Tupandi é exemplo nacional de sustentabilidade

Planejamento. Tupandi investe em várias áreas e se torna o mais sustentável do Brasil
A pequena Tupandi, cidade do Vale do Caí, com população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em aproximadamente 4.750 pessoas, desbancou outros 5.569 municípios do Brasil, alcançando a nota 0,774, considerada como média alta pela avaliação da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e levou o prêmio de melhor Índice de Desenvolvimento Municipal Sustentável (IDMS) de 2018. A divulgação ocorreu ainda em abril, durante a Marcha dos Prefeitos, em Brasília.

A reportagem do Jornal Ibiá foi até o município para entender as razões que levaram à premiação e o que as demais cidades do Vale podem aprender com Tupandi.

Para entender melhor essa conquista, é preciso saber como funciona, na prática, algumas áreas avaliadas na premiação. O IDMS calcula o desempenho nos contextos sociocultural, econômico, político e ambiental. O objetivo do índice é diagnosticar o desenvolvimento de uma cidade, auxiliando gestores públicos a definirem prioridades locais.

Cultura e educação foram dois dos itens avaliados pelo estudo. Na cidade colonizada por alemães, o cuidado com o ensino das crianças e jovens se destaca. Encontramos referências da cultura alemã na cidade, seja nos traços arquitetônicos ou na língua mais falada pelos tupandienses: o dialeto alemão. Ações culturais e educacionais têm grande impacto ao título conquistado, que conforme destaca o chefe do Executivo de Tupandi, Hélio Inácio Müller, não é um prêmio pessoal. “Quem ganha prêmio é o município.”

Para Rudi, a cidade escolhida por ele há dois anos é agradável e pacífica

Cidadãos reconhecem os bons resultados
Aos cinco anos de idade a estudante de jornalismo, Lianna Kelly Kunst, 22 anos, chegou de Santa Catarina a Tupandi. Aos seis anos entrou para o Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Frühlingstanzgruppe, permanecendo por 16 anos ininterruptos.

Lianna afirma que o cultivo das tradições alemãs está fortemente presente na vida dos moradores do município. “Sempre estamos engajados com a cultura. Além do grupo de danças eu já participei das oficinas de teatro, do coral, concorri ao cargo de soberana da cidade e recentemente participei da comissão que organizou a Maifest, o principal evento cultural de Tupandi”, comenta a jovem.

Lianna tem orgulho dos incentivos e preservações culturais de Tupandi

Conforme a estudante, os incentivos a essas áreas criam uma identidade específica nas pessoas. “Posso dizer que um dos valores dos moradores é que eles reconhecem o que é oferecido na cidade. Quando temos apresentações a comunidade prestigia, gosta, comenta e se envolve”, destaca Lianna.
A população pode participar de oficinas de pintura, taekwondo, coral, música, escolinha de futebol, teatro, patinação. A partir disso, surgem os eventos, entre os quais estão piqueniques da leitura, encontro de corais, encontro de grupos de danças e outros. “A Maifest, além de comemorar o aniversário do município oportuniza a apresentação dos trabalhos culturais realizados nas oficinas”, acrescenta Lianna.

Há dois anos morando na cidade, Rudi Werner Bünecker, 77 anos, reforça o que a pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostrou. “Aqui temos tranquilidade e preservação da cultura alemã, o que chamou muito a minha atenção”, diz. Para o aposentado, que mora no centro de Tupandi, é fácil ter amizades e a convivência entre os moradores é pacífica.

Comparando com a sua cidade natal, Colinas, no Vale do Taquari, Rudi diz que em Tupandi os conflitos políticos são mais amenos. Segundo ele, isso influencia bastante no desenvolvimento local. Assim como Rudi, muitas pessoas têm escolhido o pequeno município do Vale do Caí para morar, visando qualidade de vida, principalmente pelo atendimento na área da saúde, que é bem vista por lá.

Prefeito Hélio Müller, diz que a conquista é de todos

Incentivos para uma economia forte
O maior peso na economia de Tupandi vem da produção primária, com 57,8% de participação no Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Já a indústria de móveis colabora com 29,3% no total do imposto arrecadado. “Damos incentivos à indústria e à agricultura. Se alguém quiser investir na sua propriedade rural, ajudamos com terraplanagem, estrutura de energia elétrica e auxiliamos com R$ 16,00 por m² para a construção de galpões, aviários ou pocilgas. Incentivamos empresas novas, pagando parte do aluguel de prédios e subsidiando juros de investimentos até certos limites”, destaca Müller.

