MP denunciou o réu por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e que dificultou a defesa da vítima
O Ministério Público recebeu na última quarta-feira, 7, o inquérito sobre a morte de Débora Michels Rodrigues da Silva, a Debby, de 30 anos. E no mesmo dia, o promotor de Justiça Paulo Eduardo de Almeida Vieira encaminhou a denúncia ao Judiciário contra o acusado Alexsandro Alves Gunsch, de 48 anos.
Para o promotor, o acusado estava irresignado com o término da relação afetiva e por motivo torpe, com emprego de asfixia, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, matou a companheira. “Sufocou a vítima causando falta de ar. Foi homicídio doloso (com intenção de matar), com meio cruel, porque tinha um sentimento de posse, não aceitando o fim da relação”, declara o promotor, que o enquadrou por homicídio triplamente qualificado.
De acordo com o promotor, no depoimento, além de confessar o crime, o companheiro admitiu que consumiu cocaína. Para a Polícia, o delegado regional Marcelo Farias Pereira disse que no depoimento na Delegacia ele declarou que na madrugada de 26 de janeiro ocorreu um desentendimento do casal na casa em que moravam, na localidade de Vendinha, quando pegou a personal trainer pelo pescoço e a jogou contra um guarda-roupa.
Mesmo que tenha alegado que pretendia socorrer a vítima por estar passando mal devido à agressão, o Ministério Público ressalta o agravante do acusado, ao perceber que ela estava sem vida, ter deixado o corpo na calçada em frente à casa dos pais dela, no bairro Centenário, em Montenegro. “É um desrespeito com os pais, um casal de idosos, e com a sociedade de Montenegro”, declarou o promotor, bastante incomodado com a brutalidade do crime.

Em entrevista ao Estúdio Ibiá, o promotor Paulo Vieira lembrou que foi ele que se manifestou pela prisão preventiva do acusado, quando houve a representação por parte da Polícia Civil. “Tomei conhecimento dos procedimentos tomados pela autoridade policial”, lembrando sobre vídeos, imagens, relatórios, depoimentos e documentos. Inclusive, após o indeferimento inicial da Justiça, insistiu para que a prisão preventiva fosse decretada, o que após a sua apresentação na Delegacia, aconteceu e o acusado foi recolhido ao presídio, onde permanece.
“Foi um ato extremamente brutal, que mostrou uma periculosidade acima do razoável e por conta disso foi entendido que coloca em risco a própria comunidade como um todo, razão pela qual foi preso, para garantia da ordem pública”, completa. “Não foi um fato acidental ocasional. Foi uma conduta dolosa (com intenção)”, entende.
Caso é prioridade
A Justiça agora deve conceder um prazo de dez dias para a defesa do acusado se manifestar e depois marcar a audiência de instrução. Além da acusação e defesa, serão ouvidas testemunhas e o próprio acusado. Só depois será marcada a data de julgamento. Como o réu está preso, o andamento do processo deve ser mais rápido. “É um caso que tem prioridade. Temos que dar uma resposta rápida para a população”, entende o promotor.
Ainda não se tem previsão para a data do julgamento. A Justiça e o Ministério Público estão com muito trabalho acumulado. O próprio promotor Paulo Vieira assumiu em Montenegro no final do ano passado, quando o MP local estava sem titular na área criminal. E no momento também falta juiz para a realização de júri popular, devendo a magistrada titular retornar no final de março. Mesmo assim o promotor acredita que neste caso de feminicídio a tramitação será agilizada e acredita que o júri vai acontecer ainda neste ano. E lembra que, desde novembro do ano passado houve um aumento na pena mínima para os casos de feminicídio, passando de 12 para 20 anos, com o máximo de 30 anos em regime fechado.
Os familiares da vítima declararam que esperam por justiça. “A dor e o sofrimento é grande. Estamos tentando suportar”, diz o pai de Debby, o professor aposentado Davi Rodrigues da Silva, de 71 anos, que junto com a esposa Rosane viu a filha sem vida no portão da residência dos pais. O irmão da educadora física diz que ela foi morta no dia em que buscaria seus pertences para se mudar para um apartamento, após uma relação de cerca de doze anos. “Precisamos é de justiça. Ele tem que ser condenado”, diz o irmão, Alex Michels.
DEFESA NÃO SE MANIFESTOU
A advogada de defesa do acusado, Daniela Schneider Couto, afirma que ainda não obteve acesso a íntegra do inquérito e que o laudo da necropsia oficial ainda não foi anexado aos autos do processo. “Por esse motivo vamos nos resguardar para manifestação posterior”, alegou.