Marli Mertins mora em casa centenária na localidade de Matiel, que precisa de melhoras no forro, telhado e assoalho

Marli Mertins está perto de completar 59 anos, mas não poderá receber os amigos em sua residência para celebrar a data, em razão do péssimo estado de conservação da casa onde mora. Antiga, a moradia possui problemas no assoalho, telhado e forro. A moradora estima que a residência localizada na localidade de Matiel tenha mais de um século de existência. Além disso, dificulta a vida de Marli a falta de acessibilidade necessária para ela. Ela sofre as sequelas da paralisia infantil, que a acometeu aos três anos de idade, e depende de uma cadeira de rodas para se locomover. A casa possui apenas adaptações.
Seu maior desejo é poder reformar a casa onde também moraram seus avós e pais e que hoje é ocupada por ela, seu gato e seu cachorro. “Eu queria material para, ao menos, fazer o telhado, o forro e o assoalho”, conta. Recentemente, parte do chão da sala cedeu sob o peso de uma das rodas da cadeira utilizada por Marli. Outras partes possuem remendos. O forro inexiste em alguns cômodos, fazendo com o que vento e o frio invadam com facilidade a casa. Nos espaços onde há forro, como no quarto usado por Marli, os cupins tomaram conta da madeira.

Para impedir que a sujeira caia sobre sua cama, a moradora teve ajuda para instalar um lençol por cima do seu leito. Outro problema encontrado é o apertado corredor. A entrada da frente, onde um pequeno toldo está quase caindo, não poder ser usada por Marli por ter apenas uma escada e nenhuma rampa. Como parte da casa é cercada por grandes árvores, a residência pega pouco sol. Assim, a moradora precisa improvisar um varal num dos cômodos não usados por ela.
“Só quero pedir para as pessoas que, se elas quiserem me ajudar, que não seja em dinheiro, mas com material”, solicita Marli. Além do salário de faxineira aposentada, a cadeirante consegue uma renda extra fazendo doces, trufas e salgados. Para ajudá-la, amigos já organizaram algumas ações. A última delas foi um bingo beneficente ocorrido em maio. Porém, a baixa participação fez com que Marli se desanimasse. Ela não sabe se voltará a fazer alguma promoção semelhante.
Para ajudar: Interessados em ajudar Marli a reformar sua casa podem entrar em contato pelo telefone 9 9840-6089.
Principal meio de locomoção foi adquirido através de rifa

Há dois anos, Marli Mertins conseguiu adquirir uma scooter elétrica através de uma rifa e graças à ajuda de alguns benfeitores. Com o equipamento, ela consegue se locomover por grandes distâncias, inclusive indo para a cidade vizinha de São Sebastião do Caí. “Eu passo em tudo que é lugar e todo mundo me respeita”, conta.
Dentro de casa, Marli utiliza uma cadeira de rodas para se locomover e outra especial para o banho. Ela possui ainda um terceiro equipamento que ganhou da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), mas que precisa ser adaptado para que ela consiga utilizá-lo. Porém, nem sempre foi assim. A primeira cadeira de rodas que Marli teve ela ganhou quando tinha cerca de 20 anos. Antes disso, ela se locomovia arrastando-se.
Marli recorda que quando sofreu a paralisia, foi encaminhada para um especialista em Porto Alegre, que lhe recomendou apenas fazer alongamentos. Porém, ela não quis ficar deitada na cama. “Um dia meu pai e minha mãe saíram para trabalhar e eu pensei: ‘vou me jogar no chão e fazer como quando era criança’. Me joguei e comecei a engatinhar por toda a parte”, recorda.
Marli viu na política uma alternativa
Sentindo-se um tanto desamparada, Marli recorreu à política para buscar uma solução para os seus problemas e de outros portadores de necessidades especiais de Pareci Novo. Assim, ela concorreu ao cargo de vereadora nas últimas eleições. O resultado, porém, não foi satisfatório para a cadeirante. Marli fez apenas 11 votos
“Eu queria entrar na política para ajudar as pessoas que precisam, porque tem muita gente que precisa, e também para fazer uma casa pra mim”, afirma. No entanto, hoje ela diz não querer mais saber de política. Apesar disso, ela garante ajudar sempre que alguém precisa. “Eu sou boa até demais. Empresto dinheiro e não ganho de volta. Eu ajudo as pessoas, mas não ganho recompensa”, comenta.
Sem saber precisar há quanto tempo – mas há muito – Marli diz que chegou a se registrar junto ao Centro de Referência em Assistência Social (Cras) para receber uma casa, mas não obteve êxito. A reportagem do Ibiá entrou em contato com a Cras para saber se Marli estava inscrita em algum programa social, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.