CANDIDATO A PREFEITO pela coligação “Montenegro unida e próspera” explicapor que deseja conquistar o seu terceiro mandato
Quem é Percival de Oliveira?
Eu tenho 63 anos, sou filho do saudoso Vaceli Flores de Oliveira, funcionário público por quase 60 anos, e da dona Amália. Sou casado com a Ivana há mais de 20 anos. Sou pai do Junior e da Isabela. Morador da cidade, nascido e criado em Montenegro. Fui vereador por três mandatos e prefeito por dois, tendo sido o único prefeito reeleito, o que muito me honra.
O que o levou a concorrer novamente?
A situação na qual se encontra a nossa cidade. Quando estivemos na Prefeitura, Montenegro viveu o momento mais próspero. Nós conseguimos quadruplicar o orçamento do Município. Nós recebemos, em 2005, um orçamento de R$ 41 milhões e entregamos, em 2012, com R$ 167 milhões. Projetamos o Município pro futuro; hoje nós deveríamos estar com um orçamento de em torno de R$ 300 milhões e fechou com um pouco mais de R$ 220 milhões. Isso fez com que a cidade decaísse, isso é visível. É necessário retomar o desenvolvimento.
O senhor iniciou na Política nos anos 80, depois foi vereador e prefeito, até 2012. A sua visão sobre a cidade mudou nos oito anos em que não exerce o poder?
A cidade enfrenta muitos problemas e há necessidade da realização de muitas obras de infraestrutura. Se nós pegarmos a RSC-287, se verifica que hoje, especialmente no período da manhã e à tardinha, se tem uma dificuldade muito grande, especialmente quem mora nos bairros Santo Antônio, Panorama e no nosso interior. Sem contar a questão do perigo, da insegurança. Nós precisamos, urgentemente, realizar obras no sentido de melhorar a trafegabilidade da RSC-287.
Mas sendo uma rodovia estadual, a Prefeitura pode fazer algo?
Quando nós realizamos a obra do trevo da bairro Cinco de Maio, nós fomos até o Daer, ao governo do Estado, e propusemos uma parceria. É o que temos que fazer novamente. Num ano, haviam morrido atropeladas dez pessoas. Nós fomos até o Daer e propusemos: o Município entrou com meio-fio, com caminhões e com aterro, e o Daer entrou com o resto. Foi muito bem aceito isso.
Vai aproveitar o projeto das rótulas?
Essa é uma medida bastante interessante. Em Santa Catarina, por exemplo, o acesso às cidades é feito dessa forma. Nós temos também, depois da Unisc, na Antônio Inácio de Oliveira Filho com a ERS-124, a necessidade da construção de um trevo, alguma rótula, alguma coisa desse tipo. Deixamos, inclusive, esse projeto encaminhado.
Quando o senhor encerrou o segundo mandato, deixou várias licitações de obras e serviços em andamento e recursos reservados. Todos estes projetos foram cancelados pelo seu sucessor, Paulo Azeredo, do PDT, o que o deixou revoltado. No entanto, hoje o senhor está coligado com o PDT. Como explica isso?
Na verdade, eu estou coligado com o PDT, não com o Paulo Azeredo. Eu cresci na política vendo as pessoas perguntarem: por que vocês não se unem em Montenegro, por que saem tantos candidatos?. Hoje, nós estamos colocando isso na prática. Nós nos unimos ao nosso principal adversário, que era o PDT, para fazer essa cidade crescer e se desenvolver novamente.
E isso passa ao largo de Paulo Azeredo?
O Paulo Azeredo, evidentemente, pode contribuir bastante com a experiência que ele tem e haverá de fazer isso. Eu vejo que ele está extremamente entusiasmado. Nós temos que administrar não olhando pelo retrovisor. Nós temos que olhar para o pára-brisa. Nós temos que olhar é para a frente.
Em sua trajetória, o senhor passou pelo PDS (hoje PP), pelo PDT, pelo MDB, pelo PTB e agora está no Republicanos. O que motivou estas trocas?
