onde se encontra o projeto hoje -, que ficou de repassar algumas alterações para o Movimento, mas ainda não o fez. O Executivo se comprometeu na reunião a entrar em contato com o setor, para agilizar este retorno e dar andamento aos trâmites para que o projeto chegue aos vereadores para votação. Não foram prometidas datas.