O ano de 2023 não foi fácil para as startups. Inflação, taxas de juro elevadas e instabilidade geopolítica atingiram os investimentos de capital de risco, resultando em um recuo de 56,8% no total de investimentos em startups brasileiras. De acordo com um levantamento do Distrito, os aportes no Brasil caíram de US$ 4,4 bilhões em 2022, para US$1,9 bilhão em 2023.
Essa redução do investimento levou as startups a estudarem seus modelos de hipercrescimento e um questionamento se fez presente: como transformar o rápido crescimento dos primeiros anos em um negócio sustentável no longo prazo?
O primeiro passo é garantir que os produtos e serviços da startup continuem atendendo às necessidades do público-alvo. Foque em soluções escaláveis que atendam aos clientes sem aumentar os custos de produção. No início, é melhor focar em uma ou algumas linhas de negócios, aprimorá-las e só depois lançar novos produtos ou serviços. O público-alvo também deve ser selecionado cuidadosamente. Para uma startup pode ser valioso atingir um grupo seleto de pessoas que têm necessidades específicas.
Outra ação interessante é tentar prever mudanças no seu mercado. Um time que avalia antecipadamente as necessidades de um determinado segmento pode vir a desenvolver uma solução para atender esse público. Para isso é preciso ter consciência de qual inovação você quer implementar no segmento: produto, processo ou estratégia de vendas e focar sua atuação nisso. No entanto, é importante criar diferentes níveis de inovação, porque as startups que se tornaram globalmente bem-sucedidas são aquelas que, mesmo em momentos adversos, desenvolveram produtos, processos e estratégias de vendas de forma otimizada.
Construir um relacionamento de confiança com seus investidores é outro passo importante para ter um crescimento sustentável. Comunicar de forma transparente seus investidores sobre os avanços e desafios da empresa e ter uma boa relação com eles, principalmente, a longo prazo, são condições importantes para que os fundos apoiem ainda mais o crescimento do negócio.
Neste cenário, também é crucial selecionar criteriosamente os colaboradores. Em uma realidade em que a evolução da startup ocorre rapidamente, é importante sempre manter viva a cultura e os valores que movem a companhia, transferindo-os aos colaboradores desde o processo de contratação.
Por fim, é preciso garantir a sustentabilidade do modelo de negócio. Para isso, é preciso chegar ao ponto de lucratividade – primeiro com cada um dos clientes e, depois, do negócio como um todo. Tudo isso com foco na cultura e nos valores da empresa e no crescimento da equipe.
Estes são desafios difíceis de enfrentar, especialmente quando o ecossistema tecnológico enfrenta mais adversidades do que quando despontou. Muitas startups não conseguem crescer por não estarem suficientemente maduras para este momento. Por esta razão, é ainda mais importante ter uma visão clara do aspecto financeiro da empresa – a lucratividade precisa estar em primeiro plano. Ser flexível e mudar, se houver necessidade, seu modelo de negócio e até sua mentalidade, é primordial para aproveitar as oportunidades quando elas surgirem.