Confiança. Maioria dos brasileiros busca se informar nos veículos profissionais
Na segunda-feira, dia 1º de junho, é comemorado no Brasil o Dia da Imprensa. Sempre há motivos para saudar este pilar da Democracia, especialmente agora, quando, em meio à situação preocupante, o brasileiro prioriza o jornalismo profissional para se informar a respeito da Covid-19; em detrimento as redes sociais e canais pessoais no Youtube.
Pesquisa recente do Datafolha avaliava positivamente a credibilidade dos noticiários de TV em 61%, e os jornais impressos em 56%, como lembra o atual presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), Luiz Adolfo Lino de Souza. Ele afirma ainda do prestígio às emissoras de rádio, em 50%; e dos sites noticiosos com 38% de confiança. “Esta é uma grande notícia para os jornalistas”, declarou. Souza avalia que isto é prova de que, em momentos difíceis, a população percebe a responsabilidade que os profissionais possuem com a informação útil e de qualidade. Também é positivo na pesquisa a posição ocupada pelos aplicativos (APP), popularizados nas últimas eleições, que ficaram com 12% de credibilidade.
O jornalista interpreta como sinal de que o “amigo” do Whatsapp não inspira confiança em assunto sério. “Aliás, este tema Saúde sempre foi sensível para a população”, afirma. Seus 38 anos de profissão permite afirmar que leitor, ouvinte ou espectador aceita abordagens com técnicas de marketing em qualquer editoria, tais como viagens, gastronomia; mas não em notícias de medicina e vida.
O presidente da ARI analisa os motivos desta mudança de hábito, iniciando pelo fato de que, durante a pandemia, o valor da informação de qualidade apareceu desde o princípio. Ele aponta que recursos financeiros e profissionais com experiência e formação, são uma garantia que outros ‘atores’ do mercado não possuem. “O influenciador (digital) está mais focado em audiência e resultado financeiro e o jornalista está preocupado com precisão, impacto da notícia e repercussão na sociedade.
Redes sociais têm o que ensinar
O presidente aponta fatores positivos das redes sociais, que, inclusive, precisam ser absorvidos pelo jornalismo tradicional. Uma delas é a pluralidade. Souza comenta que o jornalismo prega esta característica, mas nem sempre consegue oferecer na mesma escala que a internet. Outro aspecto valioso é o alcance global, que permite ultrapassar limites que a imprensa possui, com excessão da televisão e do rádio. “Mas o fundamental é a responsabilidade do trabalho do jornalista”, reforça.
O presidente é enfático ao dizer que aquele que pretende fazer política deve se tornar assessor de um candidato; pois o profissional de comunicação tem uma missão maior. “E felizmente, mesmo superando ataques, nunca se precisou tanto do jornalismo quanto hoje”. A pesquisa revela um momento de transformação tecnológica, todavia, a ética e a técnica são os diferenciais.
Hora para consolidar a verdade
Há uma máxima de que crise é significado de oportunidade. E para as empresas de comunicação, este momento deve ser de retomada e consolidação, alicerçadas na tecnologia unida à técnica jornalística.
Neste projeto, as ferramentas essenciais serão a reflexão a respeito deste cenário posto; e o combate as mentiras, calúnias e difamações, mundialmente glamourizadas pelo pseudônimo de “fake news”. “Mas que não passam de mentiras. Não são fatos”, define Souza.
Outra ordem dentro das redações é a análise minuciosa para descobrir onde estão errando e como garantir estes índices de credibilidade após este período atípico. “Os jornalistas erram. Mas é na transparência e na busca da correção que a confiança no jornalismo se manterá”, declara.
Então a primeira observação do professor é que o envio de vídeos e áudios para as redações é a forma pela qual o cidadão busca se aproximar dos jornalistas. E isto é sinal de confiança no trabalho destes profissionais. Da mesma forma, a pandemia está mudando a maneira de os veículos se relacionarem com seu público, o que será muito positivo para estreitar a convivência e aumentar a credibilidade no jornalismo. “Apesar dos ataques e da disputa de narrativas que o mundo viverá por muito tempo”, finaliza.
Ataque contra um pilar da democrácia
A tentativa de desprestígio à imprensa profissional não seria por acaso, e Souza denuncia a existência de uma campanha financiada. Uma ação orquestrada que passa pelo interesse político, e pelo descrédito às instituições, e que, inclusive, é um fenômeno mundial. “A imprensa, em seu papel crítico, virou alvo porque sua missão é de ser fiscal dos governos”, declara. E como parte desta disputa, ela passou a ser atacada como inimiga de interesses.
A comprovação disto está na postura de presidentes, em vários países, que passaram a agredir o jornalismo como estratégia eleitoral, política e social. E parte da população foi levada a acreditar nessa ofensiva, e jornalistas estão sendo perseguidos e até assassinados por atrapalhar interesses. E justamente as redes sociais são a arena do desrespeito, simbolizando um novo formato de ataque. “Não é um fenômeno exclusivo de hoje. Mas, as redes sociais e a sensação de uma internet mais democrática prejudicaram o trabalho sério de profissionais”, enfatiza.