Encarecimento da fruta reforça como a pesquisa é um importante alívio no bolso do consumidor
O tomate voltou a figurar como o principal vilão da cesta básica neste início de mês. Isso no país todo. Em Porto Alegre, levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou uma alta de 38,59% no preço do item entre fevereiro e março. Foi ele o que mais encareceu na cesta.
Dados da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) mostraram o quilo da fruta nos R$ 5,38 na capital do Estado. Por Montenegro, na última sexta-feira, 5, encontrava-se ela, na variedade “Longa Vida”, por até R$ 8,49. O valor levou muitos montenegrinos a cancelarem a salada das refeições.
O preço azedo do item tem explicação. Segundo o Dieese, é consequência do fim da safra de Verão, que reduziu a oferta e jogou o preço lá em cima. Como se não bastasse, a precipitação de chuvas nas áreas onde o tomate ainda é plantado atrapalhou a qualidade da produção, também pressionando os custos.
Mas a quem se assustou com os R$ 8,49 da última sexta-feira, a sugestão do Seu Bolso é não “se atirar” na primeira balança que ver pela frente. No mesmo dia em que o alto valor era verificado na cidade, tinha mercado realizando promoção de hortifruti com o quilo custando R$ 2,99. Pesquisa da reportagem também encontrou o Longa Vida por R$ 3,99, R$ 4,99, R$ 5,98, R$ 5,99, R$ 6,99 e R$ 7,49. De uma ponta a outra, a variação é de 184%.
Diferentes fatores explicam o fenômeno. A proximidade do mercado com o fornecedor; algum acordo de compra para grandes quantidades da fruta; um dia da semana específico para promoções no item; e até a qualidade da variedade ou sua proximidade com a data de validade podem explicar a grande diferença entre o preço de um para outro.
Há também um jogo de compensações. Em um mercado que, na sexta-feira, vendia o quilo do tomate por R$ 5,99 – o quarto preço mais caro entre os oito estabelecimentos pesquisados – o valor de comercialização da batata inglesa era o mais barato da cidade: R$ 1,99 quando, no local mais caro, o preço do quilo chegava aos R$ 4,89 (uma variação de 64%). É a lógica de encarecer de um lado para conseguir baratear de outro e compensar as receitas.
A alta vai além
O salto nos preços dos últimos dias não ficou restrito ao tomate. O excesso de chuva em alguns pontos do Rio Grande do Sul e as safras ruins de outros estados diminuíram a oferta e fizeram disparar os valores de outros itens da feira. A pesquisa do Ibiá de sexta-feira encontrou altas consideráveis na cenoura (R$ 4,99 o quilo), na cebola (R$ 4,99 o quilo), na batata inglesa (R$ 4,89 o quilo) e no alface (R$ 2,79 o molho). Na comparação de um estabelecimento para outro, no entanto, também se encontra considerável variação. Confira a tabela:
Atenção para as dicas
Óbvio, pesquisar o preço é o melhor caminho. Quem pode, cata as promoções de um, as ofertas de outro e segmenta suas compras para ir sempre pelo mais barato. Mas há que se convir: é preciso levar em conta o tempo para essa pesquisa e o que ela demandará em custo de deslocamento. Ir de carro, ônibus, taxi ou bicicleta de um lado a outro da cidade para economizar centavos nem sempre é o melhor caminho. Para quem tem condições, também cabe colocar na conta fatores como o conforto e o bom atendimento. Tudo influi na hora de escolher entre um ou outro mercado. Mas vamos às dicas:
– DIA DE FEIRA: A grande maioria dos mercados e afins costuma promover os “Dias do Hortifruti”. São datas específicas da semana em que a sessão está com promoções e itens bem fresquinhos. Importante se organizar para fazer as compras nesta data.
– OUTRA ALTERNATIVA: A reportagem evidenciou como, dentro de um mesmo estabelecimento, um item pode estar mais caro quando outro, em compensação, está mais barato. E quando se fala em frutas, verduras e legumes, sempre é possível pensar em outra alternativa de compra que seja mais em conta e que ofereça sabor parecido e os mesmos nutrientes visados. Dá pra trocar a batata inglesa pelo aipim ou pela batata-doce, por exemplo.
– APROVEITE O ALIMENTO: Se os itens da feira já estão caros, claro que é preciso tirar o máximo deles, o que nem todos fazem. As cascas da cenoura e da batata, por exemplo, são ricas em nutrientes e não precisam ser jogadas fora. Há receitas, inclusive – e a internet está aí para isso – que usam cascas de chuchu para fazer petiscos assados; ou talos de couve-flor para bolinhos e suflês. As possibilidades são muitas e a economia, também!