Eu sempre defendi que, se eu estou insatisfeito em algum lugar, os incomodados é que se mudam. Se eu estou incomodado, eu me retiro.
Com o que estava incomodado?
Por vários motivos. Dentro de um partido foi uma coisa, em outro foi outra.
No PTB, por exemplo?
No PTB, nós tivemos uma dificuldade com relação aos recursos de campanha (de 2016). Nos foi prometido um recurso e foi mandado um quarto disso.
E por que o ingresso no Republicanos?
Eu já tinha sido procurado pelo Republicanos quando eu entrei no PTB, pelo vereador Claudinho, que é nosso coordenador da região e que concorre e haverá de ser prefeito lá na cidade de Triunfo. Agora, o deputado Carlos Gomes me procurou. Eu vejo que é um partido que está num crescente. Hoje, é o sétimo, oitavo maior partido do Brasil; e é um partido ligado à igreja e me motivou bastante ver as ideias, o programa.
Em quê esta campanha se diferencia da anterior, de 2016?
Se diferencia, basicamente, em função da pandemia. Isso mudou radicalmente a situação. Não se sabe, na verdade, nem como irá acontecer daqui pra frente a panfletagem. Nós estamos tomando todos os cuidados possíveis. Vão trabalhar os nossos panfleteiros com luvas, com álcool gel e máscaras. Basicamente isso e também a questão das redes sociais. Hoje, se trabalha mais nas redes sociais.
Que legado ficou da sua passagem pela Câmara?
Foi um aprendizado muito grande, muito bom. Nós conseguimos, por exemplo, incluir na lei da Assistência Social a doação de fraldas para as pessoas carentes. Também o estacionamento especial em frente às farmácias. Foram inúmeras iniciativas que beneficiaram a população.
Em geral, as pessoas reconhecem que o senhor fez muitas obras em seus dois governos. De todas elas, quais o senhor considera as mais importantes?
Eu diria que a chegada da Unisc, uma universidade. A gente já havia discutido antes da campanha de 2004, eu e o Dr. Pollet, da necessidade de atrair uma universidade para a nossa cidade, o que era um sonho antigo e que nunca havia se concretizado. Se nós formos ao campus da Unisc, à noite especialmente, se verifica um movimento muito grande de ônibus, de vans, de veículos. E muitas pessoas que vêm de outros municípios. Isso fez também com que os nossos alunos, que antes tinham que se deslocar para outros municípios, possam estudar aqui mesmo. Também a macrodrenagem do Arroio Montenegro (conduto), uma das grandes obras que foi realizada nos últimos anos na nossa cidade. Nós fomos muito criticados na época, mas ela resolveu um problema sério. As pessoas devem lembrar que uma chuva forte inundava o centro da nossa cidade. Eu lembro muito bem, por exemplo, que na Loja Paratodos entrava água. Hoje, felizmente, isso está resolvido.
Mas houve problemas e foram necessários ajustes.
Perfeito, como toda a obra. Se nós realizarmos uma obra em casa, normalmente dá algum tipo de problema. O importante é que ela está ali e funcionando.
Seus adversários também lembram de problemas e até denúncias envolvendo o conduto, a reforma da Praça, a ampliação da Escola Esperança, que teve de ser refeita, e o loteamento Bela Vista, com suas casas extremamente precárias. Como o senhor encara estas críticas?
Apesar de todo cuidado, problemas existem. Na Escola Esperança, a construtora utilizou um ferro mais fino do que estava previsto no memorial descritivo. A obra foi embargada, nós fizemos todos os trâmites legais, trancamos o pagamento e, recentemente, esses recursos que estavam trancados na Justiça, foram liberados e a atual Administração pode se valer deles.
Por que as casas do Bela Visto ficaram tão ruins?
