Motoristas: as mãos que conduzem à Segurança

A importância dos motoristas para sociedade é indiscutível. Seja ele motoboy, taxista, caminhoneiro, condutor de ônibus ou outros, cedo ou tarde, você ou alguém bem próximo, vai precisar dos serviços realizados por eles. Os motoristas estão presentes desde o alimento que chega às mesas das famílias até o socorro prestado na hora de um acidente ou mal-estar. Neste último exemplo, a preparação e responsabilidade dos profissionais atrás do volante precisam ser ainda maiores.

Em Montenegro, servidores das áreas da Segurança e Saúde mostram que é preciso conhecimento e paixão para exercer a atividade de motorista, seja na Briga Militar, Corpo de Bombeiros ou no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O propósito comum entre essas atividades é proteger e salvar vidas, sem colocar a própria e a dos colegas em risco.

O tenente-coronel Oberdan do Amaral, comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar (BPM) de Montenegro, conhece bem o processo de formação dos policiais militares até chegarem ao volante de uma viatura policial. Oberdan ministra treinamentos de tiro e condução de veículos para os policias em formação, e também para integrantes de tropas já experites, mas, que consideram importante receber dicas novas e váliosas.

Há cerca de 8 anos, Oberdan participou de um projeto da secretaria Nacional de Segurança Pública que capacitou 14 policiais, no Estado, para serem multiplicadores de conhecimento na área da condução de viaturas. “Eu vi que uma forma de ajudar a tropa seria me habilitar nesse curso que foi ofertado pela Brigada Militar, aqui na Escola de Soldados de Montenegro”, conta o tenente-coronel. Na região do Vale do Caí, Oberdan é o único habilitado a dar aulas de direção.

O conteúdo de legislação de trânsito está no currículo da Brigada Militar, mas como são poucos instrutores, a matéria é aplicada no modo de educação à distância (EAD). Oberdan dá aulas para cinco turmas, são elas das escolas de Montenegro, Porto Alegre, Santa Rosa e Rio Pardo. “A prática é desenvolvida depois deles formados. A Brigada faz grupos de policiais e manda aqui para Montenegro, para terem a instrução. Passo a teoria e depois o treinamento prático, que é feito no Velopark, em Nova Santa Rita”, explica o instrutor. “É diferente conduzir o carro particular e uma viatura. Tem técnicas para dirigir em patrulhamento normal, em deslocamento rápido, para atendimento de ocorrência ou uma perseguição”, explica.

Oberdam relata que a cada instrução aplicada nas tropas é possível ver resultado satisfatório. Nas aulas, os policias/motoristas recebem orientação de como entrar em uma curva em velocidade um pouco mais alta, evitar acidentes, desviar de pessoa ou animal que atravesse na frente do carro e muitas outras informações que contribuem para a segurança de todos que fazem parte do trânsito. “Se a viatura for mal usada pode tirar a vida de alguém. A pessoa tem que ter habilidade, capacidade técnica e psicológica pra conduzir uma viatura. A vida do colega está nas mãos do condutor”, acrescenta o oficial.

Assim como na Brigada Militar, a corporação dos Bombeiros Militares do Rio Grande do Sul também precisa de profissionais preparados e focados para assumir a responsabilidade de deslocar vidas – as dos colegas – para salvar outras. O chefe de guarnição do Corpo de Bombeiros Militares de Montenegro, soldado Ricardo Viegas de Mattos, é um exemplo de profissional preparado para controlar a si próprio e o volante.

Para ser condutor é preciso vocação e paixão
Ricardo Viegas Mattos tem 21 anos de serviços prestados aos bombeiros. A preparação para o volante surgiu com o Curso de Especialização de Condutor Operador de Viaturas de Emergência, no início do curso de bombeiro (feito em São Leopoldo). Ele não tem dúvida de ter feito a escolha certa.“Hoje sou comandante de guarnição da minha equipe. Não precisaria dirigir o caminhão, mas, faço porque gosto”, sublinha Ricardo.

Ricardo Viegas Mattos tem 21 anos de serviços
prestados aos Bombeiros Militares

Para o bombeiro, o condutor deve estar ciente de seu estado de saúde e manter corpo e mente descansados a fim de poder dar, quando necessário, seu melhor desempenho. “Quem dirige caminhão de bombeiro, ou ambulância, tem que entender que está levando vidas. Ela não pode colocar em risco a equipe nem as pessoas que estão na rua”, acrescenta.

