Juliane Maria Bender, a Juli (PSD), participou na última sexta-feira, dia 27, do programa Estúdio Ibiá, encerrando a série de entrevistas com candidatos a prefeito (a) da região. Ela busca seu segundo mandato como prefeita de São José do Sul. Nas eleições de 2020, Juli foi eleita e se tornou a primeira mulher a governar o município. Seu vice, Laerte Antonio Junges, também repete a chapa de 2020. Antes de ser eleito vice-prefeito, Laerte exerceu dois mandatos como vereador.
Durante a entrevista, a candidata apresentou propostas como o projeto Jovem no Campo, que visa estabelecer parcerias com instituições financeiras para apoiar a expansão de empreendimentos rurais, como aviários e pocilgas, além de novos negócios. Outros temas incluíram a qualificação de estudantes do Ensino Médio e a regularização da piscicultura no município.
JI – Qual o ônus e o bônus de concorrer à reeleição?
Juli – Nosso maior ônus foi a pandemia. Foi difícil recomeçar, as pessoas tinham muitos medos sem saber o que exatamente ia acontecer no nosso país. Além disso, os desastres climáticos que a região sofreu. Acho que esse foi um dos maiores desafios, tivemos três decretos de emergência em um ano e dois meses. Então, tivemos um ano praticamente só de reconstrução, de retomar obras que já estavam quase prontas.
De bônus, a gente teve vários bons projetos, um orçamento crescente nesses quatro anos e indicadores positivos. Isso é o que nos anima a dar continuidade a este novo pleito.
JI – Qual projeto não foi concretizado, lhe causando frustração de não ter conseguido realizar e por qual motivo não foi possível?
Juli – Temos o projeto da creche, Criança Feliz. Ela já existe no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas aguarda liberação de recursos. Na agricultura também tínhamos um projeto do Citros, que iniciamos o desenvolvimento, mas não conseguimos concluir na totalidade.
JI – A base econômica agrícola ainda carece de apoio para enfrentar momentos extremos, de estiagem e de estresse hídrico. Há algum programa de apoio aos agricultores para mitigar os prejuízos na terra?
Juli – Estamos conseguindo, junto ao Governo Federal e também ao do Estado, alguns benefícios para os nossos produtores.Claro que não acontece na integralidade, mas são auxílios que vêm. Hoje o município já está cadastrado no projeto de desassoreamento, no qual vai ser liberado um percentual para cada município fazer a limpeza dos seus arroios.
Também tivemos outros projetos que andaram no Estado. Fomos contemplados pela segunda vez com caixas d’água. Já estamos com 24 caixas d’água entregues para as famílias. E também tivemos um incremento no nosso bônus. Foram R$2,8 milhões de investimentos nesse setor.
Em parceria com a RGE, investimos mais R$ 2,3 milhões em projetos nas redes elétricas da zona rural.
JI – Como funcionará e qual o foco do “Programa Jovem no Campo”?
Juli – Esse é um programa que estamos implantando. Queremos criar esse tipo de incentivo na agricultura para o jovem. Vamos fazer parcerias com instituições bancárias. O município cria esse incentivo para construir um novo galpão ou comprar um novo maquinário, e paga o juro em cima do empreendimento novo ou do novo empreendedor que chegar ao município.
JI – Como pretende colocar em funcionamento a proposta de implantação de cursos técnicos na Escola Estadual de Ensino Médio São José do Maratá; sendo que essa decisão é unicamente da Secretaria de Educação do Estado?
Juli – Temos uma escola estadual que, pelo número de alunos, não comporta um curso técnico, mas ela é uma escola de campo. Então, pedimos ao Estado para que tragam cursos de aperfeiçoamento para o aluno do Ensino Médio, do primeiro ao terceiro ano. O aluno vai sair do ensino normal com formação em algum curso técnico. O diretor já está fazendo um levantamento junto às famílias, para verificar se há interesse desse jovem.
JI – No setor primário, a piscicultura é um nicho consolidado em São José do Sul, pois há uma proposta de “Incentivar a regularização”?
Juli – Temos vários criadores de peixes e vários açudes. Já existe a retirada de peixe na época perto da Páscoa. Queremos oficializar isso, esse ainda é um serviço não oficializado junto à Emater e ao setor das agroindústrias. Queremos criar um tanque onde o produtor possa trazer seu peixe e para venda aos visitantes e aos munícipes.