Nós recebemos R$ 7,5 mil para construir cada casa. Buscamos junto ao governo estadual mais R$ 1 mil por casa. E também o Município, como contrapartida, acabou entrando com R$ 1 mil ou R$ 1.500,00. É um projeto federal que vinha já pronto. O projeto servia para todo o Brasil. Não existia a utilização de pedra; só existia uma viga; porque ele tava mais voltado para o Nordeste, que não tem quase problemas de chuvas. Nós tivemos o zelo, o cuidado e colocamos a pedra abaixo da viga. Evidentemente que eu escutei de muitas pessoas, inclusive de vereadores, que a porta é de terceira. Mas é o que estava no projeto, no memorial descritivo. Não tem como tu botar uma porta de primeira com um recurso tão baixo.
O senhor sabia que o valor era baixo. Se arrependeu por aderir?
Não, eu nunca me arrependi. Se eu recebesse novamente esse recurso, eu utilizaria ele novamente. A maioria dessas pessoas morava no lixão, debaixo de lona preta. Essas pessoas, hoje, moram numa casa com banheiro, com chuveiro quente e têm um terreno.
Seu novo partido dificilmente formará maioria na Câmara. Quem serão seus aliados no legislativo e de que forma vai conquistá-los?
Eu tenho a experiência de ter sido três vezes vereador e o único prefeito reeleito dessa cidade. As relações com a Câmara Municipal serão balizadas nessa experiência. A nossa coligação tem ainda o PDT, o PSL e o Cidadania. Evidentemente que, se houver a possibilidade de nós agregarmos, depois da eleição, mais algum outro partido, espaço há. Nós temos várias secretarias no governo e elas poderão ser ocupadas por pessoas de outros partidos, dependendo das conversações que a gente possa vir a ter.
Qual será o papel do seu vice no governo?
Os meus dois vices, do primeiro e do segundo mandatos, o Dr. Paulo Pollet e o Dr. Marcos Griebeler, desempenharam um papel importante. Acho que foi a primeira vez que se viu o vice atuar efetivamente, em sintonia com o prefeito. Evidentemente que o Ademir Fachini também terá esse mesmo espaço. Se quiser ocupar alguma secretaria, ele ocupará. Fora isso, ele terá o seu gabinete e irá administrar o Município junto com o prefeito.
Em 2015, foi implantado o novo Plano de Carreira dos servidores. O aumento das despesas com pessoal ficou muito acima do previsto. O senhor pretende rever esta legislação?
Nós temos que governar olhando pra frente. O que eu penso – até porque me parece que isso já é um direito adquirido que, dificilmente, poderá ser alterado – é que nós temos que fazer o que nós fizemos em 2005 e 2009, que é a atração de novos investimentos. Nós temos que aumentar a receita porque, hoje, a folha consome em torno de 50% de tudo aquilo que é arrecadado no Município. Sobra 50% para Saúde, Educação e Infraestrutura; e para investimento, na verdade, sobra quase nada. Tanto que as obras que estão sendo feitas agora são feitas a título de empréstimos. Eu acho que, hoje, a capacidade de endividamento do nosso Município deve estar em zero.
Que ferramentas o senhor vai utilizar para isso?
Eu dizia sempre que nós temos que levantar o traseiro da cadeira. Nós temos que correr atrás das empresas e oferecer incentivos fiscais. As empresas que nós trouxemos para Montenegro, as grandes empresas que aqui estão e vieram no nosso governo, todas vieram com incentivo fiscal. Não há outra solução.
Embora não tenha divulgado isso na época, o senhor tem dito que sofreu um AVC na metade de seu segundo governo e isso o faz perder algumas memórias. Elas já voltaram? Como está sua saúde hoje?
Eu tenho cuidado da minha saúde. Fiz check-up há dois meses, até porque eu tenho válvula metálica. Está tudo bem, mas eu tive, realmente, um AVC que só foi descoberto depois, durante uma tomografia. Isso me trouxe, de fato, na época, como uma das consequências, a perda de algumas memórias. Felizmente, com o passar do tempo, acabei recuperando a memória.
