Projeto de lei que libera a comercialização em estádios do RS foi aprovado na Assembleia Legislativa, nesta terça-feira. Montenegrinos apoiam a liberação
“Não tem que proibir a venda das bebidas, o melhor caminho é tentar educar as pessoas”, comenta Leonardo Freitas, 33 anos, sobre o projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa na última terça-feira, referente à liberação da venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol do Rio Grande do Sul. O assunto gera polêmica e o projeto precisa ser sancionado pelo governador para entrar em vigor, mas os torcedores da dupla em Montenegro são favoráveis à liberação.
O gremista Matheus Ferreira, 21 anos, acredita que o debate tem a ver com a educação das pessoas que frequentam os estádios. “Há quatro anos, tivemos a Copa do Mundo aqui no Brasil. A cerveja era liberada e não tivemos nenhum incidente por causa disso. Sei que muita gente é contra, pois alegam que a bebida alcoólica gera violência nos estádios, mas não concordo, porque isso vem da educação de cada um”, pontua.
A lei atual, que está em vigência desde 2008, proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas na parte interna dos estádios do RS. A partir da entrega do novo projeto pela Assembleia Legislativa ao Executivo, o governador do Estado terá 15 dias para sancionar ou vetar a ideia. Esse prazo significa que, caso o governador José Ivo Sartori não se posicione, ficará a cargo de Eduardo Leite, a partir de janeiro de 2019, dar o aval ou não. A Brigada Militar e o Ministério Público são contra à liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios.
Autor do projeto de lei, o deputado Ciro Simoni argumenta que atualmente os torcedores bebem no entorno dos estádios e, portanto, não faz diferença proibir a venda de bebidas dentro dos locais dos jogos. A ideia é que a comercialização fique liberada até o intervalo das partidas e depois dos jogos.
Para o colorado Leonardo Freitas, consumir bebida alcoólica no estádio de futebol é igual beber em um bar ou em uma festa. “É o mesmo efeito. Não vejo pontos negativos em liberar a venda. Eles proibiram por causa de uma questão de violência no estádio, mas o que estávamos vendo nos últimos anos, é que as pessoas ficam no entorno do estádio tomando sua cerveja até minutos antes de começar a partida, aí entram na hora que começa o jogo”, frisa.
Além da violência, Leonardo também cita a questão de ‘beber e dirigir’, que tem peso para a lei que está em vigência há 10 anos. “A proibição também tinha ligação com o fato das pessoas que bebem e dirigem, só que isso nunca deixou de acontecer. Esse aspecto vem da tua criação e da tua consciência. Com a liberação, os bares da parte interna dos estádios vão poder comercializar e por consequência faturar. Isso também pode fomentar a entrada dos torcedores mais cedo no estádio. Apoio a venda”, enfatiza.
Integrante do movimento “O Povo do Clube”, Leonardo defende que a punição deve ser para as pessoas que cometam erros, não para todos os torcedores. “Sempre achei errada a proibição. Em outros estados, a venda de bebidas alcoólicas já está liberada há mais tempo. Não adianta punir todos pelos erros de alguns. Quem fizer algo errado, tem que ser punido e pronto. A bebida no estádio é algo que faz parte da cultura da torcida”, conclui Leonardo.
Torcedores acreditam que confusões independem da bebida
Em Montenegro, a aceitação da nova lei é unânime. Os torcedores de Inter e Grêmio ponderam que as confusões registradas nas arquibancadas não dependem do consumo de bebida alcoólica. “Quem quer fazer maldade, já vai intencionado para isso. Não é a bebida que leva a pessoa a cometer algum ato de violência dentro do estádio. Sou a favor (liberação da venda). Para mim, não tem nenhum problema, desde que as pessoas saibam se controlar”, afirma o colorado Felipe Cittó, 27 anos.
Para o tricolor Leonardo Alex, 22 anos, a proibição da venda na parte interna do estádio intensifica o consumo dos torcedores no entorno dos locais das partidas. “No meu ponto de vista, o resultado disso foi o mesmo que não ter proibido, pois os torcedores, provavelmente, beberam mais no entorno do que consumiriam se fosse liberada a venda do lado de dentro do estádio. A liberação também possui um viés econômico para o clube proveniente da receita das bebidas”, ressalta.
Agora, resta aguardar para saber se o governador do Estado vai dar o aval para que o projeto de lei entre em vigor no próximo ano.