Skate. Indignados, moradores do bairro alegam desinteresse da Prefeitura Municipal. Vereador promete correr atrás
“Cinco anos perdidos”. É assim que Rodrigo Ávila, vice-presidente do Grupo Organizado de Skate (GOS), define a sensação de ver a verba destinada à construção da pista de skate do bairro Aeroclube perdida pelo Município. Três gestões se passaram na Prefeitura, mas a obra não saiu do zero e a demora da Administração Municipal acarretou na perda dos R$ 274 mil, oriundos de uma emenda parlamentar do deputado Henrique Fontana (PT).
O pontapé inicial para a construção da obra se deu em julho de 2013, quando a Administração Municipal encaminhou à Câmara de Vereadores um projeto de lei abrindo crédito de R$ 274.455,71. Com a maior parte do recurso oriundo da União, coube ao Município a contrapartida de R$ 30.705,71.
Prefeito da cidade em 2013, Paulo Azeredo argumentou na época que parte da demora era fruto da necessidade de adaptações no projeto inicial, realizadas em 2014 por uma empresa contratada pela Prefeitura. Somente no dia 30 de janeiro de 2015, a Caixa Federal autorizou o Município a abrir a licitação para execução da obra. Mas o impasse seguiu.
Um dos motivos pelo qual a construção da pista não avançou foi a não realização de análise do solo no local da obra. “Não fizeram no início, aí depois alegaram que o solo era muito úmido. Aterraram e foi só. Apenas isso que foi feito na obra. O processo licitatório ficou parado por meses, por anos, devido ao desinteresse da Administração Municipal”, lamenta Rodrigo. Em julho de 2015, a Prefeitura Municipal anulou a licitação para a execução da obra.
Apesar da correria de Rodrigo e do presidente do GOS, Adiner Campos, em busca de informações e explicações sobre o projeto, a obra não saiu do lugar. Até que no dia 27 de setembro deste ano, Montenegro perdeu a verba destinada à construção da pista. “Foram cinco anos de muitas lutas e batalhas, de muitas pessoas envolvidas. Um sonho perdido por incompetência e desinteresse. O que mais me deixa triste é que a Prefeitura não se manifestou em momento algum”, salienta Rodrigo.
Decepcionado com o desfecho do projeto, o vice-presidente do Grupo Organizado de Skate da cidade critica as três gestões mais recentes da Prefeitura de Montenegro. “A revolta da classe esportiva é muito grande, mas essa perda não afetou só o pessoal do bairro, mas todos os interessados. Amigos de Santa Catarina ficaram muito chateados com a notícia. Essa incompetência das três gestões é uma vergonha para o município. Mas, isso não vai ficar assim”, afirma.
Morador do bairro e vizinho do local onde seria construída a pista, Luiz Fernando Cauduro espera explicações da Administração Municipal após a perda da verba. “O povo está cansado disso. Qual explicação eles vão dar agora? Nós temos que explicar para os moradores a situação. A única coisa que dizem para nós é que não têm dinheiro. Isso indigna, foram cinco anos jogados fora. O dinheiro investido foi em vão, pois não fizeram nada”, diz.
Irritado com a notícia dos recursos perdidos, Luiz Fernando cobra uma visita da Administração Municipal no bairro, para verificar a situação da rua União. “A população da rua União está aguardando a visita do prefeito para ver a situação da rua esburacada. A gestão passada fez a pracinha aqui e cuidava. Agora, o bairro está atirado para as cobras”, aponta.
Risco de demissão, frustração e esperança
Presidente do Grupo Organizado de Skate, Adiner Campos também se mostrou indignado com a notícia da perda da verba destinada à construção da pista de skate no bairro Aeroclube. Apesar disso, ele diz ter esperança na construção da pista em um futuro breve.
“A esperança é a última que morre, mas pela realidade e burocracia do nosso país, podemos dizer que o sonho se foi. A não ser que alguma empresa queira doar uma verba ou mandar fazer uma pista de skate sem contar com o governo, aí nosso sonho se torna realidade”, frisa.
Adiner lembra que correu o risco de ser demitido do seu emprego ao sair em horário de trabalho para participar das reuniões sobre a execução da obra. “Estou decepcionado, pois não podemos contar com nossos governantes, não temos a quem recorrer. Meu sentimento é de indignação, porque perdi muito tempo correndo atrás do vento. Saí em pleno horário de trabalho para ir a reuniões que não levaram a absolutamente nada”, revela.
Vereador garante que vai correr atrás
Não são apenas os moradores do bairro Aeroclube que estão chateados com a perda da verba da pista de skate. O vereador Felipe Kinn da Silva (PMDB) também ficou frustrado com a notícia da perda do dinheiro, e revela que a gestão atual da Prefeitura Municipal tentou prorrogar o prazo da licitação, mas não foi possível. “A empresa contratada teve cinco dias para regularizar a verba, mas não quis assumir, e o Município não conseguiu licitar novamente, apesar de tentar prorrogar o prazo mais uma vez”, garante.
Felipe Kinn afirma que existe a possibilidade do Município conseguir recadastrar o projeto em Brasília, mas começaria tudo da estaca zero novamente. “A ideia é continuar apoiando e correndo atrás. Chance (de recadastrar o projeto) até tem, mas começa do zero. Alguém tem que se dispor a abraçar a ideia também. Se eu pudesse correr atrás antes, sem dúvidas que faria. Não sei se era má vontade ou incompetência das gestões passadas, mas com certeza foi uma soma de fatores”, diz o vereador.