Lateral não atua há mais de um ano e pode voltar a campo no Gauchão
Vai começar mais uma edição do Campeonato Gaúcho. Com novo formato e a presença do VAR desde a primeira rodada como principais novidades, a competição deste ano é tratada como uma espécie de recomeço de carreira para um atleta montenegrino. Sem atuar há um ano e meio por conta de uma grave lesão no tendão do pé esquerdo, o lateral-direito Eduardo Haas, o Duda, de 30 anos, foi abraçado pelo Pelotas e busca voltar a jogar durante o estadual.
O jogador tem intercalado treinos com o grupo e atividades à parte. O processo de recuperação é complexo e demanda cuidados, já que a lesão não foi nada simples. Em 2023, quando defendia as cores do CRAC, de Goiás, Duda convivia com inflamação nos tendões dos dois pés, mas tratava e jogava. Sem lesão constatada, o atleta passou a lidar com as dores.
Porém, antes de uma partida, já no final da temporada, o médico do clube goiano realizou uma infiltração no tendão do pé esquerdo de Duda, a fim de minimizar as dores. Entretanto, a infiltração foi feita de maneira equivocada. Desde então, o montenegrino não conseguiu mais jogar futebol. O contrato com o CRAC terminou e não foi renovado.
Sem vínculo, o lateral ficou um período em casa, mas as dores não passavam e o tendão não apresentava melhora. “Procurei inúmeros médicos especialistas, e ninguém sabia me dizer o que era. Depois de um tempo, um médico disse que precisaríamos operar para ver o que era. Aí, essa infiltração tinha necrosado meu tendão. Havia rompido uma parte do tendão e necrosado o restante. Ele nunca ia se regenerar sem a operação”, explica.
O procedimento cirúrgico ocorreu há cerca de seis meses. Mesmo sem poder atuar, Duda foi abraçado pelo Pelotas em 2024, quando o clube conquistou o acesso para a elite do Gauchão. “Eu já estava um pouco melhor na Divisão de Acesso, vim para cá (Pelotas), mas não consegui atuar, não consegui nem treinar. Um dos motivos de eu ter ficado aqui foi pelo vestiário, o pessoal pediu para eu ajudar no vestiário, pela experiência, e eles iriam me tratar”, salienta.
“Agora estou tratando aqui para tentar participar do Gauchão. Já estou num processo de transição, de ganhar mobilidade, de ganhar força no tendão novamente, já me sinto bem melhor, mas ainda não 100%. Ele não ficou como era antigamente, tenho essa nova etapa, de me recondicionar, de saber lidar com a limitação e com a dor”, complementa Duda.
Apoio psicológico foi fundamental
As lesões são os maiores obstáculos na carreira dos jogadores de futebol, principalmente quando afastam os atletas dos campos por um longo período. Aos 30 anos de idade e sem disputar uma partida oficial há mais de um ano e meio, Duda admite que cogitou pendurar as chuteiras em meio às incertezas sobre a lesão no tendão.
“Passa muito pela cabeça. Faço um acompanhamento psicológico voltado para o futebol há bastante tempo, e isso me ajudou muito. A fé em Deus também, que há um propósito para mim. Acho que a lição que fica, é de eu estar tranquilo comigo mesmo, não desistir e tentar (voltar a jogar) até onde o meu corpo e a minha mente suportarem”, declara.
Neste período longe dos gramados, a família também teve papel fundamental.
O lateral montenegrino conseguiu ficar mais próximo dos familiares e pode aproveitar, ao lado da esposa Paola, o crescimento de sua primeira filha, Antonella, que nasceu em 2023. “Tive um pouco mais de tempo com a família, mais tempo também para aproveitar algumas fases desse crescimento da minha filha como bebê, me encontrar como pai. Foi bem legal nesse sentido”, ressalta.
De acordo com Duda, os primeiros meses fora de ação foram os mais desafiadores, tanto no aspecto físico, quanto no psicológico e até no financeiro. “Fiquei bem mal de cabeça naquela época, porque sempre me conheci e me reconheci como jogador de futebol, fazendo isso a vida inteira. Minha profissão, maior fonte de renda, acabou sendo interrompida, então tive que buscar outras fontes de renda, empreendi em uma loja online e comecei a buscar outros recursos, pensar um pouquinho fora da bolha”, relata.
No último ano, o jogador passou um período em Montenegro e realizou parte da recuperação com profissionais da cidade. “Tenho que agradecer muita gente de Montenegro. Tratei um tempo com o Da Matta, fiz uma parte de transição com o Jorginho (Rodrigues), o Tiago Kayser e o pessoal da academia sempre me ajudaram muito também”, valoriza.
O Gauchão 2025 começa nesta quarta-feira. Ainda sem Duda, o Pelotas estreia contra o São José, em Porto Alegre. Na fase final da recuperação, o lateral-direito montenegrino quer estar 100% para representar bem o Lobo no estadual. “Com muito esforço, dedicação, tentando blindar a mente e ficar com a cabeça boa. É um processo bem doloroso. Foi e ainda está sendo. Estou evoluindo, mas até chegar na hora do jogo ainda há um processo”, finaliza.