O Natal está batendo em nossa porta! É chegado o tempo de refletir e celebrar na fé todos os momentos vividos em 2023 e os aprendizados que serão levados adiante. O Bispo da Diocese de Montenegro, Dom Carlos Rômulo, destaca que é sempre uma alegria celebrar o Santo Natal. “O centro para nossa vida cristã é Jesus Cristo, por isso, para nós, é uma alegria muito grande chegar nesta data, nos prepararmos para a celebrar o nascimento de nosso Senhor e salvador”, afirma. Ele relembra que tudo inicia com a Coroa do Advento, símbolo de preparação para o Natal. “São quatro domingos onde acendemos uma vela para revelar que a luz de Deus está chegando e iluminando a vida das pessoas até acolher a luz que é Cristo. Este é o símbolo do tempo de advento, que são quatro semanas antes do Natal”, pontua.
Já na noite de Natal, o maior de todos os grandes símbolos é o presépio. Dom Carlos Rômulo relembra que neste ano são celebrados 800 anos da criação do presépio. “O primeiro presépio é o próprio nascimento de nosso Senhor em Belém, mas por muitos séculos não se fazia uma representação deste nascimento. Foi São Francisco de Assis que teve esta ideia luminosa de montar o presépio, em Grédio, na Itália. Para nós, é muito significativo vermos um presépio nas igrejas, nas casas e outros ambientes”, destaca.
O Bispo relembra que o ano não foi dos mais fáceis para as comunidades da região, se referindo às grandes cheias que destruíram milhares de moradias e fizeram com que muitas famílias tivessem que começar a vida do zero. “Nós vivemos um momento duro em toda nossa região. Todos que vivem próximo ao Rio Caí e Taquari sofreram com as consequências das grandes enchentes, com muita dor e sofrimento”, diz.
Porém, até mesmo nos piores momentos, é possível enxergar o lado bom das situações e pessoas. “Em meio a tudo isso, nós vivemos uma experiência de Natal com a solidariedade. Houve muita ajuda naquele momento mais doloroso. Acredito que o Natal vai acontecendo também no meio do sofrimento. José e Maria, no nascimento de menino Jesus, também tinham sofrimentos e dores e ali aparece Deus no meio de seu povo”, analisa. “Assim também foi ao longo deste ano com as grandes enchentes em que houve sempre uma mão amiga, pessoas anônimas que foram verdadeiramente como anjos a chegar junto de quem precisou para que não desanimassem”.
É pensando nisso que para o Bispo, celebrar o Natal agora significa “acolher o Senhor que diz: vamos nos erguer, vamos tocar a vida para frente em meio às lutas, perdas e lutos, porque isso faz parte e não tem como apagar da vida das pessoas. O Senhor está conosco para nos fortalecer, reconstruir e repensar a nossa sociedade”. Com o momento de dificuldade, até mesmo a igreja está se reorganizando para melhor atender os mais necessitados com solidariedade. “É um tempo difícil até para a própria igreja na sua solidariedade. Tudo isso tem nos feito pensar como ser presentes nestes momentos. O Natal é sempre dizer que o Senhor está conosco sob qualquer circunstância”, afirma.
“Recebemos muitos gestos de todo o Rio Grande do Sul e Brasil afora, então em nossa Diocese, decidimos que precisamos articular em todas as paróquias a Cáritas, que é sempre uma instituição que está presente para acolher os donativos das pessoas e distribuir a aqueles que mais precisam”, acrescenta. Ele diz que é necessário que a igreja tenha respostas rápidas para responder de maneira forte a todos os desafios que surgem. “Não só para quando acontece algo próximo de nós, mas para também sermos um sinal para outras comunidades. As pessoas querem ajudar, então precisamos de canais que facilitem que a gente dê esta resposta”, define.
“Seja um pequeno Natal na vida de alguém!”
