A escolha entre os diferentes tipos de alimentos e a forma como eles chegam na casa de cada consumidor causam muitos efeitos ao Meio Ambiente. Da produção ao consumo, as etapas geralmente não são considerados “ecológicas”. Atualmente, o desperdício de alimento no Brasil, segundo pesquisa realizada pela Embrapa com apoio da Fundação Getúlio Vargas, somam 40 mil quilos de comida no lixo, isso impacta diretamente nos recursos utilizados na produção desses alimentos – como a água. Ainda, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), aponta que 1,3 bilhões de toneladas de alimentos são perdidas a cada ano mundialmente, e a emissão de gases dos alimentos desperdiçados equivale à poluição por dióxido de carbono de todo o parque automotivo do mundo.
Entretanto, algumas atitudes podem diminuir esses números. A primeira delas é ter uma alimentação consciente, comprando e consumindo somente o necessário. Escolher opções alternativas para a alimentação também diminui os impactos negativos. Como o consumo de alimentos orgânicos, com produção ecológica, substituindo os produtos químicos por nutrientes naturais. Ainda, apoiar pequenas empresas que prezam por um processo ambientalmente correto.
O transporte dos alimentos também é um fator. As sacolas plásticas causam grande efeito na natureza. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a cada ano são recolhidos do oceano 13 milhões de toneladas de plásticos e 5 destes são sacolas. Produzida com polietileno, o material faz as sacolas demorarem 500 anos para se decompor no Meio Ambiente. Diante disso, uma alternativa é o uso de ecobags, sacolas com diversas estampas, feitas de tecido, tomando a função na hora de carregar as compras.
Belas ecobags
Desde 2016, a artesã Gisele de Mato, 27 anos, reproduz sua arte em ecobags. “A ideia surgiu porque eu já usava ecobags de outros lugares. Comecei a ver um movimento de pessoas que produziam com mensagens, daí que eu me interessei em colocar minha arte nisso”, conta. Gisele não usa o objeto apenas para fazer compras, com o tempo, as sacolas de pano acabaram se tornando bolsa. Ela nota, porém, uma dificuldade nos caixas dos estabelecimentos e das pessoas em usar as ecobags sem sacolas plásticas. “Na hora que você coloca as coisas para pesar, sem saquinho plástico, algumas pessoas ficam sem jeito”. A artesã acredita que a alternativa para substituir o plástico é de grande importância, visto que, não gera lixo e incentiva pessoas através das mensagens passadas no tecido. “Eu vi que muitas pessoas começaram a pensar um novo jeito”, explica.
Atenção também na produção de alimentos
A Verde Soul é uma empresa regional de produtos veganos. Os proprietários, Taissa Viana, 25, e Arthur Teixeira, 28, prezam pela preservação do Meio Ambiente. “Achamos importante consumir de pequenas pessoas, do que de grandes empresas. Para estabelecimentos pequenos, qualquer compra vai fazer a diferença”, explica. Os alimentos usados para a produção dos hamburguers, são comprados em fruteiras e mercados menores.
Para Taissa, é de grande importância você ter mais informações sobre os processos que o alimento passou. “Quando você fala que é vegano, as pessoas perguntam o que você come. Estão tão distantes que não conseguem imaginar uma alimentação sem carne e derivados de leite, os produtos que vem da terra estão tão longe, porque hoje tudo você compra pronto”, conta.
Na casa da Taissa e Arthur, e dos dois filhos Ziggy e Zoe, muitas coisas também seguem a linha ecológica. Todo o lixo orgânico da casa é compostado. Já o lixo reciclável, a família costuma guardar para os catadores que passam na vizinhança, e possuem um sistema de coleta de água da chuva. Ainda, os materiais repassados para os clientes são embalados com papel ou vidro, potencializando a reutilização e reciclagem.
Os filhos já aprendem com os pais a importância de preservar o Meio Ambiente. A mais nova, Zoe, de 1 ano, adora analisar as minhocas que vivem no jardim. O irmão mais velho, Ziggy, 2, acompanha a irmã nas aventuras, e é vegano. “Não como carne e nem ovo, porque o ovo é da galinha”, diz tímido. “A gente tenta passar pra eles como são importantes essas atitudes ecológicas”, comenta Taissa.
Respeito à natureza na plantação
Dedicado ao cultivo de produtos orgânicos, Norberto Jorge Hass, possui suas plantações em Vapor Velho. Para o agricultor, o cultivo desses alimentos ajuda principalmente o solo. “A produção equilibrada, com um solo equilibrado, não necessita usar outros produtos”, explica. Todo o processo do manejo ecológico, ajuda a flora e a fauna. O agricultor conta que no início exigiu mais mão de obra, mas, após, com o solo equilibrado, é possível evitar doenças e insetos. “Não tem porque ele (inseto) atacar a planta se tem o alimento próprio”, comenta.
Sobre a saúde do produtor, Norberto faz uma relação com os produtos vendidos para o manejo e os agrotóxicos. “É só você ver o quão fechados são os tratores vendidos atualmente. Produzidos para proteger o agricultor de todo aquele efeito”, explica. A respeito do preço dos orgânicos, o agricultor explica que o processo começa desde a semente, contando com analises, então leva tempo e mão de obra, por isso a maior valorização.
Para os consumidores, um alerta: é preciso ficar atento ao certificado de produto orgânico, pois existem vendedores que podem burlar as leis.
“Quando vendemos na feira em Porto Alegre, a fiscalização é muito maior. Por exemplo, se vai uma mãe com uma criança, que só pode beber leite orgânico, e for vendido um produto diferente, pode causar algo grave”, comenta. O agricultor finaliza afirmando que os produtos orgânicos possuem só vantagens, tanto para a natureza quanto para saúde. “Todo mundo sai ganhando”, diz.
“Nós somos orgânicos”
“Temos que nos alimentarmos da mesma matéria da qual somos feitos. Nós somos orgânicos”, explica a nutricionista funcional, Viviane Vogt. Frequentadora da Casa do Produtor Rural, Viviane é freguesa da banca de produtos orgânicos. Com muito entendimento sobre o assunto, ela conta como os alimentos orgânicos são a “chave” para o nosso sistema “fechadura”. “Temos que nos alimentar do que somos feitos, como carboidratos e proteínas, quando entra uma substância não orgânica no nosso corpo, isso causa efeitos”, comenta.
Os principais sintomas no corpo, apontados pela profissional, são os alérgicos e inflamatórios, pois é a forma do organismo “expulsar” aquele resíduo não-orgânico do sistema. Ainda, Viviane explica que os alimentos orgânicos são mais ricos em nutrientes pelo fato de não precisarem entrar em uma briga contra os agrotóxicos. “Quando a planta entra em contato com o agrotóxico, ela tenta se defender daquele efeito externo, e com esse processo ela perde nutrientes”.
A nutricionista ressalta pontos importantes em relação à produção desses alimentos. Em que o produtor cuida de toda a natureza além da sua plantação, um ciclo que inclui as fases da lua, a gravidade, o clima, entre outros fatores. “Se um produtor tem um rio perto da sua plantação, ele vai agir como um protetor daquela mata ciliar presente”. Para ela, o consumo de produtos orgânicos é um processo “só de ganhar”, atrelando às diversas atitudes, como o uso das ecobags para o transporte. “Um local como esse que nós temos, com produtos naturais à nossa disposição, é ótimo”, finaliza.