Um pai especial: Filhos que seguem o exemplo dos pais na profissão

“Eu me emociono só de falar”, diz Denise Willms, 43 anos, ao lembrar do dia de sua formatura como soldado da Brigada Militar. Mas a emoção que surge em forma de lágrimas não é por saber que aquele momento coroava uma grande conquista em sua vida. O sentimento aflora por recordar a importância que a ocasião teve para seu pai, o na época cabo Vilmuto Willms, 67, hoje sargento da reserva. Histórias como a de Denise e do soldado Felipe do Nascimento, que também seguiu os passos do pai – o sargento da reserva Luiz Carlos Lima do Nascimento – na hora de escolher sua profissão, enchem de orgulho e alegria os “heróis de farda” de ambas as famílias.

A soldado Denise, do Pelotão Ambiental da Brigada Militar de Montenegro, relata que o desejo de se tornar policial militar surgiu por volta dos 13 anos de idade. A família morava em Braga, município da região das Missões. Seu Vilmuto cumpria uma escala de 24h de serviço. Neste período Denise e uma de suas irmãs iam até o batalhão para levar almoço e jantar para o pai. Enquanto o PM fazia suas refeições, as garotas passeavam pelas instalações. “Eu fui criada dentro da Brigada Militar. Eu tinha aquele lugar como minha casa”, salienta a soldado.

Além do tempo que passava na corporação, a forma como o pai era reconhecido e admirado na cidade fez com que a adolescente se inspira-se ainda mais. “Meu pai era muito querido na cidade. Teve um episódio que meu pai estava em casa e apareceu um senhor lá para falar com ele. Ele explicou a situação e meu pai disse para ir até a Brigada, mas o homem insistia em ser atendido pelo meu pai. Aquilo me chamou muito à atenção”, conta Denise.

“Em 1993, fomos para praia e lá vi policial feminina pela primeira vez. Na hora pensei: é isso que quero ser, com certeza”. Os anos passaram e o desejo da menina em se tornar PM só aumentou, até virar realidade. Aos 21 anos, já casada, ela e o marido, Cesar Fernando Gaertner, prestaram concurso da Brigada Militar e passaram em todas as etapas. “Meu pai nos ajudou muito. Nos levou para Porto Alegre para realizarmos todas as fases do concurso”, lembra Denise.

Seu Vilmuto abre o coração e afirma que sente muito orgulho pela decisão da filha. “Me senti muito feliz com a escolha dela. Tive a sorte e o prazer da Denise seguir nesta profissão que gostamos tanto”, diz o pai. Sobre os riscos e desafios, inerentes aos policiais, ele relata não ter preocupações. “Sempre tive confiança no trabalho que fiz e acho que isso serviu de exemplo pra ela. Não tenho medo que tenha problemas com pessoas anti-sociais. Acredito nela e em suas escolhas” acrescenta.

“se algum dia um filho disser que deseja seguir a carreira, irei incentivar da mesma forma que tive o apoio de meu pai”
Aos 23 anos de idade, o soldado do 5º Batalhão da Polícia Militar de Montenegro Felipe do Nascimento é mais um exemplo de filho que seguiu os passos do pai. O jovem tornou-se PM em 2018, quando seu pai, o sargento Luiz Carlos Lima do Nascimento, 53, já estava na reserva. Ambos não tiveram a experiência de trabalhar juntos, mas os ensinamentos do sargento certamente dão norte a atuação do soldado. “Desde cedo demonstrei o interesse em seguir a carreira policial. Tinha comigo que seguiria a carreira de meu pai, me espelhando no profissional que ele foi, ético, responsável”, diz Felipe.

Felipe e seu pai Luiz Carlos Lima do Nascimento. Foto: arquivo pessoal de Felipe Nascimento

“Ele me incentivou até minha inclusão na Brigada Militar. Em todas as fases do concurso público para ingresso no cargo ele esteve presente”, lembra o soldado. O reconhecimento do filho é motivo para orgulho do pai. “Fico feliz em ter lhe mostrado o caminho certo. O risco tem e a preocupação é grande, mas fico tranqüilo, pois acredito que ele sabe trabalhar dentro da técnica e Deus sempre o acompanhará”, fala o sargento da reserva.

“Ainda não tenho filhos, mas se algum dia um filho me disser que deseja seguir a carreira, irei incentivar da mesma forma que tive o apoio de meu pai”, garante Felipe. “Se um dia tiver um neto que siga nesta profissão ficarei muito orgulhoso”, conclui o sargento Nascimento.

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