O Bispo Dom Carlos Rômulo analisa que, o Natal, por ser celebrado próximo ao final do ano civil, de certa forma abre caminhos para uma avaliação da caminhada como pessoa humana, família e sociedade. “É sempre importante poder fechar um ciclo, avaliar, tirar o aprendizado, porque em tudo a gente aprende. E, a partir de uma experiência de fé, podermos dizer que Deus está conosco e podemos continuar e começar um novo ciclo com novos propósitos que nos ajudem a crescer”.
Ele diz que o momento das cheias foi oportuno para notar que o coração do nosso povo é um coração muito bom. “Apesar das dificuldades e coisas que se atravessam na vida das pessoas, a maioria absoluta é de solidariedade de pessoas anônimas que deixam suas casas e vão partilhar. É um Natal permanente que aparece em qualquer momento do ano, ou seja assim como naquele tempo também haviam guerras e sofrimentos na Palestina e Israel, também em todos os tempos teremos momentos difíceis. Precisamos olhar como estamos crescendo como pessoa humana”, determina.
Ele relembra que todos nós temos oportunidade de fazermos escolhas e optar por qual lado da história queremos estar em qualquer circunstância. “Nós queremos ficar do lado da solidariedade, amor e vida ou o lado errado? O Natal é como uma estrela que diz “aqui tem um caminho para onde nós podemos fazer uma opção”. Este é um chamado para todos nós. O Evangelho diz que nem um copo de água dado à aquele que precisa será esquecido, então todo gesto de amor e toda partilha já é um pequeno céu que acontece entre nós. Eu pude presenciar com estes desastres algo tão bonito que brotou no meio da dificuldade. Isto é Natal”, enfatiza.
E se engana quem pensa que ser uma boa pessoa é realizar grandes ações. “Nós podemos ser um pequeno Natal na vida de quem está sozinho, dos doentes, idosos, daqueles que estão deprimidos. Ser um anjo que chega na vida de uma pessoa”, diz. Conforme ele, este é um convite a cada cristão e cada pessoa de boa vontade em sua experiência de fé, de ser um pequeno Natal sem nenhum holofote. “Que chegue e dê um abraço e que aquela pessoa reconheça que ela existe neste mundo e que é amada. Pode ser uma pessoa que está esquecida em um lar de idosos, hospital, ou até mesmo em casa sem ninguém na sua volta. Levar um pequeno panetone ou cesta básica para quem precisa. É um gesto de carinho que uma pessoa possa dizer “Deus me ama e enviou este anjo para trazer este gesto de amo”. Isso qualquer um de nós pode fazer discretamente e isto já será um Natal”, conclui.
Mensagem do Bispo
“Um convite a todos a poder celebrar o Natal. Todos já estão pensando em encontrar a família, e reunir. Que cada um procure também deixar a luz de Deus entrar na sua vida, procurar os horários de celebrações nas suas comunidades, celebrar Jesus Cristo, celebrar com a comunidade, porque isto também é uma luz para a família. É muito bom estarmos em família trazendo também uma mensagem, o verbo de Deus se fez carne. Ele que dá este sentido e essa novidade a nos encontrarmos como família. Então, fica o convite. Estamos aqui na Catedral que é um lugar de celebração de Natal com uma programação, mas em qualquer comunidade e onde o Jornal Ibiá chegue, vai chegar também este convite. Vamos celebrar, vamos dizer “Senhor Jesus que bom que tu vem ao nosso encontro, que tu veio para nos salvar e nós queremos louvar o teu nome também em comunidade, para dar esperança para a humanidade”. Onde tem pessoas que se encontram e que celebram juntos e convivem, isto é motivo de esperança para toda a humanidade. Se estamos vivendo em uma sociedade de guerras e de violência como nós temos presenciado no mundo inteiro, qual a resposta diante disso? É o amor. É encontrar, é sermos comunidade. O amor vence quando nós estamos juntos, celebramos juntos e nos alegramos juntos.
Desejo a todos um feliz e abençoado Natal e que cada um possa dar um passo no amor, no diálogo, perdão e no abraço fraterno para celebrarmos a alegria do Santo Natal”.