Um bloqueio no preconceito: time em busca de espaço e respeito

Voleibol. Divas do Vale conta com dois atletas de Montenegro no elenco

Um grupo de amigos que atuavam em diferentes equipes e decidiram se unir para formar um novo time e defender uma causa. Assim nasceu o Divas do Vale, equipe de voleibol do Rio Grande do Sul composta por atletas LGBTT+ (sigla para lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros). São 15 jogadores que fazem parte do plantel do Divas, sendo dois de Montenegro. A treinadora do time, Raquel Lopes, também é montenegrina.

Criado em setembro de 2018, o Divas do Vale conquistou seu primeiro título recentemente, e logo uma conquista de nível nacional. No último final de semana, a equipe venceu a 1ª edição da Copa Sul Gay de Voleibol, realizada em Florianópolis-SC, e que contou com a participação de times do Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Antes disso, o Divas foi vice-campeão dos Jogos de Verão da Diversidade, na Orla do Guaíba, em Porto Alegre, no início deste ano.

O grupo treina aos sábados, em Porto Alegre. Dois atletas e a treinadora são de Montenegro

Depois do primeiro troféu de campeão, o time busca seguir evoluindo e agora se prepara para disputar um torneio em Porto Alegre, no mês de abril. Outra competição que o Divas do Vale tem presença confirmada é o 2° GayPrix, que será realizado em junho, no Rio de Janeiro. Os primeiros meses após a formação do grupo foram de preparação. Por isso, a equipe não participou de nenhum torneio em 2018.

Os atletas montenegrinos que integram o elenco do Divas do Vale são Patrick Moraes e Renan Oliveira. Os outros jogadores são de Lajeado, Teutônia, Santa Cruz do Sul, São Leopoldo, Canoas, Montenegro e Porto Alegre. Um dos líderes do plantel é Patrick, que destaca o principal objetivo do time. “Existem muitos times LGBTT+ em todo o Brasil. Nosso objetivo é, além de fazer o que gostamos (jogar vôlei), fazer dessa prática um espaço de luta e resistência pela nossa causa”, afirma.

“Sabemos que estamos passando por momentos delicados, algumas conquistas estão sendo contestadas e com isso há retrocessos, é inegável. Há uma onda de ódio e preconceito muito forte crescendo, porém nossa luta também se fortalece. Nesses dois eventos em que participamos, conhecemos pessoas do Brasil todo e é assim que a rede aumenta de militância e se fortalece. Juntos nos tornamos fortes”, acrescenta o montenegrino Patrick, sobre a causa LGBTT+.
Os treinamentos do Divas do Vale acontecem todos os sábados, em Porto Alegre. Como os atletas residem em cidades de vários “Vales”, como do Sinos, Caí, Rio Pardo e Taquari, a capital gaúcha se tornou o lugar mais acessível para a maioria do grupo. A questão dos Vales também foi fundamental para a escolha do nome do time. “O nome foi decidido coletivamente. Como são atletas dos Vales, fizemos uma analogia ao bordão gay ‘Vale dos Homossexuais’ e à questão das Divas da música. Então, juntamos tudo e criamos o Divas do Vale”, explica Patrick.

A Copa Sul Gay, conquistada no último final de semana, elevou a moral do grupo. Mesmo assim, os atletas mantêm os pés no chão para buscar novos títulos, garante Patrick. “Pretendemos manter o time unido e forte, para que possamos alcançar novas conquistas. Temos que baixar a cabeça e trabalhar. Decidimos priorizar a participação em eventos que apoiam e lutam pela nossa causa. Esses torneios LGBTT+ buscam o respeito aos atletas, criam espaço para jogadores que muitas vezes são excluídos do esporte e, com isso, dão visibilidade à causa”.

O montenegrino salienta que o grupo passa por momentos difíceis (como qualquer outra equipe), que são ofuscados pelo ideal do Divas do Vale. “Temos discussões e reconciliações, problemas que qualquer time têm, isso não muda em nada. Buscamos mostrar que somos como qualquer outra equipe e queremos espaço e respeito para estarmos onde quisermos”, completa.

Últimas Notícias

Destaques