JI – Entre as propostas fala-se em “destinar maquinário específico para a agricultura”. Atualmente, o agricultor precisa dividir prioridade com as obras públicas?
Laerte – Sim, Agricultura e Obras trabalham juntas. Estamos trabalhando num projeto para fazermos um edital. Temos três empresas no município que têm maquinário, vamos chamar eles e fazer uma parceria para desafogar as obras. O agricultor poderá ligar direto para a empresa e pedir o serviço, e a secretaria de Obras pode focar mais nas estradas.
JI – A prefeitura não teria orçamento para adquirir máquinas específicas para Agricultura?
Juli – Até teríamos orçamento, só que, se eu for botar na ponta do lápis, ter o maquinário e o funcionário, se torna mais barato e mais ágil terceirizar o serviço.
Então, esse edital, com certeza, vai nos atender com maior agilidade. O colono, às vezes, quando chega o momento do plantio, precisa que o serviço ocorra naquele instante, então, isso vai agilizar muito os serviços voltados à agricultura.
JI – A cidade tem uma festa municipal anual, mas ainda não é referência em Turismo Rural. Qual a visão de seu segundo governo para colocar São José no mapa do turismo gaúcho?
Juli – A Gutes Fest surgiu na nossa gestão e foi uma festa que deu muito certo. Deu certo porque as pessoas participaram dela, houve envolvimento com as comunidades. Quando a criamos, foi com esse intuito, que as nossas comunidades, que os nossos produtos estivessem na festa.
Além da festa, tivemos a ACESS (Associação Cultural e Esportiva São Josense do Sul) e com ela veio todo o retorno dos nossos grupos artísticos. Hoje o município já consegue participar de eventos culturais na região e também puxar o nosso turismo. Na área do turismo em si, nós ampliamos as caminhadas, instituímos o pedal. Agora estamos chegando com novos empreendedores no município, investidores que estão abrindo espaços de lazer nos finais de semana, já com cabanas para alugar. Aos poucos São José do Sul vai tendo uma estrutura para hospedar quem nos visita.
Já, inscrevemos o município nos nossos projetos que existem em nível de Estado. Tanto, que na última festa nós já tivemos uma contemplação financeira para a Gutes Fest. E a ideia é que cada vez mais a gente consiga atrair moradores de outras cidades para visitar São José do Sul.
JI – Qual é o projeto para ter vias em melhor estado no interior, pontes maiores e melhores, e isso vai ser com orçamento municipal ou recurso externo?
Juli – Conseguimos, nesses quatro anos, pavimentar dez quilômetros entre asfalto e pedra regular. Isso graças ao recurso de R$ 8 milhões a fundo perdido que conseguimos captar, em emendas e projetos, que nos possibilitou fazer essas melhorias.
Agora estamos terminando os dois últimos trechos. Vamos contemplar todas as comunidades. Esse foi um propósito nosso quando assumimos.
A gente tem a intenção de continuar com os projetos em cada comunidade. Estamos com cadastro junto ao estado também da antiga Buarque de Macedo, que hoje tem outro nome, a Valdemar José Bohn. Nela queremos fazer pavimentação com estações de cultura, onde vamos contar um pouco da história da Buarque, mas também de São José do Sul.
Para a Transcitrus, São José do Sul teve uma contemplação. Então, é provável que logo as obras também iniciem. Nosso primeiro braço da Transcritrus também vai estar concluído, o que já vai facilitar essa locomoção das pessoas dentro do município e nas comunidades.
JI – Em relação à BR-470, quais melhorias acredita que precisará pleitear junto ao Governo Federal, especialmente no que tange à segurança nos acessos e travessias?
Juli – Para tudo que fazemos ao longo da BR, temos que ter a autorização do DNIT. Algunas coisas o município não pode fazer porque não está na sua área, como o caso dos acessos.
Nosso pórtico já teve uma melhoria, mas não temos o trevo instituído. Já solicitamos um estudo para o nosso principal acesso. Outros dois também precisariam ter ao menos refúgio ou uma pista do meio para entrar na cidade.
O que eles nos possibilitaram foram as canalizações. Conseguimos canalizar vários trechos ao longo da BR, o que facilita para o pedestre ter um pouco mais de segurança, principalmente na comunidade de Dom Diogo Baixo.
