Ao longo da história da democracia brasileira, ocorreram inúmeros momentos e formas de insatisfação política e social. Em alguns momentos esta insatisfação foi manifestada de forma criativa nas urnas. Antes de 1996, as cédulas de votação ainda eram de papel, o que permitia que o indivíduo pudesse votar em quem quisesse – até mesmo em candidatos que não existiam, ou seja, que não estavam registrados.
O prefeito mosquito
Em 1987, houve um surto de dengue na cidade de Vila Velha/ES. E com isto uma grande insatisfação com o poder público municipal, que não interviu com medidas eficientes contra o transmissor e os focos do mosquito na região. Como forma de protesto e de chamar a atenção das autoridades para a situação, a população elegeu o candidato “mosquito”, que obteve 29.668 cédulas com seu nome depositado nas urnas, mais do que o candidato Magno Pires da Silva, que ficou em segundo lugar, com 26.633 votos.
Apesar da vitória, os votos angariados pelo candidato mosquito foram anulados pela Justiça Eleitoral do Estado do Espírito Santo. Dessa forma, tomou posse o segundo colocado na votação. O novo prefeito, após a posse, iniciou medidas de combate à doença e ao transmissor.
A proliferação da dengue em centenas de cidades brasileiras, no momento atual, até poderia merecer uma forma de protesto criativa, porém com voto eletrônico, não será mais possível votar no Aedes aegypti, popularmente chamado mosquito da dengue.