Futebol feminino. Raíssa, Manuela e Mirian atuam nas categorias de base do Fera
Não é fácil para as mulheres jogarem futebol no Brasil, mas aos poucos, elas estão conquistando o espaço que já deveriam ter no esporte. Nas categorias de base, não é diferente. Elas sofrem preconceito, têm poucos campeonatos para disputar e em muitos casos, precisam fazer um grande deslocamento para treinar, já que não há equipes e escolinhas em várias cidades e regiões do País.
Em Montenegro, as talentosas Raíssa Nunes de Deus, Manuela dos Santos Werner e Mirian Camila Coimbra dividem a bola com os meninos na base do Fera e aguardam ansiosamente a primeira oportunidade em uma competição oficial. Elas treinam duas vezes por semana, nas terças e quintas pela manhã, no campo da Tanac. Outro grupo de meninas treina com o projeto da cidade nos mesmos dias, mas na parte da tarde.
Além da ansiedade e da vontade de disputar pela primeira vez um campeonato pelo Fera, as meninas compartilham o mesmo sonho: jogar futebol profissionalmente. Inspiradas por Marta, melhor jogadora do planeta, as três jovens não se intimidam por dividir o mesmo espaço com os meninos e lutam juntas contra o preconceito existente dentro e, principalmente, fora das quatro linhas do campo.
“Em um amistoso que joguei, me falaram que lugar de menina não era no campo. Já cansei de falar que vou estar onde eu quiser”, enfatiza Raíssa Nunes, 13 anos. Ela começou a jogar futebol aos seis, junto com o pai, que sempre a incentivou no esporte. “Sempre quis treinar em uma escolinha. E ter outras meninas junto é um incentivo a mais, porque é raro ter meninas mais novas jogando futebol”, acrescenta.
Em relação aos treinamentos, Raíssa aponta a maior dificuldade enfrentada por ela e pelas outras meninas do Fera. “É o drible, principalmente contra os meninos”, salienta.
Aos 12 anos, Manuela também se sente melhor na escolinha ao lado de outras garotas. “Comecei a jogar na escola, com 9 ou 10 anos de idade. Sempre fui uma das únicas meninas que jogava futebol na escola. Os professores ajudam, param o jogo para ensinar as jogadas e passar instruções. Ela (mulher) pode fazer tudo o que quiser”, reforça.
Assim como Raíssa, a jovem Mirian, 13 anos, também deu seus primeiros toques na bola com o pai, aos sete. Ela destaca o apoio dos pais e lamenta que o preconceito esteja presente também dentro do campo. “Os guris não gostam de passar a bola para nós (meninas), por acharem que vamos perder a bola. Isso acontece em todos os lugares que jogamos”, relata a atleta.