JI – A senhora afirmou em entrevista ao Ibiá, no início deste ano, que o percentual de receita própria se mantém em torno de 8%, enquanto mais de 90% ainda provém de fontes externas. Que ações a senhora pretende desenvolver, em seu segundo mandato, para diminuir esta dependência de recursos externos?
Juli – A produção primária ainda é o carro-chefe, mas já estamos olhando para as empresas e indústrias. Conseguimos, com a ampliação da Madel, triplicar o retorno deles para São José do Sul, além de outras quatro novas empresas que chegaram nesses quatro anos. Ainda ampliamos mais três serviços, de outras empresas, que vão gerar uma renda maior.
Na agricultura, a idéia é sempre incentivar para que venham novos investimentos. Hoje, tudo é por talão, gerando retorno para São José do Sul. Vamos tentar buscar investimentos nesse sentido.
JI – O Município reabriu duas escolas que haviam sido fechadas. Acredita que há necessidade de construir novas escolas, especialmente nas comunidades do Interior?
Juli – Temos uma emei em dois espaços, a Jacob Pedro Calsing, que foi uma escola que a gente reabriu. Ela já precisa de ampliação para colocarmos mais uma turma. Outra escola, nossa antiga Brisoleta, a João Lerner, também precisaremos ampliar salas.
Na nossa creche, se conseguirmos ampliar esse espaço novo em São José do Maratá, a gente consegue adequar bem. Não temos crianças em fila de espera. Precisamos ainda ampliar na escola João Lerner, na Jacob Pedro Calsing, e também manter em bom estado as nossas duas escolas maiores, a emei e a escola professora Valéria Maria Kirch.
JI – Na Educação, há uma proposta de manutenção do IDEB acima da média do estado e do país. Como pretende alcançar essa excelência na Educação?
Juli – Quando assumimos, nosso secretário, na época, demonstrou preocupação com os indicadores da educação. Hoje, nas séries iniciais, estamos com 7.2, então já estamos bem. Nas séries finais, alcançamos 5.2. Ainda falta um pouco para atingirmos a média nacional.
Para chegar nesse patamar, investimos em material didático e formação para os professores e também para as famílias. Porque sozinhos nós não conseguiríamos esses números.
Temos um plano que rege os funcionários, ele é de 2010, 2011. A ideia agora é a gente fazer um reestudo dele para adequar melhor a colocação dos professores, monitores, enfim, todos os envolvidos na educação.
JI – Na Saúde, hoje é verificada a necessidade de uma Farmácia Municipal. Qual a sua proposta para disponibilizar medicamentos ao cidadão?
Juli – Temos uma farmácia no Centro de Saúde e já instalamos também o serviço de distribuição de medicamentos no posto de saúde São José do Maratá. As pessoas não precisam mais ir até o Centro para pegar medicação. Mas o espaço é pequeno. A ideia é fazermos uma sala externa para também facilitar o acesso dos motoristas.
JI – Como será a participação do vice na sua gestão?
Juli – Quando assumimos, dividimos o serviço. Pedi ao Laerte para acompanhar, principalmente, as Obras e a Agricultura, para que no interno pudéssemos “organizar a casa”. Ele me ajuda muito nessa parte externa junto aos dois secretários, tanto que muitos serviços nem chegam a mim. Quando assumi, dei carta branca aos meus secretários. Quando se forma uma equipe, eles têm todo o aval para trabalhar.
Laerte – Ela deu carta branca para a gente trabalhar. Tem muita coisa que a gente resolve mesmo, nem deixa chegar à prefeita. Mas quando temos um problema, chama a prefeita, se eu não estou conseguindo resolver. A gente trabalhou sempre no diálogo, sempre deu tudo certo.
JI – Qual sua mensagem final?
Juli – Agradecer mais uma vez esse espaço, agradecer ao meu vice que é muito parceiro, assim como toda nossa equipe. Temos uma equipe de secretários que trabalha muito. Também a todos os nossos funcionários, uma administração não se faz só com a prefeita, se faz com todos os funcionários. A Câmara de Vereadores, que nesses quatro anos foi muito parceira dos projetos para São José do Sul. Agradecer à receptividade das pessoas em suas casas quando a gente chega.
Sempre fomos uma administração muito aberta e vamos vir com esse intuito novamente. Trabalhar para São José do Sul, escutar as pessoas, envolver as pessoas e tentar chegar a cada comunidade com algum projeto de melhoria. Se os nossos munícipes vão bem, o município também vai bem. Nos deem mais esse voto de confiança.