A artesã Jaqueline Zibetti de Couto, 54 anos, encontrou no trabalho manual uma forma de colaborar com o meio ambiente e colocar em prática o talento e o gosto pela atividade artesanal. Com formação técnica em Química, ela atuou em uma indústria, mas desde a aposentadoria, há quatro anos, o artesanato ocupa boa parte de seu tempo. E um diferencial em seu trabalho é dar nova utilidade a materiais recicláveis.
Com criatividade e a convicção de que todos têm sua responsabilidade na preservação ambiental, ela diz que a opção por trabalhar com recicláveis ocorreu naturalmente. “Aqui em casa, se aproveita quase tudo e o que sobra pro lixo, vai de acordo com a coleta seletiva”, afirma. Ao falar sobre a opção por trabalhar com esse tipo de material, Jaqueline menciona já ter lido e visto várias reportagens alertando para a grande quantidade de lixo que é descartada de forma incorreta no meio ambiente.
Muito desses materiais acabam sendo confundidos com alimentos e ingeridos por animais, causando a morte de muitos deles. “Da mesma forma que queremos a casa limpa, a gente quer um planeta limpo”, resume a artesã. E já que se precisa dar um destino adequado ao “lixo”, acrescenta Jaqueline, porque não transformá-lo através do artesanato.
Garrafas PET se transformam em vários outros objetos, tais como organizadores, estojo, niqueleira, vasos, porta-talheres, suporte para prendedores. Embalagens de leite tipo longa vida também são utilizadas. Jaqueline lava e desmancha a caixa, aproveitando o material para fazer Kit de escritório com porta-caneta e risque e rabisque, além de pequenas carteiras com compartimentos. Ela observa que essas carteiras têm boa demanda por serem discretas e práticas para colocar documentos e cartões de crédito, por exemplo.
Vidros são transformados em potes decorados que, além da utilidade, também ornamentam a casa. Como reutilizar é a palavra de ordem no atelier de Jaqueline, retalhos de EVAs também não são desperdiçados: em formatos menores, são usados em detalhes e acabamentos de outras peças artesanais. A artesã transforma CDs descartados em belas mandalas, tampinhas de garrafas em sinos de vento, rolinhos de papel higiênico em enfeites natalinos. Até o saco de ração do pet dela é reaproveitado, transformando-se em aventais.
Interessada por artesanato desde sempre, Jaqueline realiza cursos e busca inspirações em feiras e na internet. O primeiro curso foi de papel jornal trançado, em 1996. Na ocasião, ela fez o revestimento de isopor para colocar a cerveja, que ainda é usado em sua casa.
Integrante da Associação Montenegrina de Artistas (Amarti), Jaqueline comercializa as peças de artesanato em feiras e no atelier, localizado no bairro São João. Agora ela está se preparando para a tradicional Feira de Natal, que inicia no dia 4 de dezembro, na Praça Rui Barbosa.