Os bares do Centro de Montenegro foram tomados por um mar azul, preto e branco. O clima antes da final do Mundial de Clubes entre Grêmio e Real Madrid era de apreensão e expectativa entre os torcedores do time gaúcho. Afinal, não era por menos. Em Abu Dhabi, a equipe gremista enfrentaria a maior equipe do planeta, capitaneada por um monstro chamado Cristiano Ronaldo, detentor de cinco títulos de melhor jogador do mundo e multicampeão pelo time espanhol.
Mas o embate contra o gigante europeu não abalou a confiança do lado azul de Montenegro. Em um dos bares, a torcida entoava cânticos como se estivesse no estádio Zayed Sports City empurrando os atletas. E, por falar no CR7, a cada chegada mais dura no astro português, a turma comemorava quase como se tivesse sido um gol.
Tambores marcavam o ritmo da festa. Quando a partida foi para o intervalo com o placar zerado, a esperança aumentou, embora a tarefa de alcançar o topo do planeta não fosse das mais fáceis. O policial militar Carlos Araújo, 29 anos, acreditava. “Eu acho que estamos no lucro, na vantagem de estar empatado em 0 a 0. Mas estou confiante na vitória por 1 a 0 no segundo tempo”, disse.
A expectativa do estudante Otávio Augusto Polini, 16 anos, era outra. Vestindo a camiseta merengue, ele secava o principal rival do Inter. “Só deu Real. Acho que vai dar uns 2 a 1”, projetou antes do início da etapa complementar. Ele diz ter sido tranquilo andar com o uniforme do Real em meio aos gremistas. “Por enquanto tá, só tomei uns dois xingões”, divertiu-se.
Como já é sabido, o troféu teve como destino Madri e será mais um belo adorno na imensa sala de conquistas do estádio Santiago Bernabéu. Isso arrefeceu o ânimo dos gremistas? Da maioria dos presentes no Centro de Montenegro, não.
Ninguém gosta de perder, óbvio. Mas eles celebraram na rua Ramiro Barcelos, cantando, pulando e soltando foguetes pelo orgulho de serem gremistas. “Nós seremos campeões da Recopa. Pelo Grêmio, nada é ruim. Pelo Grêmio, tudo vale a pena”, disse o garçom Anderson Pinheiro, 30 anos. “Foi uma falha nossa só. Um a zero é título para nós”, conformou-se o eletricista Edílson de Matos, 23 anos.