Desprender-se dos padrões e entender que você é única é o primeiro passo
A montenegrina Júlia Mara Hamann, 44 anos, é exemplo de que o amor próprio e a auto-estima melhoram a vida das mulheres. “O bom humor, alegria e alto astral já são natos meus. Brinco em dizer que nasci contando piada. Às vezes, a vida não te dá alternativa a não ser encarar ela pelo lado positivo”, aponta. Júlia nasceu com má formação em suas mãos, mas lembra que justamente por ser “de bem com a vida”, nunca teve problemas com aceitação. “Eu poderia pensar que eu sou diferente de todo mundo, mas eu sempre brinquei com o assunto e me achei bonita como eu sou”, destaca.
Este é seu conceito: o amor próprio e a auto-estima vêm do interno e o externo pouco deve importar. “Isso vem quando tu te percebe e te gosta do jeito que tu é, independente dos padrões impostos. Acho que muitas pessoas não chegam a conhecer o que é a auto-estima de verdade”, aponta. Júlia reafirma que em sua opinião, todos estão no mundo para se descobrirem com suas próprias imperfeições e aceitá-las, pois são únicas. “Às vezes a pessoa está perfeita por fora, mas não se gosta. Eu brinco que eu sou um gravetinho, totalmente fora dos padrões, no entanto, eu me amo de uma maneira que não dá para explicar. Amo cada detalhe do meu corpo e amo tudo o que eu consigo fazer com ele”.
Por isso, ela dá um conselho valioso às mulheres: se desprendam de padrões. “Não existe bonito ou feio sobre corpos. Quantas pessoas conhecemos que têm uma beleza externa impecável e quando tu se aproxima, a energia da pessoa não é legal, então tu já nem acha ela tão bonita? Esse é o segredo: o interno. Aceite suas imperfeições. A minha auto-estima e amor próprio me seguram. A gente tem que se gostar. A vida não facilita, então se tu não te gostar, tu já está enfraquecido e qualquer soprinho ou problema tu cai”, argumenta.
Aprenda a gostar da sua companhia, estilo e beleza
Muito autêntica, Júlia afirma que ama sua própria companhia, inclusive, mora sozinha desde os 20 anos. “Sempre pego minha moto, viajo sozinha e não vejo problema nenhum nisso. Nada me impede de ficar sozinha, acho o máximo. Não preciso de uma companhia para fazer as minhas coisas”, destaca. Quanto ao estilo, já adianta: passa longe de padrões de moda e beleza. “Se vejo uma roupa, gosto, acho confortável e durável, então eu compro. Às vezes me visto mais estilo Rock and Roll, às vezes mais social, mas não é nada muito montado”, diz. “De maquiagem, gosto de usar para uma festa, algum evento, que daí eu capricho mais. Rímel e lápis eu gosto bastante no dia a dia, mas aí se eu coloco o batom e uma base eu já estou me puxando”, relata.
O maior dos hobbies de Júlia é andar de moto. Ela faz parte de grupos de motociclistas, mas passou por uma barra muito pesada em 2018. Ela foi impedida de renovar sua carteira de habilitação por conta de seu problema físico. Após rercorrer à justiça, em oito meses conseguiu de volta o direito de dirigir, mas a situação por algum tempo a enfraqueceu. “Talvez eu tivesse que enfrentar isso. Hoje, depois do período que eu levei para superar isso, vejo que a vida vai lapidando a gente, nos tirando pedacinhos que te quebram, mas esses pedacinhos que a gente vai perdendo vão nos deixando mais leves ao longo da vida, então tu solta aquilo e deixa para trás porque não precisava daquilo para viver”, ressalta. Para Júlia, o modo como se leva a vida importa muito. “Se tu vai acumulando as mágoas e coisas ruins tu vai te tornando uma pessoa amarga e apagada. A batalha que eu tenho que enfrentar eu enfrento sem pensar que vou perder”, conclui.
Alimente seu amor próprio
Para a psicóloga Maria Paulina Pölking, o termo auto-estima é parte do cotidiano. Ela afirma que é válida uma reflexão sobre como é possível fortalecer esta, que é a matéria prima básica para a saúde emocional e desenvolvimento humano. A palavra é auto-explicativa: estimar a si próprio. “Esta estima, este amor, vem do cuidado de quem nos acompanhou depois do nascimento. Somos quem somos, vivemos até aqui, porque fomos inicialmente cuidados e sem este cuidado a vida não evolui. Mas, à medida que crescemos, este cuidado passará a ser encargo de cada um de nós”, destaca. Assim, a auto-estima e o amor próprio, iniciados a partir de estímulos externos, passam, ao longo do crescimento, a ser um processo interno e individual que deve ser reconhecido. “Poder aplaudir-se e reconhecer-se como merecedor de amor alimenta a auto-estima”, conclui.
Um ensaio fotográfico pode elevar a auto-estima feminina?
A auto-estima feminina sofre com muitas questões, que envolvem desde a imagem física até o sucesso profissional. Quanto à aparência, as mulheres constantemente se sentem inseguras, sobretudo quanto aos padrões estéticos impostos pela sociedade. A fotógrafa Simara da Rosa aponta que, na maioria das vezes, elas parecem insatisfeitas com seu peso, altura, pele, cabelo e sorrisos, se espelhando em imagens construídas pela mídia. “A importância da auto-estima feminina consiste em poder aceitar e, igualmente, fortalecer a própria identidade da mulher, para que ela possa sentir-se genuinamente feliz”, pontua.
Por isso, Simara afirma que a fotografia trabalha como aliada do estímulo à auto-estima feminina. “As imagens mostram a elas o quanto sua beleza ainda encontra-se presente, mesmo que velada por traumas ou vivências indesejadas”, argumenta. Para a profissional, nada mais revigorante do que poder se enxergar em sua melhor versão, melhor sorriso, olhar, roupa, ângulo e luz. “Seria maravilhoso se todas as mulheres compreendessem o poder curativo e a overdose de auto-estima que envolve um ensaio fotográfico”, finaliza.