Aventura. De Canela a Garopaba, ciclistas locais detalham experiência
Entre os dias 10 e 16 de dezembro, três montenegrinos encararam uma aventura pra lá de desafiadora entre a Serra gaúcha e o litoral catarinense. De mountain bike, Maiquel Beneton, Cleiton Schreiner e Rodrigo Rodrigues, o Chefia, pedalaram 631 quilômetros em sete dias, no desafio Da Serra ao Mar, que iniciou em Canela e teve como ponto de chegada a praia de Garopaba, em Santa Catarina. Para chegar ao destino final, o trio pedalou por mais de 36 horas.
A preparação para uma viagem como esta precisa ser especial. Além de muitos treinamentos, os ciclistas precisam estar “abastecidos” para evitar imprevistos durante o percurso. Para a trip, os montenegrinos levaram um kit de alimentação com sanduíches, ovos, barrinhas de cereal, amendoim salgado, mochila de hidratação, repositor energético e gel carboidrato.
Em relação a acessórios para a bicicleta, cada ciclista levou câmara reserva, bomba, emenda de corrente, gancheira (suporte entre o câmbio e o quadro) e ferramentas básicas. Kits de primeiros socorros e cobertores térmicos também fizeram parte da bagagem levada pelos ciclistas locais.
“Como qualquer atividade física, o mountain bike traz inúmeros benefícios ao praticante. Mas entrar numa viagem de bike de 630 km, sendo mais de 12 mil metros de altimetria, conhecer lugares fantásticos e superar os próprios limites físicos, foi um lance incrível. A sensação de concluir a trip é indescritível. De fato, foi uma oportunidade única, principalmente de convívio e de fazer novas amizades”, declara Cleiton Schreiner.
O trio montenegrino detalhou a inesquecível experiência “Da Serra ao Mar”. Confira:
1° dia – Canela / São Francisco de Paula (80 km)
No dia 10 de dezembro, os montenegrinos Maiquel Beneton, Cleiton Schreiner e Rodrigo Rodrigues (Chefia) se encontraram com os outros 10 ciclistas que também fariam o desafio. O ponto de encontro foi a Catedral de Pedra, em Canela, às 6h30min. Além dos atletas gaúchos, participantes de Santa Catarina, Paraná e São Paulo receberam, no local, as instruções finais da viagem.
Todos tinham um GPS com a rota estabelecida, além de um rastreador GPS Spot (equipamento de rastreamento e socorro). Um veículo de apoio para a bagagem e os acessórios das bikes reservas dos atletas também acompanhou o grupo. Então, foi dada a largada para a aventura.
“Passamos pelo Parque das Cachoeiras. Neste trecho, encontramos a nascente do Rio Caí, e ver nosso rio com águas cristalinas e puras, cheio de vida, foi emocionante. Também nesse ponto, começamos a subir os morros, tivemos 922 metros de elevação máxima. Percorremos trilhas com passagem pela água em meio às araucárias e passamos pela barragem do Blang. Após 5h30min de movimentação, chegamos a São Chico, onde pernoitamos em uma pousada”, relata Chefia.
Logo no primeiro dia, Chefia teve o primeiro imprevisto: um pneu furado, em trecho com muitas pedras.
2° dia – São Francisco de Paula/Cambará do Sul (93 km)
“Em um dia lindo, com céu azul, cruzamos o Parque Estadual do Tainhas. O parque abriga matas com araucária, campos e banhados, onde são encontradas espécies como a seriema, a perdiz, o tatu-mulita, o zorrilho e o graxaim-do-campo. Passamos também por água pela canela, o Passo da Ilha tem um desnível entre as rochas, formando uma pequena cascata pelo Rio Tainhas”, conta Chefia.
3° dia – Cambará do Sul/Pico do Monte Negro (98 km)
No terceiro dia de viagem, o grupo saiu às 7h da Catedral de Cambará. Com chuva, frio e muito vento ao longo do caminho, os ciclistas aumentaram a altimetria, chegando a 1.354 metros. À tarde, a chuva deu uma trégua e o sol apareceu, e o trio montenegrino partiu rumo ao Pico Monte Negro, o ponto mais alto do Rio Grande do Sul, a 1.403 metros de altura.
“Neste dia, presenciamos o fenômeno da viração. Tivemos chuva, frio, sol e muito calor. As temperaturas variaram de 15°C a 35°C. Além disso, subimos muito, tivemos um ganho de elevação de 1.944 metros”, resume Rodrigo.
4° dia – Pico do Monte Negro / Bom Jardim da Serra (75 km)
Logo nas primeiras horas do dia, o grupo subiu ao pico novamente. Aberto, o local proporcionou belos registros dos Cânions. Foi o trecho mais tranquilo para os ciclistas, mas o corpo já começava a dar sinais de fadiga no quarto dia de pedalada.
5° dia – Bom Jardim da Serra / Urubici (77 km)
Este foi o dia em que o grupo atingiu a maior altitude da viagem, de 1.700 metros, próximo a Urubici. Antes disso, os participantes sofreram com o calorão de 39°C e a falta de água. “Pegamos água nas vertentes. Quanto mais subíamos, a temperatura ia caindo. Atingimos o ponto mais alto de Santa Catarina, ventava muito e a temperatura caiu para 19°C. Havia um cemitério no ponto mais alto, algo bem inusitado. Ainda passamos pela Cascata do Avencal, uma linda queda d’água de 100 metros”, conta Chefia.
“Para mim, este foi o dia mais legal do passeio. Passamos por várias pontes de madeira que cruzavam o rio Pelotas, andamos um bom trecho costeando o rio, com água muito transparentes. Passamos por muitas paisagens bonitas. O ponto alto do evento, sem dúvida, é a troca de conhecimento entre 13 pessoas totalmente diferentes, que tinham o mesmo objetivo: completar os 630 km do desafio. E agora todos são amigos que levaremos para sempre”, destaca Maiquel Beneton.
6° dia – Urubici / São Martinho (102 km)
No penúltimo dia do desafio, os atletas subiram a Serra do Corvo Branco, uma subida de 7 quilômetros. A serração forte dificultou a visibilidade, e o grupo precisou redobrar a atenção na descida, que se tornou perigosa. Além disso, quanto mais os ciclistas desciam, mais calor ficava.
7° dia – São Martinho / Garopaba (105 km)
Com o corpo bem habituado com o ritmo e à rotina, os atletas partiram para os 105 quilômetros derradeiros do desafio. Entre algumas subidas, o grupo chegou a Paulo Lopes com uma temperatura de 39°C.
“Estava muito abafado, ainda tínhamos força, só que o calor começou a judiar do corpo. Às 15h da quinta-feira, dia 16 de dezembro, finalizamos nosso desafio, na praia de Garopaba Temos capacidade infinita de adaptar as condições propostas. Agradecemos a todos que nos apoiaram neste desafio. Somos os primeiros montenegrinos a fazer esse percurso de bike”, celebra Chefia.