Infraestrutura. Os buracos se multiplicam na rodovia e a verba do órgão no RS está sem perspectiva de reposição
As condições de tráfego da BR-386, segundo as mais recentes pesquisas da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), oscilam entre regulares e boas, mas se agravaram com as recentes chuvas e a tendência é piorar. Acabou o dinheiro do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para as obras de manutenção das rodovias federais neste ano. Com isso, a conservação da Tabaí-Canoas deve ser interrompida pelo menos até o final do ano. E os problemas ficarão ainda maiores, porque está em risco até a manutenção dos túneis da BR-101 em Morro Alto, Maquiné, no Litoral Norte. As passagens subterrâneas deverão ser fechadas no mês de dezembro, quando a gauchada vai em peso ao litoral.
O chefe-substituto da 4ª Delegacia de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), com sede em Lajeado e jurisdição sobre o trecho de Montenegro da BR-386, Paulo Reni da Silva, recebeu com preocupação a informação de que terminaram os recursos para manter as vias federais em boas condições. “Internamente, já sabíamos desse problema, porque pedíamos melhoria na sinalização e não acontecia. Agora a situação veio a público, num sinal de que a coisa está feia mesmo. Ficamos realmente preocupados, porque a situação da 386 já é ruim. E o pior é que com o fim do ano aumenta o movimento, então a tendência é se agravar muito mais.”
Estrada esburacada, garante Reni, é sinônimo de mais acidentes. A má conservação do pavimento induz os motoristas a cometerem mais erros. Mesmo que os condutores tenham mais cautela, às vezes uma manobra para desviar de um buraco leva à perda de controle. Neste caso, o risco de envolver mais veículos é significativo, se o carro que vem atrás não guardar distância mínima de aproximadamente 50 metros. Se você está a 100 quilômetros por hora, respeite ao menos dois segundos de distância em relação a quem vai à frente.
De acordo com ele, o estado da Tabaí-Canoas entre a ponte do Rio Caí (limite entre Nova Santa Rita e Montenegro) e o trevo de acesso a Montenegro, em Triunfo, no quilômetro 391,4, é bom. Contudo, rumo a Lajeado, até o quilômetro 384,5 — trecho agora sob a responsabilidade do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) —, foi realizada apenas uma operação com asfalto frio nos últimos dias. “É um reparo emergencial que dura pouco. O Daer nos disse que vai fazer um conserto melhor, em que se retira o asfalto deteriorado e se coloca um novo, mas sem previsão de data.”
O segmento da 386 entre a ponte do Caí e a BR-116, em Canoas, também exige maior cuidado, já que apresenta falhas no asfalto. “Desde domingo havia equipes do Dnit colocando asfalto frio nos buracos. Mas recursos para fazer recapeamento o órgão não tem. É uma situação de alerta, portanto se pede aos condutores maior precaução, reduzindo a velocidade, porque há buracos e isso pode gerar reações inesperadas de quem segue à frente”, enfatiza Reni.
Dnit só tem mais R$ 200 mil para este ano
Questionada se a manutenção da Tabaí-Canoas sofre alguma interrupção em consequência da falta de verbas, a autarquia informou que “a manutenção rotineira atualmente conta com 200 mil reais até o final do ano 2017, aguardando suplementação no valor ainda em 2017, e definição de qual orçamento será aprovado para 2018”.
A estimativa é de que seriam necessários mais R$ 100 milhões para o Dnit investir na malha federal até o final do ano, mas o Ministério do Planejamento já informou que não se cogita nenhuma suplementação de recursos. O valor máximo a que se poderia chegar é R$ 1,6 milhão — montante que estava previsto para 2017 e ainda não foi liberado.
A situação de cofres raspados no Dnit-RS poderá afetar também a recuperação da ponte sobre o Rio Caí, entre Montenegro e Nova Santa Rita, que está interditada desde 15 de outubro do ano passado. Sem dinheiro, os serviços não iniciarão neste ano, conforme previsto. “A licitação da ponte está com tramitação normal. Após a conclusão do processo licitatório, que deve ocorrer até o mês de dezembro/17, começará o processo de contratação, onde será necessário o orçamento para assinatura do contrato”, afirma a autarquia.
