Reconhecido. Empresário e ciclista foi homenageado pela Câmara
Fundador da tradicional “Oficina do Olirio”, localizada na Buarque de Macedo, o empresário e ciclista Olirio Onesio Lima dos Santos, 71 anos, recebeu o título de “Cidadão Montenegrino” na última quinta-feira, 26, em sessão solene na Câmara de Vereadores. A homenagem, oficializada em Projeto de Decreto Legislativo, é de autoria do vereador Cristiano Braatz e foi votada na sessão do dia 19 de novembro, sendo aprovada por unanimidade.
Nascido em Triunfo, no dia 1° de junho de 1949, Olirio veio para Montenegro quando tinha seis anos de idade. Tornou-se um dos precursores de diversas modalidades ciclísticas na cidade e na região, conquistando inúmeros títulos municipais e regionais entre os anos de 1966 e 1982. Filho de Dinarte Alves dos Santos e Rosa Amélia Lima dos Santos, casou-se, em outubro de 1970, com Irací Ferreira dos Santos, com quem tem três filhos: Marco Aurélio dos Santos, Julio Cesar dos Santos e Alessandra dos Santos.
Na vinda para a Cidade das Artes, o pai de Olirio administrava um armazém no bairro Industrial. Ele lembra que seu Dinarte sempre ajudava as pessoas necessitadas. “Meu pai tinha um coração muito bom, fazia um ranchinho e doava para as pessoas. Isso acontecia seguidamente. Certa vez, a mãe disse que um dia faltaria para nós, e faltou mesmo”, recorda.
Muito dedicado desde criança, Olirio começou a engraxar sapatos antes de completar 10 anos de idade. Além disso, vendia edições da Última Hora (atualmente, Zero Hora), da revista O Cruzeiro, Manchete e também folhagem pelas ruas da cidade. “Aos 12 anos, comprei minha primeira bicicleta, com o dinheiro que conquistei como engraxate”, destaca.
Certo dia, sua bicicleta deu problema. Então, o jovem empreendedor levou a bike para a oficina do Seu Trajano, no Centro, a fim de consertá-la. “Ele não tinha mecânico, aí perguntei se ele poderia me emprestar as ferramentas para eu mesmo consertar. Arrumei e voltei lá para pagar as peças. Nisso, chegou um cliente e o Seu Trajano reforçou que não tinha mecânico. Então, me prontifiquei para consertar a bicicleta desse cliente e arrumei na hora”, conta.
A partir daquele dia, Olirio engraxava sapatos até às 10h da manhã e depois ia para a oficina do Seu Trajano ajudá-lo. Apesar da paixão por bicicletas, sua maior fonte de renda, na época, não era pelos serviços na oficina. “Como engraxate eu ganhava melhor que como mecânico”, lembra.
Concorrente da oficina do Seu Trajano, o “Pedal de Ouro” fez uma proposta para Olirio, que aceitou. Porém, o contrato era bem diferente, relembra o empresário. “Quando cheguei lá, foi diferente. Pouco mais de um ano depois, em 1968, abri a minha própria oficina (Ponto Ciclista), meu irmão me ajudava. Depois, em 1974, abrimos a Oficina do Olirio, no mesmo endereço de hoje”, complementa.
A paixão pelo ciclismo traduzida em conquistas nas pistas
Além de dedicado, Olirio sempre foi apaixonado pelo ciclismo. Na década de 60, quando abriu sua própria oficina, dividia a função de empresário com a de ciclista. “Treinava muito, cerca de três horas por noite. Cheguei a ganhar três campeonatos regionais consecutivos. ‘Papava’ todas as corridas na cidade. Foi uma trajetória trabalhosa, mas muito divertida, porque sempre gostei muito do que fazia”, enaltece.
Multicampeão, ele relembra histórias de sua trajetória no ciclismo. “Uma vez, uma equipe veio de Porto Alegre para correr em Montenegro. Algumas pessoas não eram favoráveis à participação deles, por causa dos equipamentos. Mas convenci e foi uma ótima disputa. Um dia levei o Marco (filho) para ele correr em um kartódromo. Eu ia só acompanhar, mas resolvi correr e acabei ganhando”, recorda Olirio, que correu até os 50 anos de idade.
O desempenho do pai inspirou o filho Marco Aurélio nas pistas. Em 1986, Marco conquistou o título estadual de ciclismo na categoria Aspirante. Inclusive, pedalar é sinônimo de paixão para Olirio, que mesmo aos 71 anos, pedala quase todos os dias por uma hora.
Em relação ao título de Cidadão Montenegrino, recebido na Câmara na última quinta-feira, ele confessa que não esperava. “Nunca me passou pela cabeça. Sou uma pessoa que trato todo mundo do mesmo jeito. É motivo de orgulho (receber essa homenagem), quem começou do jeito que eu comecei, tinha tudo para dar em nada”, completa.