Seus oponentes dizem que o senhor só havia esquecido os problemas de suas gestões anteriores, mas lembrava dos aspectos positivos. Como vê essa crítica?
Acho que é até uma desconsideração; um desrespeito com o ser humano. Eu tenho a tomografia; eu tenho a conclusão dada pelo médico. Eu acho um desrespeito.
Existe alguma chance de redução de impostos caso seja eleito?
Sim, basicamente, no IPTU. Ontem mesmo conversei com uma pessoa que está querendo colocar em dia o IPTU e não consegue porque atrasou e isso vira uma bola de neve. Os juros são muito altos. Isso, necessariamente, terá que ser revisto; assim como a implantação, novamente, do Refis. As pessoas querem pagar, mas não têm como pagar. Então, hoje, nós devemos ter mais de R$ 20 milhões fora; e se nós baixarmos os juros e executarmos o Refis, é possível que grande parte desse valor entre nos cofres do Município. Não adianta tu ter 20 milhões fora, não poder fazer nada porque não tem o dinheiro.
Durante a pandemia, muita gente reclamou da Prefeitura por não ter ajudado os pequenos empreendedores? O que o senhor teria feito?
Havia determinação do governo do Estado e até mesmo do governo federal com relação ao fechamento do nosso comércio, mas acho que foi um erro. O comércio ficou muito tempo fechado. Acho que, se tivesse funcionado com os cuidados – máscara, luvas, álcool gel – não vejo o risco. Eu teria lutado no sentido de que o comércio pudesse funcionar, obedecendo, evidentemente, a cuidados para não disseminar a doença. Acho que faltou um movimento dos prefeitos nesse sentido.
Como o senhor pretende aumentar a oferta de atendimento médico e exames na cidade, reduzindo a ambulancioterapia?
A estrutura do nosso Hospital Montenegro pode ser melhor aproveitada. Tenho certeza que o próprio hospital tem esse entendimento. Nós temos que buscar, junto à secretaria da Saúde do Estado, a oferta de novos serviços e que se evite esse transporte, muitas vezes tão doloroso para as pessoas. Imagina uma pessoa com câncer, que muitas vezes tem que levantar muito cedo e acaba retornando de Porto Alegre ou de São Leopoldo tarde da noite. Se ela fosse atendida na nossa cidade, seria muito melhor para a recuperação.
O prefeito e candidato Kadu disse que, enquanto ele voa, talvez alguns oponentes estejam se rastejando. Como vê isso?
Eu vi a declaração dele. Achei extremamente desrespeitosa, especialmente comigo porque eu não fiz nenhum tipo de comentário com relação ao slogan dele. Acho que faltou um pouco mais de respeito para com seus adversários.
Por que os eleitores devem votar no senhor novamente?
Por tudo aquilo que nós realizamos nos oito anos de governo. Nós mais do que quadruplicamos o orçamento do Município. Nós trouxemos para Montenegro várias indústrias que geraram emprego e renda para nossa população. Nós conseguimos atender à Educação, construindo mais de 100 salas de aula. Assumimos a Prefeitura com um déficit de 1.300 crianças aguardando vaga em creche e entregamos a Administração com creches, como a da Santo Antônio, com vaga sobrando. Nós atraímos uma universidade para a cidade e fizemos várias obras importantes. A nossa experiência pode fazer com que Município retome o seu desenvolvimento. Muitas pessoas dizem que a cidade estacionou. Eu diria que Montenegro retrocedeu em muitas coisas. Nós temos uma cidade suja, esburacada, que esqueceu das suas festas. As pessoas comparam o nosso Parque Centenário com o Parque Centenário de São Sebastião do Caí, que são semelhantes. O deles é um brinco; o nosso é um lixo. Nós temos que recuperar isso, recuperar o balneário, recuperar a beira do rio, recuperar o Morro São João. A população deve se valer da nossa experiência para que tudo isso volte a ser realidade e a cidade retome o desenvolvimento.