Conhecer a legislação de trânsito possibilita ao condutor saber como agir mais rápido, mas mantendo a segurança. “É uma condução mais ofensiva e ao mesmo tempo defensiva. Nem sempre andar mais rápido vai te levar mais rápido na ocorrência. Se tu te acidentar já não chega lá. A responsabilidade do condutor do Corpo de Bombeiros não é somente ligar a água, ele tem que levar a equipe até o local, da maneira mais segura”, pontua Mattos.

O Corpo de Bombeiros local conta com sete servidores habilitados para conduzir viaturas pesadas. Já o Serviço de Atendimento Móvel (Samu), instalado junto ao Hospital Montenegro (100%Sus) tem o dobro desse número de profissionais capacitados para atuar em ambulâncias de suporte básico e avançado. Entre eles, estão Fabiano Urbanski e Alberto Fernandes Cardozo (Beto).

“Não estamos aqui só para ter um emprego. Gostamos do que fazemos”
“Uma das coisas mais importantes é a vontade de trabalhar. Não estamos aqui só para ter um emprego. Gostamos do que fazemos”, deixa claro Fabiano Urbanski. Há um ano ele começou a trabalhar como condutor no Samu de Montenegro, mas sua experiência com volantes vem de longa data: são 13 anos no total.

Natural de Estância Velha, quando criança Fabiano passava boa parte de seu tempo na corporação dos Bombeiros Voluntários da cidade. Foi lá que nasceu o desejo de conduzir veículos e ajudar pessoas em situação de risco. Quando adulto, ele se especializou e correu atrás de seu sonho. “Tenho muito orgulho de estar no Samu”, enfatiza.

Servir à Saúde foi uma escolha de vida para os condutores do Samu que, desde muito jovens se capacitaram para ocupar a função que exercem hoje

Já o colega Alberto passou a ter interesse pela área da Saúde quando tinha 19 anos. Em Porto Alegre, cidade onde residia, ele trabalhava como motorista para uma empresa que prestava serviços terceirizados. Sua função era levar médicos para atendimento domiciliar. “Comecei a carregar as maletas, a ouvir sobre os atendimentos e me interessei”, lembra Beto, como é chamado pelos companheiros de atividade.

Alberto também se profissionalizou e hoje tem uma trajetória de 17 anos na área, desse total, nove meses no Samu de Montenegro. “Fiz curso técnico de enfermagem, mas, sempre tive mais identificação com o volante. Quando entro na ambulância, parece bloqueio a vida pessoal, estou ali para ajudar outras pessoas. É uma paixão que a gente cria pela área”, reforça.

Obstáculos no caminho
Em comum, além da paixão pela atividade que desempenham, os entrevistados têm a reclamação quando ao comportamento de alguns motoristas, que por desinformação ou falta de empatia, acabam atrapalhando o deslocamento das unidades de atendimento, e com isso colocam vidas em risco. O tenente-coronel Oberdan do Amaral afirma que, muitas vezes, as viaturas se deslocam em alta para chegar logo ao local da ocorrência. “A gente sempre tenta diminuir o tempo resposta para dar o melhor atendimento para a comunidade. Às vezes levou cinco minutos para chegar ao local, mas, para quem precisa de ajuda parece ter sido uma hora”, explica.

O que ocorre, em geral, é o fato de outros veículos “trancarem” a passagem dos carros em serviço. Para o soldado Ricardo Mattos, deparar-se com motoristas “desligados” sobre o que está acontecendo ao seu redor é mais um fator de tensão para quem se desloca para prestar socorro. “Tem aquele que trava, fica tão nervoso com a sirene que prefere parar e ver como a gente vai resolver a passagem. Tem motorista que fica no celular e quando o sinal abre ele continua mexendo. Esse é um grande erro, nos atrapalha muito”, exemplifica o bombeiro.

“Não é por que estou com a sirene e os sinais luminosos ligados que vou cruzar a sinaleira vermelha. Eu tenho a prioridade e não a preferência. Posso chegar na sinaleira, olhar para os dois lados, se não vem ninguém posso cruzar. Não posso em hipótese alguma cruzar ela como uma roleta Russa, colocando vidas em risco”, acrescenta Mattos.

Alberto, condutor do Samu, também deixa seu desabafo. “O Samu não age com a sirene aberta sem ter autorização da central, ou seja, só vamos ligar a sirene em caso de urgência ou emergência. Existem casos em que estamos com paciente em estado grave, deslocando para Porto Alegre e, no meio do caminho, tem um cidadão que está vendo o cenário e não tem consciência de abrir espaço. A conscientização do povo é fundamental para nós no trânsito.”

Os bombeiros enfrentam ainda a dificuldade para ingressar em ruas estreitas, principalmente, quando há veículos estacionados de forma inadequada, impedindo a passagem.

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