Entre passeios, brincadeiras e muito afeto, uma ajuda à saúde

Além de seu melhor amigo, o animal de estimação pode ser um aliado para sua saúde. Se ele for ativo, pode ser o incentivo que faltava para caminhadas logo ao amanhecer ou no final do dia. E, mesmo para quem tem um mascote que se movimenta menos, só o que eles oferecem de afeto já faz muito bem. De acordo com um novo estudo, publicado no periódico científico Journal of Epidemiology and Community Health, quem tem cachorro é dono de um coração mais saudável. A razão? Não é emocional, apesar dos donos costumarem ser apaixonados por seus pets. É que as pessoas que passeiam com cachorros são menos sedentárias.

Pesquisadores das Universidades de East Anglia e de Cambridge analisaram os hábitos cotidianos de 3.123 britânicos, entre 49 e 91 anos de idade. Cerca de 20% dos participantes tinham um cachorro em casa. Desses, 65% costumavam passear com o animal. Os cientistas descobriram que a “desculpa” é deixada de lado quando há um cachorro em casa. Aqueles que não tinham um cachorro eram mais sedentários nos dias frios e chuvosos. “Considerando as condições climáticas, ficamos realmente surpreendidos com a diferença entre aqueles que caminhavam com os cães e o resto dos participantes do estudo”, disse Yu-Tzu Wu, pesquisador da Universidade de Cambridge, ao jornal on-line britânico The Independent. Em dias de clima chuvoso, eles caminhavam cerca de 12 minutos a mais do que as pessoas sem animais. Parece pouco, mas faz toda a diferença devido a regularidade.

“Ela me salvou”
A frase é dita pela dona de casa Jan Pereira, de 30 anos, mas, caso pudesse se expressar na língua dos humanos, é provável que a cadelinha Nina Maria, de quatro anos, também a afirmasse. Ela foi resgatada por Jan quando tinha apenas 40 dias e depois disso elas não mais se largaram. “Ela me salvou. Quando a encontrei, estava na pior fase da depressão. Veio trazer felicidade de novo à minha vida”, conta Jan, que fez terapia e até hoje faz uso de medicação.

A responsabilidade sobre Nina e a companhia dela foram decisivas. Jan mora com o marido, mas, como ele trabalha fora, os cuidados com a mascote são sua responsabilidade. “Ter uma vida que depende de você, muda tudo. Se eu não levantar da cama, ela não come. Todos os dias preciso levá-la pra passear, buscar ração e petiscos”, explica ela. Hoje, todos notam as mudanças que Nina gerou. “Ela mudou um pouquinho todo mundo”, comenta Jan. Agora, entre passeios, cabo de guerra, mordidinhas e muitas brincadeiras com bolinha, ambas estão felizes.

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Há quatro anos Nina e Jan fazem bem uma para a outra

Há muito a se descobrir desses benefícios
As Terapias Assistidas por Animais (AATs, sem sigla em inglês) têm crescido pelo mundo e também são praticadas no Brasil. Maria Paulina Pölking comenta que elas já apresentam resultados no tratamento de inúmeras patologias. Quem defendeu esses estudos, de forma pioneira, foi renomada psiquiatra brasileira Nise da Silveira, já falecida.

Ao observar os efeitos do envolvimento de um paciente psiquiátrico com o cuidado de um cão, ela desenvolveu trabalhos sobre esta ação, denominando o animal de co-terapeuta e avaliando que o cuidado dedicado ao animal estimulava a possibilidade de retomada do cuidado próprio, em uma reestruturação psíquica. Vale destacar, também, a equoterapia, na qual os cavalos são utilizados no tratamento de inúmeras deficiências e no desenvolvimento motor, apresentando ótimos resultados.

Maria Paulina Hummes Pölking, Psicóloga e Psicanalista

Fato comprovado
A Psicóloga e Psicanalista Maria Paulina Hummes Pölking diz que, comprovadamente, o convívio com animais de estimação traz benefícios para a saúde emocional e, consequentemente à física. Trata-se de um elemento recomendado por profissionais da saúde por sua ação terapêutica. “Observamos que os pets têm ocupado lugar de crescente destaque na vida das pessoas. Ter um animal de estimação desenvolve em crianças e adolescentes o senso da necessidade de cuidado, da responsabilidade com um ser vivo que depende de mim”, diz Paulina.

O animal retorna com afeto o cuidado que lhe é dedicado, assim se estabelece uma troca emocional importante para o desenvolvimento de responsabilidade com a vida. Saber que é preciso atender às necessidades de seu pet é uma tarefa diária e renovada, um compromisso assumido. Já na vida adulta e madura, eles são companheiros e, inúmeras vezes na velhice, motivam o idoso a um contínuo compromisso com a vida. Movimentam a rotina, são parte de um processo de socialização e renovação.

“Estas ações promovem bem-estar. Quando encontramos um cão e seu dono passeando, a relação de parceria, companheirismo entre a dupla se evidencia. A sabedoria popular nos fala do cão como o melhor amigo do homem. Exageros à parte, são amigos, uma presença que pode suavizar situações de stress e romper cenários de solidão”, diz a psicóloga. Ela reafirma, porém, a importância do equilíbrio. “Excessos, exageros que nos levam a extremos e equívocos pedem cuidado. Animais são seres vivos, não são objetos de estimação que podem ser descartados ou, no ponto inverso, idolatrados. Lidar com estas questões é também elemento de construção de saúde, tanto para os pequenos como para os adultos”, finaliza.

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