O prefeito relata que os investimentos realizados hoje são frutos do trabalho de todas as pessoas que já estiveram administrando o município. “Todos os prefeitos que passaram por aqui pensaram da mesma maneira, investindo no presente para alcançar um futuro promissor. Quero que no futuro as pessoas vivam numa cidade boa e estejam felizes por isso”, acrescenta Hélio.

Outra preocupação que a administração pública da cidade possui é em relação às contas do caixa municipal. Hélio Müller diz que não quer que o seu neto, por exemplo, viva numa cidade onde o prefeito administre uma folha de pagamento, uma dívida. “Essa sustentabilidade é importante para que haja investimentos. Por isso somos referência em qualidade em todas as áreas”, aponta. Os dados analisados pelo IDMS comprovam isso. Em 2016 a folha de pagamento comprometia apenas 34,66%, quando o máximo é de até 60%.

Com tantos auxílios ao ramo agropecuário e para que novas empresas se instalem na cidade, emprego em Tupandi tem.

“Não digo para todo mundo, mas quem quer trabalhar consegue”, diz o prefeito sobre vagas no mercado de trabalho. Maior empresa instalada no município, a Kappesberg possui 426 funcionários que residem em Tupandi.

Construção do novo parque da cidade
é um dos investimentos em infraestrutura local

Atenção à educação e ao meio ambiente
A área que demanda maior atenção e preocupação em Tupandi é a Educação. “Se nós queremos um lugar bom para se viver e um planeta melhor, nós temos que ter educação”, frisa o prefeito Hélio Müller. Na educação infantil, há uma escola com vagas para que os pais trabalham e tenham onde deixar as crianças. No Centro e no interior, as crianças possuem turno integral, frequentando aulas e oficinas de manhã e à tarde.

Nascido em Tupandi, Hélio diz que antigamente o jovem do interior não tinha a mesma qualificação de quem vivia na cidade. “Hoje, com todos esses investimentos, esse fato não existe mais. O nosso grupo de danças alemãs viajou para a Alemanha, o coral infantil foi a Petrópolis, no Rio de Janeiro e isso é porque a gente quer que as nossas crianças tenham as mesmas oportunidades que qualquer outra pessoa tem”, pontua o prefeito.
No perímetro urbano da cidade, pequenas plantações de milho surgem na paisagem. Porém, as áreas urbanas e rurais são bem delimitadas, segundo o chefe do executivo tupandiense. “Cuidamos bastante para a zona urbana não aumentar e atingir a área rural, que é uma grande fonte de renda para nós”, esclarece.

Para o prefeito, todos atualmente estão exigentes quanto à preservação do meio ambiente. “A administração fiscaliza, o produtor quer qualidade e as empresas integradoras exigem uma produção consciente. Nós temos que cuidar do meio ambiente, pois tudo isso acaba refletindo na produção porque a empresa não vai aceitar (descumprimento das leis ambientais) e o consumidor não aceitará”, acrescenta Müller.

A previsão do município é que até o final do ano Tupandi tenha 5 milhões de frangos alojados em propriedades locais, tornando a pequena cidade a maior produtora de frangos de corte do Rio Grande do Sul.

Reuniões e estudos técnicos estão sendo realizados para que a produção orgânica cresça na cidade, principalmente nos pomares de laranjas e bergamotas. Para a administração, é preciso pensar no futuro, até porque as pessoas estão mais conscientes sobre a sobrevivência do planeta e a produção orgânica contribui para a preservação do meio ambiente.

Infraestrutura e saneamento
A área da construção civil também está como vento em popa em Tupandi com a construção de um novo loteamento no centro da cidade. Por lá, a prefeitura tem realizado investimentos que possam deixar o local com boas condições de infraestrutura de saneamento básico. Por isso, redes de esgoto e captação da água da chuva são construídas.

Ao analisarmos o quesito ambiental, pesquisado pela CNM, é possível constatar dados da cobertura de saneamento básico no município. Quase 99% dos domicílios possuem coleta de lixo e um pouco mais de 92% das residências possuem rede geral de esgoto ou fossa.

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